O Rio Grande do Norte é uma das bases do Projeto Tamar no Brasil. No estado, o Tamar protege 42 km de praias do litoral sul, entre Natal e a divisa com a Paraíba. A área abrange em média 800 ninhos de tartarugas marinhas, mas nesta temporada de desova 2013/2014 foi registrado um recorde desde o início do projeto do estado em 2000: 956 ninhos. Em cada ninho, podem ser encontrados entre 120 a 140 ovos. Para comemorar a marca, o Tamar realizou ontem, na Via Costeira, em Natal, uma soltura de filhotes da tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), espécie criticamente ameaçada de extinção no Brasil e no Mundo. Aproveitei e levei os sobrinhos para acompanhar.
As 100 tartaruguinhas levadas para serem soltas na Via Costeira tinham nascido na Barreira do Inferno, uma das praias protegidas ao projeto Tamar. A soltura, no entanto, aconteceu ali para que a comunidade pudesse ter acesso, pois a Barreira não é uma praia frequentada. A ação do Tamar visa não só dá visibilidade ao trabalho do projeto, como também educar a população sobre a necessidade da preservação das tartarugas.
Antes da soltura, os integrantes do Tamar fazem uma breve explicação sobre o que será realizado, sobre a espécie da tartaruga e sobre suas chances de sobrevivência. De cada 1.000 tartaruguinhas que nascem, apenas 1 chegará a vida adulta.
As tartaruguinhas chegaram todas juntas em uma caixinha de isopor e o momento da soltura é emocionante. Em um espetáculo da natureza, elas se esforçam para chegar até o mar e encontrarem o seu lugar no Mundo. As crianças acompanham tudo com muita ansiedade e a vontade delas é de colocarem as tartarugas no mar sem que elas precisem fazer muito esforço. Mas aquele é só o começo. Depois dali, elas nadarão por mais sete dias até chegarem numa área mais protegida, ou seja, com menos predadores. E poderão nadar até encontrarem um lar, que pode ser, quem sabe, no Caribe ou no litoral do Uruguai.
Após 25 anos, elas voltarão ao mesmo lugar onde nasceram, com margem de erro de 5 km, para colocarem seus ovinhos e darem início a um novo ciclo.
No RN, o Tamar não tem uma sede de visitação como tem na Praia do Forte, na Bahia, que já visitei e contei neste post, apenas sedes de trabalhos e uma exposição permanente em Pipa, que fica no Santuário Ecológico. Para quem quiser acompanhar as solturas deve ficar atento as notícias do site do Tamar: http://www.tamar.org.br/
As praias protegidas no RN são a da Barreira do Inferno (Natal/Parnamirim), Malembá (Senador Georgino Avelino), Pipa e Sibaúma (Tibau do Sul), Barra do Cunhaú (Canguaretama) e Baía Formosa.
A temporada reprodutiva das tartarugas no RN inicia em novembro e acaba no mês de maio; os últimos ninhos nascem entre de julho e agosto. 98% dos ninhos registrados na área são da tartaruga-de-pente.
*Com informações do Projeto Tamar e do amigo Léo Carioca, integrante do projeto.