Há 87 km de Manila, capital das Filipinas, fica o Mount Pinatubo, um vulcão que teve a última erupção em 1991. Aliás, até aquele ano, os filipinos acreditavam que o Pinatubo era apenas uma montanha como muitas na região. Mas o vulcão se apresentou da pior maneira possível, com uma inesperada explosão que cuspiu mais de dez bilhões de toneladas de poeira, que alcançou o espaço. Em pouco tempo, mais de 60 mil pessoas tiveram que sair de suas casas em um raio de 30 km e 847 morreram.

A erupção do Pinatubo foi considerada a segunda maior do século 20 e a previsão é de que uma nova explosão só aconteça dentro de 100 anos, por isso, a visita ao vulcão é permitida.

Viajamos 2 horas de ônibus de Manila até Capas e logo que chegamos à cidade, ainda de madrugada, fomos recebidos pela a empresa que realiza o passeio no Pinatubo. Para chegar até a base do vulcão, pegamos um jeep por mais 2 horas por entre as montanhas que foram criadas pela erupção, onde antes havia uma floresta.

No jeep que nos levou até o início da trilha
No jeep que nos levou até o início da trilha

A área ao redor do Pinatubo é habitada apenas pelos Aetas, que são o povo indígena das Filipinas. Hoje, 150 famílias moram em uma vila na extrema pobreza e vivem apenas da caça, que até pouco tempo era feita com arco e flecha, e da agricultura de subsistência.

Nosso guia no passeio, o jovem Albert, de 19 anos, nos explicou que todos os mortos na erupção de 1991 eram Aetas que se esconderam em cavernas.  Segundo nos disse, os que fugiram para a cidade passaram a mendigar, pois não sabiam sequer falar a língua local. Depois de um tempo acabaram voltando e recomeçando a vida em volta do Pinatubo.

Albert nos contou que sonha um dia se tornar político. Perguntamos a ele se com isso ele queria ficar rico, mas ele nos respondeu que gostaria apenas de ajudar o povo Aeta.

Fred com nosso guia Albert
Fred com nosso guia Albert

E logo pudemos entender completamente o seu desejo. Antes de chegar até a base do vulcão, fizemos uma rápida parada em uma feirinha muito simples, onde algumas mulheres Aetas vendiam frutas, acompanhadas de crianças. Como não tínhamos levado nada de especial, distribuímos alguns chocolates entre as crianças, que demonstraram sua alegria com sorrisos tímidos. Mas o que elas gostam mesmo é de fazer fotos com turistas e, é claro, não poderíamos sair sem a nossa.

Com as crianças Aetas
Com as crianças Aetas
Mulheres Aetas lavando roupas nos riachos ao redor do Pinatubo
Mulheres Aetas lavando roupas nos riachos ao redor do Pinatubo

Seguimos a caminhada de 2 horas até chegarmos à cratera do Pinatubo, Estávamos 1.400 metros acima do mar, mas a falta de fôlego era causada apenas pela a euforia de estar em um lugar tão incrível.

A trilha até a cratera do vulcão dura em média 2 horas
A trilha até a cratera do vulcão dura em média 2 horas

A cratera do vulcão é, na verdade, um grande lago esverdeado. Infelizmente, o banho foi proibido, após a morte de um turista. Além disso, a profundidade do lago é desconhecida e a água é contaminada por enxofre. Mas já estávamos satisfeitos em poder molhar os pés depois da longa caminhada.

Na cratera do Mt Pinatubo
Na cratera do Mt Pinatubo

Na descida do vulcão, plantamos uma árvore para simbolizar nossa visita.

E na volta para Capas, paramos novamente na feirinha e sem dizer nenhuma palavra, uma mulher Aeta se aproximou do nosso jeep e nos ofereceu uma pequena penca de bananas. Perguntamos ao guia se ela queria nos vender, ele respondeu que era um presente. Nunca iremos esquecer o olhar daquela mulher que nos deu tudo que tinha.

Sobre o passeio:

Para fazer o passeio no Mt Pinatubo é necessário contratar uma empresa especializada. Nós fizemos o passeio com a Pinaykey Point e custou 7.500 Pesos Filipinos, algo em torno de R$ 370 para os dois e incluiu o jeep até o início da trilha, motorista e guia, almoço e barraca para descanso na cratera do vulcão. O ônibus de Manila para Capas não está incluso.

Foi o passeio mais caro que fizemos em nossa viagem até agora, mas valeu muito a pena. Um detalhe é que se estivéssemos em um grupo maior, o valor teria sido reduzido.Fizemos todo o contato com a empresa pela internet e conseguimos a reserva um dia antes, mas a procura pela trilha no vulcão é grande. Há também outras empresas que atuam no vulcão, mas não tenho informações sobre elas.

*Texto publicado no jornal Tribuna do Norte com acréscimo  para o Compartilhe Viagens.



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