Coronavírus na Espanha: depoimentos de 3 brasileiras de diferentes cidades do país

A Espanha decretou neste fim de semana estado de alarme em função do coronavírus que, inicialmente, deve durar pelos próximos 15 dias. O país é o quinto no mundo e o segundo na Europa mais afetado pela covid-19, atrás apenas da Itália, e já registra 767 mortes e 17.147 casos da doença (Dados de quinta-feira, 19)*.

Desde a noite do último sábado (14), as pessoas estão em confinamento e só é permitido sair de casa para trabalhar, comprar comida, medicamentos, ir a um hospital ou passear com os cachorros, respeitando a distância de pelo menos um metro e a determinação de uma pessoa por carro.

Mais de 1.000 soldados foram designados para fiscalizar o cumprimento das regras definidas pelo governo, orientando as pessoas que não tem justificativa para sair, que voltem as suas casas.  E as pessoas que descumprirem a determinação podem ser multadas, entre 500 e 2.000 euros.

A partir desta terça-feira (17), a Espanha vai controlar a circulação de pessoas em suas fronteiras terrestres para conter a expansão do coronavírus. O Governo decidiu nesta segunda-feira suspender o Tratado de Schengen – o acordo de Schengen é uma convenção entre países europeus sobre uma política de abertura das fronteiras e livre circulação de pessoas entre os países signatários – , seguindo a decisão do conselho de ministros de Sanidad e Interior da União Europeia.

Ouvimos os depoimentos de brasileiras de diferentes regiões do país sobre como está a situação na Espanha.

Print da chamada de vídeo com Suzy no supermercado
Print da chamada de vídeo com Suzy no supermercado

O depoimento de Suzy Borges (residente há 13 anos em Terrassa, cidade da Comunidade Autônoma da Catalunha, a 28 km de Barcelona) foi enviado para mim, no domingo à noite, e estou mantendo ele para que vocês vejam que em questão de horas, a situação em cada país está mudando. Quando me escreveu esse texto, ela estava em confinamento em casa deste sexta (14). Agora pela manhã (terça-feira – 17), Suzy me fez uma chamada de vídeo visivelmente emocionada e abalada, mostrando que nos supermercados as prateleiras estavam vazias. “Não tem mais nada de produtos de higiene, não tem mais álcool em gel, não tem sabão para lavar a louça. A situação é muito mais grave do que imaginei. Também falta comida, não sei nem o que levar”, me disse.

Ela que trabalha em uma agência bancária em Terrassa e até segunda (16) estava indo ao trabalho – usando máscara e luvas – disse que agora o serviço presencial foi reduzido ao mínimo e os funcionários estão trabalhando divididos em turnos. “Eu faço parte do primeiro turno e ficarei em casa até o dia 27 de março. Na segunda (30), volto ao trabalho e o outro entra em confinamento. Somos 4 turnos. Estamos dando os serviços mínimos. As consultas devem ser feitas por telefones e e-mails, operações que se pode fazer por caixas eletrônicos não se faz em caixa, apenas se o cliente não souber operar”, explicou.

Leia o relato que ela nos enviou no domingo, como a situação mudou em poucos dias:

Suzy Borges
Suzy Borges

Li o relato da brasileira Raïssa Cajaraville que vocês publicaram sobre a França. Aqui a situação é similar ao relato dela. 

Na segunda-feira (9), fui ao supermercado, quando ainda estava tudo “normal”  e comprei só o que realmente estava precisando. Em casa vimos as notícias e minha filha (10 anos) a princípio estava um pouco assustada, pela avó que já tem 85 anos e está no grupo de mais risco. Passamos o dia em casa, assistindo Netflix, estudando e brincando de jogos de mesa em família. Como um final de semana super prolongado!

Está mais complicado para o meu marido, que já saiu 3 vezes para passear e ver como está o ambiente, desrespeitando as recomendações de só sair em casos de extrema necessidade. No último passeio, por pouco, não foi chamado atenção pela polícia que faz a guarda na rua.

