A primeira viagem da minha vida, ou pelo menos, a primeira da qual eu tenho lembrança, foi por volta dos 4 ou 5 anos, de carro, de Natal até Salvador. Fomos meus pais, minha irmã e meu irmão, minha vó paterna e eu (naquele tempo não tinha tantas regras de trânsito! hehe). Todo mundo em um Uno. E vocês não imaginam o tanto de coisa que meus pais trouxeram na volta: tinha de carranca, berimbau a conjunto de jarros de cerâmica (isso do que me lembro), só Deus sabe como coube tudo no carro! haha
Já fazia alguns anos que queria refazer essa viagem de carro do Rio Grande do Norte à Bahia, não exatamente a mesma rota, até porque não podia me lembrar de tudo, mas visitando alguns destinos que há muitos anos estavam na minha “wish list”: Chapada Diamantina, Cânions do São Francisco, Morro de São Paulo, Ilha de Boipeba, entre outros. O plano era o seguinte: íamos apenas Fred e eu, dia 26 de dezembro e voltaríamos dia 13 de janeiro. Meu pai já tinha dito várias vezes que queria ir, mas pensava que era brincadeira dele e que ele não poderia por ser mês de dezembro e janeiro (como ele é guia de turismo, é a época que ele trabalha mais), por serem muitos dias e, também, porque íamos fazer muitas trilhas.
Saímos, então, dia 26, somente Fred e eu. Nos despedimos de todos, desejamos feliz Ano Novo, combinei com minha prima de Recife, que iria dormir naquela noite na casa dela. Mais ou menos 1h30 de viagem, quando chegamos no quilômetro zero da BR 101 na Paraíba, o carro simplesmente, acendeu a luz de motor e parou de funcionar. =(
Fiquei sem acreditar! Haha Anos sonhando com essa viagem, dias de planejamento, reservas feitas, e agora? Acionamos o seguro, chamamos o guincho (voltei no caminhão e realizei mais um sonho – o de viajar num caminhão!haha) e deixamos o carro na oficina. Dormimos mais uma noite em casa e no dia seguinte despertei às 5h, morrendo de ansiedade e crente que o carro ficaria pronto às 7h30! Antes das 8h já estávamos na oficina. Uma hora depois, meu pai liga: – Ainda estão na oficina? Estou indo praí.
Ele chegou, passou 1h, passou 2h e nada do carro ficar pronto, foi aí que falei: – Se quiser ir mesmo, resolva logo, que assim que o carro ficar pronto, vamos. Em meia hora, meu pai e minha mãe eram os novos tripulantes da viagem. Para isso, meu pai teve que pedir folga no trabalho, perder fisioterapia; e minha mãe, teve que refazer a escala de cuidados da minha avó de 95 anos!
Novos tripulantes, mas nada do carro ficar pronto. O meu prazo final era 16h. Deu 15h30 e nada do carro ficar pronto. Decidimos ir no carro dos meus pais, que além de não ter sido revisado para a viagem, é 1.0 (o nosso é 2.0). Fomos nele até a oficina, apenas para pegar as nossas malas, que estavam no nosso carro. Quando já estávamos partindo para a estrada, nosso carro pegou! Hahaah
Pensa numa novela! Com a garantia do mecânico, fomos no nosso mesmo. E não é que o carrinho aguentou 4.400 km de estrada, sem dar mais nenhum problema, sequer secar um pneu!
Com a mudança da partida e os novos tripulantes, fizemos algumas pequenas alterações no roteiro, mas quase tudo foi mantido. Meus pais aguentaram o nosso ritmo frenético de viajar e toparam tudo: trilhas na Chapada Diamantina, passeios de lancha com emoção em Morro de São Paulo e Boipeba, mais trilhas e passeios no rio São Francisco… Foram uns guerreiros (e minha mãe tem até marcas da viagem, né mãe?!).
Bom, agora que contei para vocês sobre a novela do carro e como meus pais entraram “de gaiatos no navio”, ops, foram com a gente nessa viagem, vou compartilhar o nosso roteiro (com as mudanças), hospedagens e principais custos. Esse é o primeiro post, da série que irei publicar sobre essa viagem incrível, por lugares belíssimos do Nordeste brasileiro.
Roteiro, hospedagem e principais custos
Em 18 dias de viagem, percorremos 4.400 km, partindo e regressando à Natal, no Rio Grande do Norte. Por serem estados mais próximos, conhecemos melhor a Paraíba e Pernambuco, por isso, priorizamos Alagoas, Sergipe e Bahia.
