Dois no Mundo: chegou a hora de fazer as malas pela última vez

Acordamos hoje às 4h50 da manhã colocamos as mochilas nas costas e seguimos para o aeroporto de Berlim. A nossa amiga alemã que nos recebeu por 3 dias em sua casa, Juli Boll, nos acompanhou até  a estação. No caminho de trem veio aquele aperto no coração. Na verdade eu estava assim já há uns dois dias e ontem ao fazer as malas não pude evitar o choro. Perdi as contas de quantas as vezes fizemos as mochilas durante nossa Volta ao Mundo, cada uma dessas vezes marcou uma despedida, mas nenhuma foi tão dolorosa porque em todas elas sabia que depois viriam novos lugares, novos encontros, novas pessoas.

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Missão cumprida: demos a Volta no Mundo! Mas a viagem continua

10h25 de viagem de Los Angeles a Londres e cruzamos o último oceano que faltava para alcançarmos a nossa linha de chegada. O sonho que um dia parecia impossível, enfim, foi realizado. Demos a volta completa no Mundo!!!

Até aqui foram 161 dias, 4 continentes, 11 países, cerca de 40 cidades. Viajamos de avião, ônibus, trem, barco, jeepney, carro… Ainda não parei para contar em quantas superfícies dormimos. Sim, porque nem sempre é uma cama que temos para o nosso descanso. Aprendemos a dizer Oi e Obrigado (a) em pelo menos sete línguas e já temos uma pequena coleção de cédulas e moedas. Os imãs, que são os únicos souvenires que compramos, já pesam na mochila.

As estatísticas, na verdade, são o que menos importam agora. Pois, o mais valioso de tudo isso, o que iremos levar para o resto de nossas vidas, é imensurável. Não há como medir a transformação pessoal pela qual estamos passando, as amizades que fizemos, a sensação de estar em lugares que nem em nossos sonhos mais audaciosos imaginávamos um dia estar. Não há como medir uma tarde de conversa fiada com crianças de Myanmar ou uma brincadeira na praia com crianças nas Filipinas. Não há como medir um bate papo com um monge budista no Camboja.

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Viagem à Cuba, por Gustavo Azeredo

Eu sei. Estou em dívida com vocês. Desde que partimos para a nossa Volta ao Mundo não consigo atualizar o blog com frequência. Mas espero que vocês entendam que é muita coisa acontecendo. Boas, é claro. E que mais cedo ou mais tarde, contarei tudo por aqui.

O destino tem sido generoso conosco. E as pessoas que temos conhecido neste semestre sabático têm tornado tudo ainda melhor. E não é só gente da estrada. Tenho mantido contato online com muita gente bacana. Pessoas que compartilham o mesmo amor pelas viagens, que vêm nos ajudando e incentivando muito.

Uma dessas pessoas é o Gustavo Azeredo, o Mineiro. Para falar a verdade nem sei bem como ele chegou até a mim, mas desde então, tem nos dado a maior força com a Volta ao Mundo.

Gustavo é um viajante irremediável. Viajou por 20 meses pelo Mundo, por 31 países e 141 cidades. Chegou há apenas 6 meses e em breve partirá para mais uma odisséia. Desta vez, viajará, durante quatro meses, por México, América Central e Flórida.

Durante sua Volta ao Mundo, Mineiro escreveu diários de viagem para amigos e familiares. Ele nos enviou seu relato de Cuba, país que mais o impressionou. Sou suspeita para falar, mas só de ler o texto já deu vontade de pegar um avião direto para a ilha, que já incluí na minha listinha que nunca acaba de próximos países.

Boa viagem!

Cuba por Gustavo Azeredo, o Mineiro

Entender e digerir Cuba é como ler Guimarães Rosa, é para ruminantes. Andar por Havana é uma viagem no tempo em meio a construções antigas e os famosos carros americanos da década de 50 circulam para todo lado. Diz-se haver em torno de 65 mil desses carros em Cuba, sendo que muitos deles estão em perfeito estado de conservação. Para se comprar um deles custa em torno de 10 mil dólares, mas não se pode tirá-los de Cuba, do contrário já não teria mais nenhum lá.