Os bancos a partir de hoje (16) estarão funcionando, em horário reduzido, com limite de entrada de um cliente por agência e respeitando o limite de no mínimo um metro de distância entre pessoas. Os saques só por caixa eletrônico.  Eu trabalho em banco e me obrigaram a gastar um dia de férias, já que minha filha não tem aula e não tenho com quem deixá-la. Mesmo podendo fazer em casa quase o mesmo que faria na agência.

Parc de Vallparadís, principal parque de Terrassa, normalmente muito movmentado, agora, vazio com estado de alarme
de Terrassa, normalmente muito movimentado, agora vazio com estado de alarme

Resumindo, não acho que se deva tomar como algo sem importância, mas o caos está na histeria das pessoas, na falta de consciência coletiva. Não vejo necessidade em comprar 30 tubos de álcool gel quando em casa se tem água e sabão, nem estocar comida quando o governo já chamou a calma e disse que o abastecimento está garantido.

Nas próximas semanas a situação irá piorar. De sábado para domingo já foram mais de 1500 novos casos. 

Na minha humilde opinião deveriam fechar tudo nesses 14 dias para frear a circulação do vírus. É horrível para a economia, mas a incerteza do que pode acontecer é ainda pior.

Em Terrassa foram registrado 12 casos  de pacientes com coronavírus até o momento. Na Catalunha ocorreram 12 óbitos.

Luciana Cavalcante – (reside há 20 anos em Alicante, Comunidade Valenciana)

Luciana Almeida reside há 20 anos na Espanha
Luciana Almeida reside há 20 anos na Espanha

Luciana escreveu este depoimento para enviar aos familiares no Brasil, neste fim de semana:

Olá…

Essa mensagem vai pros meus amigos e familiares no Brasil, mas também espero que ao máximo de pessoas possíveis.

Me sinto no dever de alertar vocês.

Moro na Espanha e posso garantir que a situação aqui está muito, mas MUITO complicada. A partir de domingo (15), estamos proibidos de sair de casa por tempo indeterminado, os colégios, comércio, clínicas, etc estão fechando. Os hospitais colapsados, estão habilitando hotéis e asilos para transformar em leitos de hospital. Eu gostaria de relembrar vocês que há um mês atrás, nós também pensávamos que essa história só atingiria a China e não chegaria aqui.
Mas chegou, e de uma maneira muito descontrolada, bloqueando o país. Também ríamos e tomávamos como piada tudo isso, até bater na nossa porta. Hoje o país inteiro está apagado, triste e assustado.

Não percam o bom humor, mas também não percam a responsabilidade. Enquanto vocês estão em tempo, tentem controlar esse vírus saindo pouco de casa, evitando aglomerações de pessoas (shows, teatros, manifestações), não cumprimentem com beijos, abraços ou aperto de mãos, mantenham o mínimo de um metro de distância de outra pessoa, evitem na medida do possível o uso de transporte público (embora eu saiba que é muito difícil fazer) e, acima de tudo, no mínimo sintoma de gripe, FIQUEM EM CASA, assim é a única maneira que vocês tem para não disseminar essa pandemia num país precário e com um dos sistemas públicos de saúde mais deficientes de toda América do Sul.

Por favor, me escutem e levem a sério tudo isso. É muito importante para que não haja colapsos, paralisações e por consequência, mortes. Obrigada e sorte!

Ao Compartilhe Viagens, Luciana contou que na rua em que mora, as pessoas vão para varanda e colocam música das 17h às 19h “para descontrair um pouco”. “Na rua do meu filho colocaram a Macarena e todos dançaram. Em uma comunidade de vizinhos, fizeram um bingo”, conta.

 

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Hóspedes em um hotel em Benidorm, na Província de Alicante, Espanha, cantando na varanda de quartos de hotel, durante confinamento. 😪 Este vídeo foi enviado para mim por Luciana Cavalcante, uma das três brasileiras que vivem em diferentes cidades da Espanha e que me enviaram depoimentos sobre como está a situação no país, que é o segundo em números de casos de #coronavirus na Europa. O país registra hoje 11.178 casos de covid-19 e 491 mortes. 😣 Os relatos, que estão em post no blog, estão bem fortes e me comoveram. Um deles é da minha prima @suzanielly12017, que fez uma chamada de vídeo comigo hoje pela manhã diretamente de um supermercado, bem abalada e emocionada, mostrando que não tinha praticamente nada para comprar. 💔 Os relatos podem ser lidos clicando no link na bio. Minha intenção com esses posts não é causar alarde nem sensacionalismo, mas mostrar a realidade das pessoas que vivem nesses países para quem tem viagem marcada para destinos de risco adiem a ida e também, para que nós que estamos aqui no Brasil, possamos tomar consciência e nos prevenir antes que a situação chegue a este ponto. #espanha #europa #covid19 #compartilheviagens