Devido ao atraso com o conserto do carro, saímos no primeiro dia já, por volta das 16h, então, tive que mudar o início e o fim da rota. Antes, iríamos primeiro para Recife e o Rio São Francisco e o final seria em São Miguel dos Milagres. Com a mudança ficou assim:
Porto de Galinhas, Pernambuco (1 noite)
Hospedagem: Pousada Mangueville
Para uma noite, ficamos em um quarto quádruplo. A pousada é bem organizada, os quartos têm ar condicionado, tv, banheiro com chuveiro elétrico, armários para as malas, as camas são confortáveis e as roupas de cama limpinhas. O café da manhã é bem gostoso e farto e o proprietário bem atencioso. Tem piscina também. A pousada é mais recomendável para quem está de carro, pois fica a uns 2km da praia, o que dá um pouco mais de 20 minutos de caminhada.
Preço da diária que pagamos no quarto quádruplo: R$ 200
Ilha de Santo Aleixo, Pernambuco (passeio de um dia) => depois seguimos viagem para Aracaju
Já escrevi sobre esse paraíso e como foi o passeio neste post:
Este passeio custa R$ 60 por pessoa, mas fomos convidados pela Monteiro´s Tour.
Aracaju, Sergipe (1 noite, apenas para dormir)
Hospedagem: Pousada São Luiz
Como queríamos apenas uma pousada para passar a noite antes de voltarmos para a estrada, não precisava ser próximo da praia, mas sim da nossa rota. Essa pousada é simples, mas também oferece o necessário: wi fi, ar condicionado, tv, chuveiro elétrico, estacionamento coberto e um delicioso café da manhã.
Preço da diária que pagamos no quarto duplo: R$ 110
Lençóis, Chapada Diamantina, Bahia (5 noites)
Hospedagem: Hi Hostel Chapada Suítes
Como queríamos passar o reveillon na Chapada Diamantina, já tínhamos reserva com antecedência, antes de saber que meus pais iriam. Depois que eles resolveram ir, pedimos um quarto a mais. Em Lençóis tem dois Hi Hostel, o que ficamos foi o Suítes, que tem opção de quartos para casal com banheiro privativo e também quartos compartilhados.
Como disse, os quartos têm banheiros privativos, ar condicionado, ventilador, chuveiro elétrico, tv, armários. E o café da manhã tem frutas, pães, queijos, sucos, café. É mais simples do que os servidos nas pousadas, mas é o suficiente. O hostel também tem uma cozinha que pode ser utilizada pelos hóspedes. O ponto alto deste HI é a localização excelente, quase em frente a rua da Baderna, e bem próximo ao palco da festa de Reveillon. Também uma das proprietárias, Fernanda, que é uma simpatia, nos ajudou bastante a organizar o nosso roteiro na Chapada.
Preço da diária que pagamos no quarto duplo, incluindo, período de Réveillon: R$ 170.
Custos dos passeios na Chapada:
Trilha para o Morro do Pai Inácio – R$ 6 por pessoa
Pratinha – R$ 30 por pessoa + R$ 40 para flutuação.
Cachoeira do Mosquito – R$ 15 por pessoa
Marimbus – Barco R$ 170 + R$ 5 por pessoa pela taxa para Associação de Pescadores do Remanso
Cachoeira do Buracão – R$ 100 (guia) + R$ 6 por pessoa pela taxa de entrada
Poço Azul – R$ 30 por pessoa
Para irmos de Lençóis para Morro de São Paulo, estacionamos o carro no Atracadouro Bom Jardim. Pagamos R$ 70 por 5 noites e R$ 17 por pessoa pela lancha rápida.
Morro de São Paulo, Bahia (3 noites)
Sem dúvida, Morro foi o destino mais caro da viagem. Apesar de ter muitas opções, as hospedagens são muito caras, ainda mais no período de altíssima estação, semana seguinte ao réveillon. Nós já tínhamos feito a reserva com antecedência, mas a dos meus pais, só fizemos um dia antes e, por sorte, eles conseguiram uma promoção de última hora no Booking.com, numa pousada melhor localizada e com um preço melhor do que o que pagamos.
