Por duas vezes perdemos o ônibus para Banaue, onde ficam os famosos terraços de arroz filipinos. Por esta razão, tivemos que viajar para um outra cidade, Bontoc. Levamos um dia inteiro viajando de ônibus por cenários impossíveis de descrever. Subimos tanto as montanhas até alcançarmos as nuvens. E não é que tem gente que mora praticamente no céu. É impressionante a capacidade do ser humano de adaptação. Nas montanhas são esculpidas escadas para viabilizar, onde parecia improvável, a agricultura, que é a principal atividade da região.

Chegamos tarde demais em Bontoc e só pudemos seguir para Banaue na manhã seguinte. Com um dia de atraso, tínhamos apenas um dia para explorar os terraços, o que normalmente é feito em dois ou três dias.

Como estávamos apenas em dois, tivemos que subir de triciclo até um certo ponto e depois tivemos que seguir caminhando, 1 hora de subida e 1 hora de descida pelas montanhas até chegarmos aos terraços de arroz de Batad.

Montanhas de Banaue
Montanhas de Banaue

As plantações de arroz existem há 2 mil anos em Batad e formam uma linda paisagem que lembram pirâmides de um verde incomum. Toda a plantação é exclusivamente para abastecimento da própria vila, onde vivem 1.500 pessoas.

Na metade da trilha para os terraços. Batad está lá em baixo
Na metade da trilha para os terraços. Batad está lá em baixo

Sem tempo para descanso, contratamos um guia local para nos levar até a cachoeira, o que levaria mais 1 hora de caminhada. Vicente parecia um mestre de kung fu, levitando sobre os obstáculos, enquanto sofríamos com as mochilas de 3kg nas costas, o sol forte e com a trilha que era feita entre as plantações.

Entre os campos de arroz com nosso guia Vicente
Entre os campos de arroz com nosso guia Vicente

No caminho, todos os turistas que retornavam desejavam “boa sorte”. E íamos precisar. Depois de 30 minutos, a descida começa a ser feita por uma interminável escada construída com pedras e a altura de pelo menos uns 30 metros, sem espaço para um escorregão.

Com muito custo, chegamos a cachoeira de Batad, que de tão linda vale a pena o esforço. O banho congelante veio a calhar no sol escaldante. A volta, no entanto, seria ainda mais dolorosa. Se descer os degraus já tinha sido difícil, subir então foi de fato um sacrifício. Na metade das escadas, tive uma crise de falta de ar, da qual só me recuperei depois de muita água.

Cachoeira de Batad vale o esforço
Cachoeira de Batad vale o esforço

Mas vencer as escadas não era o suficiente, pois ainda faltavam mais 1h30 de subida e 1h de descida. Para completar, estávamos completamente atrasados, pois tínhamos passagens de ônibus de volta compradas e voo no dia seguinte.

Vicente nos contou um pouco sobre o povo de Batad. E nos explicou que na vila funciona um sistema semelhante ao de castas. E por ele estar entre os mais pobres, não tem terra para plantar arroz e, por isso, não consegue casar. Mas aos 50 anos, ele diz que ainda não perdeu as esperanças.

Terraços de arroz de Batad, uma das mais belas paisagens das Filipinas
Terraços de arroz de Batad, uma das mais belas paisagens das Filipinas

Quanto a nós, só tínhamos um jeito de chegarmos a tempo a Banauê, se conseguíssemos uma carona, o que reduziria em 1 hora de descida o trajeto. Vicente convenceu um grupo de Filipinos a nos ajudar. Mas havia um problema, eles andavam rápido demais e nós devagar demais.

Aproveitamos que eles pararam para comer e seguimos o percurso sem descanso. De tão exaustivo, pedimos a Deus para acabar logo aquela situação. Ainda bem que Ele ouviu a nossa prece, conseguimos chegar a tempo e ainda contamos com a solidariedade do povo filipino, de uma família, que sem ao menos saber o nosso nome nos ajudou.

Na volta para Manila, com onze horas de viagem, o ônibus ainda quebrou. Mas não podíamos reclamar, pois depois de um longo dia, estava tudo bem.

Sobrevivemos aos terraços de arroz de Batad!
Sobrevivemos aos terraços de arroz de Batad!

Faça o que eu digo, não faça o que eu faço!!

Nossa experiência em Banaue foi muito cansativa (para não dizer que foi uma loucura), pois como não tínhamos nenhuma informação sobre o lugar, tomamos decisões erradas.

Então, seguem as dicas para que você possa aproveitar melhor o tempo nas montanhas das Filipinas e admirar com calma os lindos terraços de arroz.

1- Reserve pelo menos 3 dias para Banaue. A região conta com vários terraços de arroz, então, com tempo será possível visitar mais de um.

2- O ônibus de Manila para Banaue só sai em horário noturno. A viagem demora entre 8 a 10 horas, mas não conte com isso, o transporte nas Filipinas não é confiável. A passagem sai em torno de 900 pesos filipinos.

3- Para ir até os terraços de arroz há duas opções: jeepney, normalmente para grupos, ou triciclo. Não queira economizar nesse item e vá de transporte o mais longe possível, pois caminhar pelos terraços é muito cansativo.

4- Os terraços de Batad são lindíssimos, mas a caminhada até a cachoeira é exaustiva. Só encare se tiver preparo físico (eu tive uma crise de cansaço e fiquei com falta de ar!).

5- Você pode escolher entre se hospedar na cidade, Banaue, ou no vilarejo, no caso de Batad. Apesar de ser tudo muito simples, eu escolheria a segunda opção.

6- Se quiser um guia, contrate diretamente em Batad. Um local irá explicar melhor como funciona o vilarejo e as plantações milenares.

7- Não esqueça de beber muita água e de caprichar no protetor solar!

8- Se sobreviver a tudo, pode comprar uma camiseta na vila com a inscrição ‘I survived the rice terraces of Batad’.

 

 


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