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Ela falou ainda que todos os dias às 22h, as pessoas vão nas varandas aplaudir os trabalhadores da saúde. “É emocionante”, disse.

Nesta segunda-feira (16) à noite, Luciana também me fez uma chamada de Whatsapp, mostrando a rua onde mora, completamente vazia e mostrou medo em relação a ser abordada por um policial por estar na rua descumprindo a regra de confinamento. Para justificar a saída em horário de trabalho, ela anda com uma declaração da empresa comprovando que está trabalhando.

Depoimento Maiara Cruz (residente em Valência há 4 meses)

Maiara Cruz reside em Valência há 4 meses
Maiara Cruz reside em Valência há 4 meses

Hoje é terça-feira, dia 17 de março de 2020, e há exatamente cinco dias a minha vida mudou de ponta-cabeça. Estou na Espanha, mais precisamente na cidade de Valência. Foi aqui na Comunidade Valenciana a primeira morte confirmada por Coronavírus no país, no dia 3 de março.

É difícil descrever nosso sentimento esses dias. As informações mudam a cada momento e, como previsto, os números de pessoas infectadas crescem assustadoramente, juntamente com o número de mortos.

Estou aqui com o meu marido e minha cadela, e sei que não somos grupo de risco, mas a possibilidade de estarmos contaminados, propagando o vírus pela nossa vizinhança, faz com que a gente passe a refletir sobre o nosso comportamento.

Gondôlas vazias em Valência
Gôndolas vazias em Valência

Se na semana passada alguém me dissesse que estaríamos vivendo tudo isso, eu jamais acreditaria. Até a última terça-feira, dia 10 de março, milhares de valencianos se concentravam na praça central da cidade, para ver a Mascletà, uma queima de fogos que acontecia todos dias, desde o início de março, às 14h. Essa era uma das programações das Fallas, a festa mais importante da Comunidade Valenciana. Para você ter uma ideia, é como se fosse o carnaval deles.

No final de fevereiro, já ouvíamos rumores de que talvez essas festas fossem canceladas, mas a escolha do governo e da prefeitura foi deixar que elas continuassem, afinal, a situação só estava caótica na China. Mas a propagação do vírus é tão rápida, que faz as coisas passarem pelos nossos olhos sem que a gente perceba. Ao nosso lado, a Itália começou a enfrentar sérios problemas. Enquanto por aqui, o país continuava recebendo milhares de turistas e seguindo com tudo normalmente.

No dia 9 de março, a Espanha vivia seu primeiro ponto crítico. Em apenas 24h, os casos de pessoas infectadas com o Coronavírus se multiplicaram de uma maneira drástica e o Governo precisou tomar medidas fortes de contenção, principalmente na Comunidade de Madri, que já era a região que registrava um maior número de casos.

A medida mais impactante, que fez a gente começar a perceber que as coisas estavam mais sérias do que imaginávamos, foi o cancelamento das Fallas em Valência, no dia 10 de março. Isso nos deixou com uma pulga atrás da orelha, mas ainda seguíamos nossa vida normalmente. Até que começamos a encontrar os supermercados com as prateleiras vazias. Parecia uma cena de filme.

Desde o cancelamento das festas, até o decreto de quarentena do governo espanhol, se passaram quatro dias. Esse tempo foi o suficiente para mudar por completo nossa percepção do problema. Agora somos obrigados a permanecermos em casa, com acesso muito restrito à rua. Só poderemos sair para levar nossa cachorra para fazer suas necessidades e para comprar remédios e alimento. Nossa vida ficará assim pelos próximos 15 dias ou mais.

Como nosso trabalho sempre foi remoto e minhas aulas vão permanecer online, a nossa rotina não muda muito. Mas tem sido duro nos depararmos com o silêncio sepulcral que se instalou na cidade. Ver as ruas completamente vazias e as pessoas com o sentimento de pânico, sem saber se seus familiares mais velhos vão conseguir sair dessa, e quando o país vai conseguir se recuperar desse baque, faz com a gente também sinta essa dor.

Esses dias têm sido de muita reflexão para todos. Mas agora a única coisa que podemos fazer é continuar mantendo a calma, ter – muita – paciência, seguir buscando informações seguras e nos cercando de cuidados, para proteger não somente nós dois, mas a todos que nos cercam.

Leia mais sobre o coronavírus na Europa:

O avanço exponencial do coronavírus na França: depoimento da brasileira Raïssa Cajaraville que vive com a sua família no país

Novo Coronavírus na Itália: Depoimento da brasileira Adja Medeiros sobre como está o país com a quarentena

*Com informações da Agência Reuters.


O avanço exponencial do coronavírus na França: depoimento da brasileira Raïssa Cajaraville que vive com a sua família no país

“Eu comecei a escrever este depoimento um dia antes do pronunciamento do presidente Emmanuel Macron, na quinta-feira, dia 12 de março. E no primeiro rascunho, eu dizia que estava tranquila. Seguindo as recomendações, mas sem pânico. Bom, posso dizer que não é mais o caso.”

Raïssa Cajaraville

Quem nos deu este depoimento foi a relações públicas e brasileira Raïssa Cajaraville, que reside em Chennevières-sur-marne, região parisiense, que fica a 17km da capital do País. Raísa tem um filho de 4 anos, que estuda na escola pública da cidade, e nos deu um depoimento bem detalhado de como recebeu a notícia, a mudança na rotina e de como está a real situação por lá.

A França é hoje o terceiro país da Europa mais afetado pela epidemia (atrás da Itália e da Espanha) e está vivendo um crescimento exponencial do coronavírus. Nesta última semana, devido ao avanço e a velocidade com que a doença se propagou, a realidade cotidiana dos franceses mudou drasticamente. Segundo os últimos dados, 4.500 pessoas foram contaminadas no país, 300 em estado grave e 91 mortes foram registradas até agora.

Um evento evangélico no leste da França, que durou uma semana no mês de fevereiro, contribuiu para disseminar o vírus em todo o país, segundo autoridades sanitárias.

A partir das 00h, deste domingo (15), o governo da França proibiu o  funcionamento de bares, restaurantes, cinemas e lojas que não sejam essenciais.  

(A informação é de última hora, após o recebimento deste depoimento).

Confira na íntegra o depoimento enviado por Raïssa Cajaraville diretamente da França.

“Mãe, me mostra o coronavírus? Sei que é um ‘microbrio’ e que temos que lavar bem as mãos pra não pegar, meu professor explicou”. A curiosidade veio do meu filho, do alto dos seus quatro anos de idade, escolarizado numa escola pública da cidade onde vivemos. Estamos em Chennevières-sur-marne, região parisiense, a 17km e 20 minutos do coração da cidade luz, para ser mais exata.

Chennevières-sur-marne, região parisiense, que fica a 17km do centro de País.

Para respondê-lo, busquei vídeos na internet que explicassem, de forma lúdica, aos pequenos o que é esse tal vírus que tomou conta das notícias e rodas de conversa por todo o mundo. Acho importante não negligenciar a inteligência das crianças.

Eu comecei a escrever este depoimento um dia antes do pronunciamento do presidente Emmanuel Macron, na quinta-feira, dia 12 de março. E no primeiro rascunho, eu dizia que estava tranquila. Seguindo as recomendações, mas sem pânico. Bom, posso dizer que não é mais o caso.

Aqui tem muita informação. E precaução. O governo faz um trabalho incrível para manter a população por dentro de tudo, e de certa forma “tranquila”. E fico impressionada com a calma do Ministro da Saúde ao responder a imprensa, que tenta de todos os jeitos distorcer o que é dito. E quando falar já não adianta, o Ministro pede papel e caneta e, literalmente, desenha o que gostaria de dizer. Tudo isso com muita classe.

O desenho funciona, pelo menos para mim. Na entrevista em questão, ele mostrou um gráfico contrapondo o número de pessoas contaminadas e a capacidade dos hospitais em cuidar dos que desenvolvem a forma mais crítica da doença.

“Não podemos impedir que o vírus circule, mas podemos tentar controlar a velocidade com a qual ele se propaga”. É o que foi feito nas últimas semanas.

Na quinta (12), Macron falou durante pouco mais de vinte minutos na televisão. E quando escutei “a partir de agora o vírus vai circular mais intensamente e mais rápido”, senti um baque. Era de se esperar, mas de repente a coisa ficou mais séria. Nossos vizinhos italianos estão vivendo um pesadelo. E tudo indica que, em alguns dias, nosso serviço hospitalar, que é muito bom por sinal, também vai sentir os efeitos da sobrecarga de doentes necessitando de cuidados especiais.

O prognóstico é assustador. Há semanas não temos álcool gel nas farmácias. E quem ainda tem pra vender, aproveita para faturar. Antes o frasco de 80ml custava 1,90 euros. Conseguimos comprar seis por 30 euros. E olha que foi barato porque tem site vendendo um só por quase 100 euros.

Nos supermercados, os produtos acabam da noite para o dia. Macarrão, água, pão, leite e, claro, queijo, desaparecem rapidamente e são repostos na manhã seguinte. O governo insiste que não precisamos ter medo de ficar sem comida, as pessoas insistem que não tem medo, mas enchem as despensas. Eu sou uma delas.

Chennevières-sur-marne, região parisiense, que fica a 17km do centro de País.

O que me deixa “menos intranquila” é saber que as crianças saudáveis são vetores do vírus, mas normalmente ficam bem.

Ainda ontem, Macron decretou o fechamento de todos os estabelecimentos escolares por tempo indeterminado, o que causou um outro problema para os pais que trabalham, sobretudo porque no pronunciamento presidencial foi dito para evitar o contato das crianças com idosos. Então a ideia de deixá-los com os avós não é uma possibilidade. Ainda assim, muitas pessoas estão dizendo na TV ou no rádio que não tem outra alternativa.

O Ministro da Educação disse que as medidas serão colocadas em prática para que crianças, adolescentes e universitários tenham acesso ao ensino à distância (muitos municípios oferecem tablets para estudantes). A medida visa abrandar a velocidade com a qual o vírus é propagado.

Aqui eles repetem que o perigo nestes estabelecimentos, assim como em museus, bares, concentração de largada das maratonas, etc, é a “promiscuité” (promiscuidade, em francês). Eles se referem à proximidade entre as pessoas. Acho engraçado o uso da palavra em francês. No Brasil, a usamos majoritariamente para designar fatos e acontecimentos ligados ao sexo.

Outro ponto que tem causado incompreensão das famílias é a interdição de visitar idosos nos asilos. Como os mais velhos são naturalmente frágeis, a única solução que encontraram para protegê-los foi isolá-los do contato com a vida exterior. Isso está dando o que falar.

O presidente também disse que espera que as empresas liberem os funcionários para trabalharem de casa. E garantiu que o governo vai arcar com todas as despesas dos prejuízos financeiros que possam vir desta decisão.  Tanto para o empregador quanto para o empregado.

Confio no governo e nas medidas tomadas até aqui. O Ministro e o Diretor da Saúde da França aparecem todos os dias na televisão, comentam os números de novos casos, explicam tudo esmiuçadamente. Não posso reclamar de falta de informação. Nem me sinto desamparada ou nas mãos de quem não sabe o que está fazendo. A verdade é que ninguém sabe muito ainda sobre o Covid19.

A questão agora é pensar o que fazer neste longo período sem aulas, sabendo que não podemos frequentar lugares fechados e que devemos evitar deslocamentos desnecessários. Tudo pode evoluir para restrições ainda maiores, só as próximas semanas dirão.

Culturalmente e economicamente é um desastre sem precedentes. A bolsa despencou, todos os eventos culturais foram cancelados, nada que reúna mais do que mil pessoas deve acontecer ou abrir.

Promoção de happy hour na França, fazendo piada com o coronavírus

Ainda assim, o humor está na ponta da língua. Bares estão chamando o Apèro (happy hour) de “Aperivirus” e um estabelecimento fez uma promoção: “compre duas Coronas e ganhe uma Morte Subite” (são cervejas, a primeira mexicana e a segunda originária da Bélgica).

Meu filho disse que sonhou com um coronavírus gigante vindo do céu e repete todo dia que não aguenta mais e quer que esse vírus vá embora.

Eu concordo com meu pequeno e desejo que tudo isso passe logo e que possamos retomar a vida normalmente. Ainda assim acredito que esta pandemia vai mudar a forma como os países produzem, como indústrias funcionam etc. Vem muita mudança por aí, mas por enquanto, o objetivo é respeitar as regras, cuidar de quem precisa e esperar passar.”

Leia também: 

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Coronavírus: Saiba sobre as regras para remarcações ou cancelamentos de voos

Com as últimas medidas anunciadas por alguns países, fechando as fronteiras para estrangeiros devido a pandemia do coronavírus, muita gente tem buscado informações sobre remarcação de voos e cancelamentos. Para ajudar os nossos leitores, buscamos informações com a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), conversamos com a advogada Daisy Mattos, especialista em direito administrativo e consumidor, e checamos os comunicados das principais companhias aéreas que operam no Brasil para saber qual a posição de cada uma delas.

Orientação da ANAC 

A ANAC esclarece, no site oficial, que “a alteração ou o cancelamento de passagens aéreas por iniciativa do passageiro estão sujeitos às regras contratuais da tarifa adquirida, ou seja, é possível que seja cobrada diferença de tarifa e aplicadas eventuais multas. De todo modo, o passageiro com viagem para destinos afetados pelo coronavírus pode consultar sua empresa aérea sobre a existência de eventuais políticas flexíveis de remarcação ou de reembolso das passagens aéreas”.

Já nos casos em que a própria empresa aérea tenha a iniciativa de cancelar ou alterar a passagem, o passageiro em território brasileiro faz jus a todos os direitos previstos na Resolução nº 400 da ANAC. “Qualquer alteração programada feita pela empresa aérea, em especial quanto ao horário do voo e o seu itinerário, deve ser informada ao passageiro com 72 horas de antecedência da data do voo. Nos voos internacionais, se essa informação não for repassada ao passageiro dentro do prazo ou a alteração for superior a 1 hora em relação ao horário de partida ou de chegada, a empresa aérea deverá oferecer ao passageiro as alternativas de reembolso integral ou reacomodação em outro voo”.

A orientação da ANAC em caso de problemas de remarcação e cancelamento é para procurar primeiramente os canais de atendimento da própria empresa. Caso o problema persista, o canal adequado para registrar manifestações é a plataforma www.consumidor.gov.br, onde todas as empresas aéreas que operam no Brasil estão cadastradas e têm o prazo de até 10 dias para responder as reclamações registradas.

Direito do Consumidor

Para entender mais sobre como proceder nesses casos de remarcação e cancelamento devido ao coronavírus, conversamos também com a advogada  Daisy Mattos, especialista em direito administrativo e consumidor.

De acordo com ela, não existe uma lei que obrigue as companhias fazerem mudanças ou cancelamentos sem custos. Porém, algumas companhias estão oferecendo esse benefício aos passageiros, enquanto outras não. “Em casos de passageiros idosos e crianças, que são grupos de risco, é necessário ajuizar uma ação com profissional para garantir o direito de remarcação ou cancelamento sem grandes prejuízos”, afirma Daisy Mattos.

A advogada ressalta ainda que, como o vírus já chegou ao Brasil, essas ações só atendem a passageiros que se enquadram em grupos de risco ou países que fecharam as fronteiras.

Comunicados das principais companhias aéreas que operam no Brasil a respeito do Coronavírus:

LATAM

A LATAM publicou nesta quarta-feira (11) as medidas tomadas pela companhia aérea para atender a passageiros que têm passagens marcadas para países com restrições devido a epidemia de coronavírus.

O Grupo LATAM Airlines também anunciou a suspensão temporária da sua operação entre São Paulo e Milão, em voos programados de 2 de março a 16 de abril de 2020. 

Leia os comunicados da LATAM aqui:

https://www.latam.com/pt_br/sala-de-imprensa/imprensa/informacao-importante-sobre-a-propagacao-do-coronavirus—covid-/

https://www.latam.com/pt_br/sala-de-imprensa/noticias/latam_estende_medidas_coronavirus_argentina_peru_colombia/ 

Azul

A Azul anunciou que clientes com destino de/para Lisboa ou Porto, voando Azul em março de 2020, poderão alterar (para voar até 30 de junho de 2020) ou cancelar seu voo (reembolso através de crédito).

Veja a nota completa: 

https://www.voeazul.com.br/para-sua-viagem/alertas-de-viagem 

TAP

A TAP Air Portugal também publicou ontem um alerta sobre as mudanças de operações da companhia devido às determinações de países como Itália, Estados Unidos, Israel e Angola.

Leia o comunicado na íntegra aqui: 

https://www.flytap.com/pt-br/alertas-e-informacoes 

AirEuropa

A Air Europa publicou também um informativo explicando as mudanças de operações devido às restrições de viagem e circulação de passageiros anunciadas por diferentes países. 

Leia o comunicado na íntegra aqui:  

https://business.facebook.com/notes/air-europa/altera%C3%A7%C3%B5es-operacionais-nos-nossos-voos/3236037009818286/ 

Emirates

A Emirates também divulgou sobre a suspensão de voos e as medidas que a companhia está tomando em relação à epidemia do coronavírus. A companhia também está tomando medidas adicionais que vão além dos requisitos regulamentares e do setor para garantir a saúde e o conforto de seus clientes. Entre essas medidas estão a reserva de passagens sem taxas de alteração em todos os voos para compras até 31 de março. 

Leia aqui as informações completas sobre a Emirates: 

https://www.emirates.com/br/portuguese/help/travel-updates/#3515 

AirCanada

A AirCanada também está isentando da cobrança de multa para alteração de voos para as passagens compradas entre 4 e 31 de março de 2020, desde que a remarcação seja feita até 14 dias antes da viagem. Mais informações: http://www.aircanada.com.br/beta/ofertas/default.aspx?pageid=657

AirFrance

A AirFrance autorizou a remarcação sem custo extra em sua rede de voos antes de 31 de março. 

“Desde o surto do Coronavirus COVID-19, temos feito todo o possível para ajudar nossos clientes e permitir que eles adiem ou cancelem viagens planejadas para / de áreas com risco de exposição”, afirma o comunicado da companhia.

Leia na íntegra:

https://www.airfrance.com.br/BR/pt/common/page_flottante/hp/news-air-traffic-air-france.htm?_ga=2.238377984.1674057740.1584021952-1765854784.1584021952 

AlitaliaA Alitalia publicou orientações para quem tinha viagem marcada até 31 de maio, permitindo remarcação ou reembolso com voucher.

 Leia o comunicado completo:

https://www.alitalia.com/pt_br/fly-alitalia/news-and-activities/news/info-flights.html 

Avianca

A Avianca também está oferecendo a opção de mudar o itinerário sem penalização a quem tenha adquirido bilhetes ou resgatado com milhas entre 4 e 31 de março de 2020 em rotas de e para os Estados Unidos, Canadá e Europa ou entre 11 e 31 de março de 2020 em rotas de e para outras rotas internacionais operadas pela Avianca.

Veja as orientações da companhia: https://www.avianca.com/br/pt/sobre-nos/centro-de-noticias/noticias-da-avianca/medidas-de-proteccao-por-passageiros-covid19/ 

Saiba mais sobre as medidas de outras companhias aéreas que operam no Brasil:

Bristish Airways

Delta

KLM

Qatar Airways

South African Airways

Swiss

American Airlines

Royal Air Maroc

Lufthansa

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Lista de países que proibiram entrada (momentânea) de estrangeiros para conter o coronavírus

Novo Coronavírus na Itália: Depoimento da brasileira Adja Medeiros sobre como está o país com a quarentena

Foto em destaque: Tânia Rêgo/Agência Brasil