Nossa Hospedagem: Summer Staying
No estilo chalezinho de madeira, esse apartamento fica em uma rua escondidinha próximo a Praça Aureliano Lima, onde fica a igrejinha de Morro. O que gostei, porque, como tínhamos que trabalhar, era uma área mais calma, mas fica a 500 metros da Primeira Praia. Os chalés têm cama de casal, banheiro privativo com chuveiro elétrico, ar condicionado, cozinha equipada e varandinha com rede. Para a gente, estava tudo ótimo, até ocuparem o quarto vizinho, pois dava para ouvir tudo do quarto vizinho (a parede que divide os quartos é de madeira) e era uma família com duas crianças, que brigavam e choravam a maior parte do tempo! haha Os proprietários ou administradores dos chalés (não tenho bem certeza), Silvana e Alexandre foram muito simpáticos e prestativos também.
Preço que pagamos: R$ 217 a diária (quarto duplo)
Hospedagem dos meus pais: Pousada Girassol
Essa pousada também fica escondidinha (Morro é cheia de becos), mas fica a 100 metros da Segunda Praia, ótimo para quem quer ficar próximo da praia e do agito (nessa área tem bastante barulho, pois os bares tem música ao vivo). Os quartos também são confortáveis, mas simples. O dos meus pais tinha cama de casal e beliche, cozinha e banheiro privativo. Também ar e tv. Na pousada eles tem serviço de restaurante, com almoço e jantar com preços bem acessíveis, o que é ótimo, pois em Morro é tudo bem caro. No jantar, eles fazem massas, por R$ 15, você podendo escolher os ingredientes e o tipo da massa. Uma delícia! Comi dois dias! Os funcionários também são bem gentis.
Preço que eles pagaram: R$ 193 a diária (quarto duplo)
Para irmos de Morro de São Paulo até Boipeba, fomos no Passeio de Volta à Ilha de Morro, pagamos R$ 80 por pessoa e fizemos o passeio somente pela metade para descermos em Boipeba.
Ilha de Boipeba, Bahia (2 noites)
Hospedagem: Pousada Aritibe
Boipeba é um pouco mais barata que Morro, mas as opções mais econômicas não são tão perto da praia. A nossa pousada dizia que era “beira-mar”, mas na verdade, ficava a quase 1km da praia. Perguntei ao dono, ele disse que “na ilha é tudo beira-mar, pois está perto do mar, beira-praia são as que ficam de frente para a praia”. haha Eu nunca tinha ouvido falar nisso, mas deixei pra lá porque, realmente, nas explicações do Booking.com, falavam as distâncias para as praias.
A pousada também é simples, mas novamente com todo o básico necessário: quartos com banheiros privativos, chuveiro elétrico, ar condicionado, tv (eu nem ligo, mas muita gente quer), varanda com rede e café da manhã bem servido e delicioso (A Ana que faz o café é super atenciosa). O problema é a distância para levar as malas, mas pagamos R$ 20 para o “táxi”, que é um menino levando as malas no carrinho de mão. =)
Preço que pagamos: R$ 150 (quarto duplo)
Passeio de Volta à Ilha de Boipeba: R$ 80 por pessoa + R$ 10 por pessoa pela máscara + snorkell.
De Boipeba para Valença, pagamos R$ 44 por pessoa na lancha rápida + R$ 40 pelo táxi para o Atracadouro Bom Jardim.
Praia do Forte, Bahia (passamos apenas algumas horas para visitar o projeto Tamar – R$ 22 por pessoa)
Aracaju, Sergipe (3 noites) => De Aracaju, saímos bem cedo para irmos direto fazer o passeio dos Cânions do Rio São Francisco.
Hospedagem: Anauê Hostel
Hostel bem organizado, com opções de quartos de casal, com banheiros privativos e também quartos compartilhados. Ficamos em um quarto duplo com ar condicionado, tv, armário, banheiro com chuveiro elétrico, wi fi. Tivemos um problema com o chuveiro que não estava esquentando e eles ajeitaram no mesmo dia. O café da manhã bem servido, com frutas, sucos, pães, queijos, café.
Os funcionários e proprietários também são bem atenciosos e o hostel fica pertinho (300 metros) da Orla da Praia de Atalaia, onde estão muitos restaurantes, bares. O hostel também cozinha que pode ser utilizada pelos hóspedes. Não tem estacionamento, mas dá para deixar o carro na frente, pois da recepção os funcionários conseguem ver os carros e a área é tranquila.
Quanto pagamos: R$ 125 a diária (quarto duplo).