Carros da década de 50 circulam em Havana até hoje
Carros da década de 50 circulam em Havana até hoje

De longe, muitos de nós temos uma idéia formada de Cuba, que às vezes não passa nem perto da realidade. É um país que não se entende em uma viagem só, muito menos em 11 dias como foi o meu caso. Não obstante, tive muita sorte de conviver nesse curto período com uma variedade bem grande de pessoas e pontos de vista.

Alguns dados para deixar claro:

– Cuba é uma ditadura socialista (parece óbvio, mas ainda tem gente falando que é comunista).

– Os cubanos podem sim viajar para outro país, mas para isso necessitam de uma carta convite de alguém de fora de Cuba.
– A internet em Cuba ainda é por modem e telefone e é muuuuuito lenta. Custa caro ter uma licença para ter internet, mas muito cubano tem em casa. Quem aluga quarto oferece o serviço por 5 CUC (5 dólares) a hora.
– Che Guevara como já era de se imaginar é idolatrado em Cuba, existem faixas, cartazes e afins para todo lado com suas frases, e relatos dos seus feitos históricos.
– Xadrez é muito popular em Cuba e as pessoas jogam nas ruas a noite.
– Não existe pobreza como outros países e não ha pessoas vivendo nas ruas.

– O regime ainda é ditadura, embora algumas coisas estejam diferentes com o Raul Castro.

(da Wikipédia)

“(…)Cuba tem uma taxa de alfabetização de 99,8%,[6][7] uma taxa de mortalidade infantil inferior até mesmo à de alguns países desenvolvidos,[8] e uma expectativa de vida média de 77,64.[6] Em 2006, Cuba foi a única nação no mundo que recebeu a definição da WWF de desenvolvimento sustentável; ter uma pegada ecológica de menos de 1,8 hectares per capita e um Índice de Desenvolvimento Humano de mais de 0,8 em 2007.”

Estátua de Che Guevara, em Santa Clara
Estátua de Che Guevara, em Santa Clara

Bom, eu cheguei em Havana por volta das 20h30, o aeroporto é longe do centro e eu ainda não tinha nenhuma informação objetiva de como chegar ao hostel que eu havia reservado (único hostel em Havana).

Vi dois outros turistas na esteira para retirar a bagagem e fui puxar papo, já pensando em dividir o táxi até o centro.

Seus nomes eram: Ivan, um italiano de Nápoles e Vincent, neozelandês. Ambos bastante receptivos e gente finíssimas, ficamos conversando sobre o que seria Cuba, enquanto esperávamos pelas bagagens.

Depois de um tempo chegou a minha mochila e também a do Ivan, mas a mochila do Vincent extraviou, ficamos então tipo uma hora no aeroporto, até que ele desencanou, fez a queixa e pegamos o tal táxi.

Acabei não indo na para o hostel que havia reservado e segui junto com eles para uma casa particular que aluga quartos. Essa é uma maneira muito comum e barata de se hospedar em Cuba. As pessoas são autorizadas pelo governo a alugar quartos ou camas, como no caso do hostel e pagam uma taxa fixa ao governo que é de acordo com a quantidade de quartos ou camas alugados.

A moeda em Cuba funciona assim: existe o Peso Cubano e o CUC – Peso Cubano Convertível. Teoricamente, o CUC seria uma moeda para turistas enquanto o Peso Cubano para os cubanos, mas na pratica qualquer pessoa pode usar as 2 moedas e gastar a moeda que for mais conveniente na ocasião. Há alguns comércios que não podem trabalhar com Peso Cubano, e outros que não podem com CUC mas a maioria aceita os 2.

1 CUC vale 1 dólar americano e/ou 25 Pesos Cubanos.

Um profissional qualificado como um médico, professor universitário etc. tem em média um salário de 22 (vinte e dois) CUC por mês, o equivalente a 22 dólares e falarei disso mais abaixo.

Chegando à tal casa, havia uma cama disponível para mim, então fiquei por lá mesmo. Pagamos 10 dólares cada um pela noite, na casa de uma psicóloga de uns 55 anos.

Conversamos bastante com ela e foi legal já na primeira noite, ter uma visão de como são as coisas. Ela fez intercâmbio na Rússia, vive bem tranquila em Havana e está de acordo com o sistema que o país segue. Já o filho dela de 26 anos, que também estava lá, não está tão feliz assim com o sistema.

Passamos a noite toda conversando. Já bem tarde o rum acabou e fomos à rua comprar mais. Em plena madrugada tivemos uma impressão do que é a segurança em Cuba. O país é 99,7% seguro para turistas. Pude comprovar isso nos outros dias caminhando sozinho pelas outras cidades em plena madrugada, com minha câmera nas mãos tirando fotos pra todo lado.

O que faz esse país ser seguro para turistas? Cuba tinha um apoio enorme da ex União Soviética, que quando se dissolveu deixou o país meio na mão. Quem suporta o país hoje é o turismo, então a polícia é bem atuante e dura nesse sentido.

Se um cubano se envolver em uma briga ou qualquer confusão com um turista, ele vai ter problemas sérios, que podem até se estender à sua família. O que é um ponto fraco em minha opinião.

Para ilustrar, estávamos o italiano, o neozelandês e eu caminhando à noite e conhecemos uma alemã que namora um cubano. Estávamos conversando os 5 quando uma viatura parou, desceram 2 policiais, pegaram a identidade do cubano, ligaram pra central da polícia e passaram todos os dados dele. Depois falaram para ele: “temos todos os seus dados, se alguma coisa acontecer a qualquer um deles, nos iremos atrás de você”.

Essa situação é muito chata, faz com que muitos cubanos não falem com turistas. Alguns evitam contato com outras pessoas para não ter problemas e embora torne o país seguro para turistas, é muito opressor.

A despeito disso conversei com vários cubanos e cubanas em vários lugares e foi muito, muito interessante.

Um outro ponto negativo e bem latente em Cuba é a situação das mulheres. É muito grande o número de mulheres em Cuba que faz programa com turistas. Elas não são ”prostitutas profissionais” por assim dizer. Elas não fazem programas com Cubanos, só com turistas.

É uma maneira de ganhar dinheiro. Um programa gira em torno de 30 CUC. Lembre-se que um médico ganha 22 por mês.

Acontece muito de você estar em um bar e ser assediado por essas mulheres, que lá são chamadas de Gineteiras.

"No prostituicion, si sexo grátis"
“No prostituicion, si al sexo gratis”

Tirando as coisas ruins, só coisa boa.

Um beneficio totalmente grátis em Cuba é a saúde. Qualquer exame médico, por sofisticado e caro que possa ser, será feito no mesmo dia ou o mais rápido possível e sem nenhum custo para o paciente. Os remédios e todo o acompanhamento médico também saem de graça.

Cuba tem também um incentivo à educação muito forte, basicamente quem quiser fazer faculdade terá uma boa universidade para estudar e totalmente grátis. As opções de cultura também são inúmeras e muito baratas. Um cinema custa 2 Pesos Cubanos ou R$0,15 (quinze centavos de real). Teatro é o mesmo preço. Escola é grátis, faculdade grátis, etc. Esse benefício de estudo também se estende para estrangeiros, conheci umas mulheres do Uruguai estudando lá, e também alguns brasileiros, que foram parar lá através de contatos com o MST.

As uruguaias foram as que tive mais contato e elas me contaram bastante sobre o que é viver em Cuba e também a visão de quem vem de fora e mora lá.

Cuba é um pais muito fértil em música, vê-se muita gente na rua tocando muito bem vários instrumentos. Ouve-se vários estilos mas o ponto forte mesmo é a salsa, seguido pelo jazz.

Passei por praticamente todo o Caribe nessa viagem, e não vi ninguém tocar, muito menos dançar, salsa como os cubanos. Eles movem partes do corpo que eu nem sabia que eram desconectadas. As mulheres são bonitas e sensuais demais, dançando então, nossa senhora.

Lá você também vê que Buena Vista Social Club é muito bom mesmo, mas é apenas mais um, e que ha vários outros tão bons quanto ou até melhores.

Nos finais de semana à noite pela Malecon (avenida beira-mar) as pessoas param no calçadão e ficam por ali bebendo, conversando e tocando instrumentos, cantando, dançando e socializando. Vêem-se grupos que seguramente tem formação erudita tocando pelas ruas na maior alegria.

No geral os cubanos são bem alegres e se parecem muito com nós brasileiros. Despreocupados, festeiros, são bem curiosos a respeito do Brasil. Eles tem uma vida simples, tudo que é primeira necessidade é provido pelo governo, mas qualquer supérfluo é bastante difícil de se conseguir.

Passamos 3 dias pela capital conhecendo lugares e pessoas fantásticas. Mudamos de hospedagem para uma mais perto da Malecon e lá ficou mais fácil da gente se locomover. Um ônibus local custa R$0,05, mas a gente pegou uma vez só. Andamos bastante a pé pelas ruas de Havana.

Ônibus americano em Havana
Ônibus americano em Havana

A cidade é bonita e parece que está em ruínas, o que a deixa mais charmosa.

Havana
Prédios antigos dão charme a Havana

Nessa minha rápida viagem eu passei pelas cidades de:

Havana, capital, maior cidade, orla muito bonita, carros antigos para todo lado, muita cultura, festas e é o coração de Cuba. É de longe a mais importante, a mais bonita e a mais intensa. A cidade respira até hoje a revolução e as Casas de la Música são fantásticas com shows excepcionais. Sem falar na vista da Malecon, com as ondas invadindo a rua que é maravilhosa.

Malecon, orla de Havana
Malecon, orla de Havana

Matanzas, cidade interessante, tem muita coisa de folclore afro-cubano e é a porta de entrada para Varadero, considerada uma das praias mais bonitas do mundo.

Matanzas
Pôr do Sol em Matanzas

Santa Clara, o santuário de Che Guevara. Aí estão seus restos mortais, museus, além de ser uma cidade universitária bem interessante com vida noturna bem intensa voltada para atividades culturais.

Imagem de Che Guevara nas ruas de Santa Clara
Imagem de Che Guevara nas ruas de Santa Clara

Cienfuegos, cidade muito bonita e por lá se vê cubanos com bastante dinheiro. Vi uma marina com veleiros bem consideráveis com bandeirinha cubana. Tem iate clube, jockey, etc.

Cidade de Cienfuegos
Cidade de Cienfuegos

Em toda casa que fiquei hospedado tinha uma estrutura bem razoável; o quarto era suíte, tinha ventilador/ar condicionado e era bem limpo e seguro. Tinham internet disponível por  5 CUC a hora, tv LCD, etc.

Pelo que entendi, eles tem que seguir certos padrões de serviço. A casa tem um controle grande do governo e um adesivo na porta indicando que ela está credenciada a alugar quarto ou cama.

Pode se ver uma diferença enorme em Cuba entre pessoas que alugam quarto para estrangeiro e quem não aluga.

Quem aluga tem uma renda muito maior porque geralmente é 10, 12 dólares por pessoa por noite.

Imagino que paguem muito imposto sobre isso, mas certamente sobra muito mais dinheiro e se quem vive lá com 22 dólares ao mês consegue, pra quem aluga então deve ganhar umas 10 vezes isso.

Tem um lado não tão glamouroso nisso. Eu vi engenheiros que abandonaram o trabalho para ficar em casa alugando quarto.

Conheci também um neurocirurgião que dava aula na faculdade de medicina, mas abandonou e hoje vive de alugar quartos em sua casa.

Havia também outros e claramente não é saudável para um país quando muitas pessoas qualificadas abandonam suas profissões de origem em busca de uma outra mais rentável.

E a tendência é cada vez mais acontecer isso, vi mais pessoas arrumando suas casas, para se enquadrarem no perfil e poder alugar quartos para turistas e ganhar muito mais dinheiro.

Com o tempo pode acontecer das pessoas não mais se dedicarem ao estudo e em vez disso construirem mais quartos porque dá muito mais dinheiro.

Quando digo que ainda não digeri, é porque não sei o que pensar por exemplo a respeito de ser pobre no Brasil se é melhor. Pela liberdade sim, sem sombra de duvidas, e também pela possibilidade de se mudar de classe social. Mas uma pessoa pobre no Brasil que pensa em fazer faculdade de medicina por exemplo, vai penar e muito para pagar. Se precisar de um mega exame na saúde publica então, esquece, enquanto em Cuba se faz até transplante de graça.

Por outro lado, se um cubano quiser conhecer um outro país, ele não terá um impedimento legal mas em condições normais ele jamais terá dinheiro para comprar a passagem e se manter fora de Cuba.

Conversei com alguns cubanos mais jovens e o sonho deles é viajar, conhecer outros lugares e pela falta de dinheiro não é possível.

Por último, vou contar uma grande experiência que eu tive lá.

Caminhando pelas ruas de Havana um dia com o italiano e o neozelandês, notei uma mulher tentando passar por nós, eu dei passagem ela sorriu e agradeceu em inglês, caminhou mais 2 metros, olhou pra trás e sorriu de novo.

Ela foi simpática, então caminhei até ela e puxei papo. Conversamos um pouco em inglês e perguntei de onde ela era. Ela respondeu que era de Havana mesmo. À partir daí começamos a conversar em espanhol.

28 anos, mulher muito gente boa, simpática e é professora de filosofia na Universidad de Havana. Fomos conversando um pouco mas ela tinha que ir, então me deu o telefone para que combinássemos algo depois.

No dia seguinte liguei para ela e combinamos de encontrar perto da Universidade. De lá saímos conversando passando por toda a orla de Havana. Fomos a cafés e museus, igrejas e ela me contando bastante como era a vida em Cuba e o que ela ouvia dos alunos em suas aspirações.

No meio da conversa, ela me contou que o pai é diplomata e estava trabalhando no Quênia mas acabara de voltar para Cuba. Esse dia foi bem longo e proveitoso, aprendi um monte de coisa sobre Cuba, inclusive algumas coisas insider.

Seguindo a linha, um diplomata ganha em torno de 25 CUC por mês. Mas tem um monte de ajudas de custo e incentivos.

Ela pareceu ter mais dinheiro que a média, pude ver isso pelo celular Samsung Galaxy dela, e também pelo laptop Sony Vaio. Ela ainda fez mestrado na Alemanha e passeou por uns 2 ou 3 países pela Europa. Não entrei no detalhe de como fez isso não, mas tem famílias cubanas com dinheiro também, e a dela parece ser o caso.

Cuba foi de longe o lugar que mais me impressionou nessa viagem. Recomendo muitíssimo uma visita ao país, e que definitivamente se hospede nas casas de família, onde poderá conversar com a gente de lá e ter uma visão mais autêntica do país.
Hospedar-se em um hotel vai ser apenas mais do mesmo.

Sigo pensando a respeito, tentando digerir o que é o pais de verdade. Ainda vai levar um bom tempo, mas como todo lugar, tem muita gente que apoia o sistema fervorosamente e muita gente também que não suporta mais e tudo que quer é que o sistema mude, ou sair de lá.

Temo que nos próximos 7 anos venha a ter uma Hard Rock Café Havana e/ou Starbucks.

Tomara que não.


10 motivos para viajar para o Sudeste Asiático

Dos sete meses de nossa Volta ao Mundo, dedicamos três para viajar pelo Sudeste Asiático. Durante quase 90 dias, visitamos sete dos dez países que formam a região: Cingapura, Filipinas, Malásia, Tailândia, Myanmar, Camboja e Indonésia. Ficaram de fora apenas Laos, Vietnã e Brunei, que esperamos conhecer em outra oportunidade.

Foram dias incríveis em que conhecemos paisagens belíssimas, praias,  montanhas e grandes cidades. Vivenciamos culturas diversas, encontramos pessoas muito especiais pelo caminho e aprendemos muito, não só sobre história, cultura, geografia,política, mas também sobre a vida.

Hoje nos despedimos do Sudeste Asiático com o coração partido, mas com esperança de que um dia voltaremos para revisitar lugares por quais nos apaixonamos, conhecer outros novos  e viver mais dias inesquecíveis.

Foi tudo tão especial que eu poderia listar uma série de motivos que nos fizeram amar o Sudeste Asiático, mas vou me ater a dez deles para convencer a vocês a viajarem para esses países tão especiais. Continue reading 10 motivos para viajar para o Sudeste Asiático


Terraços de arroz de Banaue, Filipinas

Por duas vezes perdemos o ônibus para Banaue, onde ficam os famosos terraços de arroz filipinos. Por esta razão, tivemos que viajar para um outra cidade, Bontoc. Levamos um dia inteiro viajando de ônibus por cenários impossíveis de descrever. Subimos tanto as montanhas até alcançarmos as nuvens. E não é que tem gente que mora praticamente no céu. É impressionante a capacidade do ser humano de adaptação. Nas montanhas são esculpidas escadas para viabilizar, onde parecia improvável, a agricultura, que é a principal atividade da região.

Chegamos tarde demais em Bontoc e só pudemos seguir para Banaue na manhã seguinte. Com um dia de atraso, tínhamos apenas um dia para explorar os terraços, o que normalmente é feito em dois ou três dias.

Como estávamos apenas em dois, tivemos que subir de triciclo até um certo ponto e depois tivemos que seguir caminhando, 1 hora de subida e 1 hora de descida pelas montanhas até chegarmos aos terraços de arroz de Batad.

Montanhas de Banaue
Montanhas de Banaue

As plantações de arroz existem há 2 mil anos em Batad e formam uma linda paisagem que lembram pirâmides de um verde incomum. Toda a plantação é exclusivamente para abastecimento da própria vila, onde vivem 1.500 pessoas.

Na metade da trilha para os terraços. Batad está lá em baixo
Na metade da trilha para os terraços. Batad está lá em baixo

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Dois no Mundo: 2 meses de viagem e o blog volta a ser atualizado

Esta semana fez dois meses que colocamos o pé na estrada. Quando deixamos o Brasil, um dos meus planos, era manter o blog sempre atualizado. Mas se tem uma coisa que aprendemos nessa Volta ao Mundo é aceitar que nem tudo sai como planejado.

Agora vocês podem nos achar no mapa e continuar acompanhando nossa viagem!
Agora vocês podem nos achar no mapa e continuar acompanhando nossa viagem!

No começo, em Londres e Cingapura, tinha internet rápida e disponível o tempo todo. Nas Filipinas, fomos as lugares que sequer tinham energia o dia todo, na Malásia e Tailândia não sei por quê o blog era bloqueado. E em Myanmar eu sequer puderia citar que era jornalista. E eis que finalmente chego ao Camboja, o blog está desbloqueado, a internet é free e rápida e está chovendo lá fora. Então, finalmente o Compartilhe Viagens volta ao normal. Continue reading Dois no Mundo: 2 meses de viagem e o blog volta a ser atualizado


Mt Pinatubo (Filipinas): na cratera do vulcão

Há 87 km de Manila, capital das Filipinas, fica o Mount Pinatubo, um vulcão que teve a última erupção em 1991. Aliás, até aquele ano, os filipinos acreditavam que o Pinatubo era apenas uma montanha como muitas na região. Mas o vulcão se apresentou da pior maneira possível, com uma inesperada explosão que cuspiu mais de dez bilhões de toneladas de poeira, que alcançou o espaço. Em pouco tempo, mais de 60 mil pessoas tiveram que sair de suas casas em um raio de 30 km e 847 morreram.

A erupção do Pinatubo foi considerada a segunda maior do século 20 e a previsão é de que uma nova explosão só aconteça dentro de 100 anos, por isso, a visita ao vulcão é permitida.

Viajamos 2 horas de ônibus de Manila até Capas e logo que chegamos à cidade, ainda de madrugada, fomos recebidos pela a empresa que realiza o passeio no Pinatubo. Para chegar até a base do vulcão, pegamos um jeep por mais 2 horas por entre as montanhas que foram criadas pela erupção, onde antes havia uma floresta. Continue reading Mt Pinatubo (Filipinas): na cratera do vulcão


Nas Filipinas me senti em casa

A nossa Volta ao Mundo começou de fato nas Filipinas. Pois, viajar por países desenvolvidos, como Inglaterra e Cingapura, por onde passamos antes, é muito fácil, afinal tudo funciona. Mas é nos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimentos que nos aprimoramos na arte de viajar.

Em 18 dias no país, entre meados de abril e início de maio, viajamos de avião, barco, ônibus, van, jeepney (jeep customizado que serve de micro-ônibus) e triciclo. Não foi fácil, os transportes não saiam no horário; uma viagem que poderia durar 8 horas acabava em 11 horas; em uma das vezes o ônibus quebrou, em outra, tivemos que pedir carona e até ganhei um ´galo´ na cabeça de tanto sacolejar em um ônibus, enquanto tentava tirar um cochilo. Mas, mesmo com todas as dificuldades, nas Filipinas nos sentimos em casa.

Viajando de jeepney! Essa folga toda é só na hora que todo mundo desce para comprar comida!
Viajando de jeepney! Essa folga toda é só na hora que todo mundo desce para comprar comida!

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