A cerca de 40 minutos de Lençóis fica a comunidade quilombola do Remanso. De lá, partem os passeios de barco a remo pelo Marimbus, conhecido como o Pantanal Nordestino. O passeio que inclui ainda o rio e a cachoeira do Roncador leva um dia inteiro e foi a nossa escolha para o terceiro dia da Chapada Diamantina. O nosso roteiro completo está no  post, Chapada Diamantina pela primeira vez: roteiro para 5 dias.

Para ir de Lençóis até Remanso, é só ir pela BA-144 até a entrada para a estrada de terra. Não tem nenhuma sinalização no caminho, a dica é pegar a entrada da placa “Bioenergia” e seguir sempre à direita. São 16km estrada de terra da pista até o Remanso.

As agências de turismo, normalmente, contratam os barcos e indicam “Fernando Barcos”. Mas logo que chegamos ao Remanso, e fomos pedir informação sobre onde ficava a casa de Fernando, encontramos Amaury, o Tatu. Ele estava construindo a casinha dele de alvenaria. Ainda hoje, ele mora com a mulher e os três filhos, em casa de taipa. Tatu nos disse que também fazia o passeio e, na mesma hora, resolvemos ir com ele. Antes, ele me disse para entrar na casa em construção para ver como estava ficando. Muito bonita, por sinal, construída com todo capricho. =)

Comunidade Remanso
Comunidade Remanso

No caminho até a sede da Associação de Pescadores de Remanso, ele nos contou que ele e a mulher tinham conseguido um empréstimo para construir a nova casa e, finalmente, iriam deixar a casa de taipa.

O barco para o passeio pelo Marimbus custa R$ 170 e cabem até 8 pessoas. Nós fomos em 3. Paga-se ainda uma taxa a Associação de Pescadores de Remanso, de R$ 5 por pessoa.

Marimbus
Marimbus

Conhecida como o Pantanal Nordestino, Marimbus é uma área alagada, repleta de plantas aquáticas, muitos pássaros e outros animais, como onças, veados e jacarés.

O passeio é feito de barco a remo, por 7km, o que leva em torno de 1h30, cada trecho.

Tatu, nosso guia
Tatu, nosso guia

Ao longo do passeio, Tatu vai dizendo o nome de cada pássaro e plantas e contando histórias sobre o Remanso e  sua infância. Ele nos disse que a comunidade do Remanso surgiu a partir de um quilombo e uma tribo indígena. “Quando os escravos chegaram aqui, já tinham índios. Então, todo mundo praticamente, é mistura de índio com africano”, nos disse.

Meu pai e Fred ajudando a remar
Meu pai e Fred ajudando a remar

Tatu nos disse que até uns 10 anos atrás não tinha nem energia na comunidade, que vem melhorando com o crescimento do turismo. “Antes todo mundo vivia de plantação, pesca e caça. Hoje nem pode mais caçar porque é área de proteção ambiental”, conta, acrescentando que tinha que ir a pé até Lençóis (quase 20 km), levando o que tinha pescado e colhido para vender na cidade.

Caminhada até o Roncador
Caminhada até o Roncador

Perguntei como tinha sido a infância, se ele tinha ido muito nos rios e cachoeiras da região. “Eu só conhecia aqui o Remanso e Lençóis. Desde pequeno tinha que trabalhar”, nos falou.

Mesmo com o trabalho com o turismo, a maioria continua plantando e pescando. “Só tem mais turista nessas épocas de fim de ano. São muitos barcos e nem sempre fazemos passeios”, disse.

Tatu tinha comprado o barco dele fazia pouco tempo. “Veio lá da região do rio São Francisco. Paguei R$ 1.500 no barco e mais R$ 1.500 para trazer”, ele nos disse.

Quando chegamos a um banco de areia, caminhamos por 2km, cerca de 15 minutos até o Rio Roncandor. No caminho, Tatu nos mostra um local com ruínas do que era uma senzala.

Chegamos até o Rio Roncador, numa área de piscininhas naturais e cachoeirinhas. “Chamam de Roncador por causa do barulho da água”, explicou Tatu.

Roncador
Roncador

Em volta, da cachoeira tinha uma família acampando. As crianças se divertiam descendo a queda d´água em colchões infláveis.

Depois do banho delicioso no Roncador, almoçamos em um restaurante próximo, que serve uma saborosa comida caseira preparada no forno à lenha. O buffet livre custa R$ 25 por pessoa, não inclui bebidas.  

Restaurante
Restaurante
Fogão à lenha do restaurante no Roncador
Fogão à lenha do restaurante no Roncador

A volta de barco leva mais 1h30. E, no final, fizemos uma paradinha no Remanso para conhecer a comunidade quilombola.

Remanso
Remanso

Quando desci do carro para fazer as fotos da igrejinha, logo chegaram três crianças, me pedindo para fazer fotos, gravar vídeos para depois elas se verem no celular. Trouxeram até o cachorro para fazer foto também. Ao final, pediram para eu voltar no dia seguinte para brincar com elas. <3

Quando deixamos Tatu, ele nos convidou para entrar na casa dele novamente, e desta vez, colheu várias frutas para nos dar. Voltamos com as mãos cheias! =)

Contatos de Amauri (Tatu):

(75) 99863.7348

(75) 99968.0037

*Valores de janeiro de 2017.

Leia outros posts sobre a Chapada Diamantina:

Chapada Diamantina: Roteiro – Rio Mucugezinho, Poço do Diabo, Morro do Pai Inácio e Pratinha

Chapada Diamantina: Roteiro- Cachoeira do Mosquito, Serrano e Cachoeirinha

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