Piranhas, Alagoas (1 noite)
Hospedagem: Pousada Lampião Rio
O centro histórico de Piranhas é muito bonitinho, cheio de casas antigas coloridas, antiga estação de trem, igrejas. Mas a cidade é um forno, para se ter ideia, quando saímos de lá, fazia 43 graus! Por isso, foi quase um alívio ficarmos hospedados de frente ao rio, onde pelo menos era um pouquinho menos quente e também foi ótimo porque pegamos o barco na frente da pousada para fazer o passeio da Rota do Cangaço.
A Lampião Rio fica nas margens do São Francisco, logo depois quando passa a ponte de Sergipe para Alagoas. Fica a quase 4km de distância do centrinho, o que dá uns 15 minutos de carro.
Os quartos duplos tem ar, frigobar, banheiro privativo e tv e varanda com rede, que com o calor não deu nem para aproveitar. O café da manhã também é bem farto e tipicamente nordestino com cuscuz, inhame, macaxeira, tapioca, frutas, sucos, café, pães, queijo…Possui também wi fi e estacionamento.
A proprietária também foi bem simpática e prestativa, nos ajudando com o que precisávamos.
Quanto pagamos: R$ 170 a diária (quarto duplo).
Passeios no Rio São Francisco:
Cânions São Francisco com a Castanho – R$ 120 por pessoa com buffet livre (Eu e Fred fomos convidados e meus pais pagaram a deles)
Passeio de barco Rota do Cangaço – R$ 180 o barco (R$ 60 por pessoa – minha mãe não foi nesse dia) + R$ 10 por pessoa a trilha.
Maceió (1 noite)
Para a última noite, também fizemos a reserva na última hora, ficamos no Ponta Verde Hostel & Pousada, que também é da rede HI Hostels meus pais ficaram em outra pousada, mas não cheguei a conhecer o quarto deles.
O hostel fica a 200 metros de Pajuçara e também Ponta Verde (é bem na divisão entre as duas praias), tem uma área comum bem ampla com sofás e tvs, redário, cozinha, churrasqueira.
Nós ficamos em um quarto duplo com tv, ar, frigobar, banheiro privativo. E tivemos um problema durante a noite, quando fui tomar banho, aumentei a temperatura do chuveiro e acabou desligando o disjuntor. =P Dormi assim mesmo e, na madrugada, Fred acordou com calor e acabamos mudando de quarto.
O café da manhã também tem frutas, sucos, tapioca, cuscuz, ovo, pães, café…Também tudo gostoso e bem servido. O hostel também tem estacionamento na frente.
Preço que pagamos: R$ 150 (a diária para quarto duplo).
Como sempre, nós privilegiamos os passeios e a comilança e escolhemos hospedagem sem luxo, mas que nos oferece o necessário para uma estadia confortável. Meus pais adoraram a experiência de ficar no hostel. Minha mãe até me disse: “é melhor ficar em hostel do que nesses hotéis chiques, né?”. =)
Custos com a gasolina:
Total de Gasolina: R$1.324, 63
O preço da gasolina variou bastante entre as cidades e estados, por isso, contabilizei também os litros. Foram no total: 351 litros. O nosso carro, como disse, é 2.0 e fez em média de 10 a 11km com 1 litro.
Além dos quilômetros entre as cidades, rodamos bastante na Chapada Diamantina.
Também pagamos alguns pedágios:
R$ 6,60 – pedágio Porto de Galinhas
R$ 4.50 – Pedágio Via Bahia – depois de Santo Estevão
R$ 2,50 – Pedágio pelo litoral da Bahia, em direção a Praia do Forte
R$ 4 – Pedágio pelo litoral da Bahia, em direção a Praia do Forte
Não coloquei aqui os custos de alimentação, pois a gente come e bebe bastante! haha Comemos em restaurantes de boa qualidade, principalmente, no jantar, mas também nos dias em que os deslocamentos eram grandes, abastecíamos bem o carro de comida para irmos fazendo boquinhas pelo caminho. Minha mãe é mestre nesse serviço de bordo! Até garrafa de café ela leva! =)
Todos os valores são referentes a dezembro de 2016 e janeiro de 2017.
Bem, aqui já tem bastante informação para vocês começarem organizar a viagem de vocês. Mas aguardem os próximos posts com os detalhes de cada lugar que visitamos, cada passeio que fizemos e todas as dicas. Tem muitas fotos e dicas também nas nossas redes sociais:
