O Vagamundo: Aqui, agora… sempre

Antonino Condorelli
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A trilha sonora deste post é L’anno che verrà, de Lucio Dalla. Ouça e assista:

– Me sinto como deviam se sentir os primeiros homens, em tempos imemoriais – disse ela.

A pálida, densa carícia da lua – uma lua grávida, de uma redondeza estonteante, mergulhada num céu derramado de estrelas – era o único fiapo de luz a banhar a terra e nossos corpos, reverberando no mar uma esteira que se perdia no horizonte. Uma brisa delicada encrespava levemente as ondas do Atlântico e um silêncio só quebrado por esporádicos cantos de pássaros e, muito raramente, algum motor distante cujo rugido se diluía rapidamente no escuro da noite impregnava os segundos que deslizavam lentos, lânguidos, fazendo-nos esquecer da existência do tempo.

A lua e Rachel, minha esposa

– Não fossem esses barulhos de carros e motos que passam de vez em quando – disse – não haveria diferença nenhuma entre nós e os homens que milênios atrás, pela primeira vez, pararam nesta praia numa noite de lua cheia contemplando o mesmo mar.

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