Pandemia: Médica alemã conta o que tem sido feito na Alemanha

Dados de Covid-19 na Alemanha. Fonte: https://www.worldometers.info/
Dados de Covid-19 na Alemanha. Fonte: https://www.worldometers.info/

Lembram da Julie, nossa amiga alemã que já fez algumas viagens com a gente e escreveu  aqui no blog a série Worldlust? Juliane Boll (Julie) é médica, trabalha em hospitais em Berlim, e tem atendido pacientes com Covid-19. Pedi a ela para nos fazer um relato contando quais as medidas foram tomadas no país para que a proporção entre o número de casos X morte não fosse tão alta com relação aos outros países. A Alemanha registra um total de 183.515 casos da doença e 8.605 mortes (103 mortes por milhão de habitantes). A vizinha França, por exemplo, tem 188.882 casos da doença e 28.802 mortes (441 mortes por milhão de habitantes). Dados https://www.worldometers.info/coronavirus/.

Leiam o relato de Julie:

Fred, eu e Julie, em 2016, em Potsdam, Alemanha
Fred, eu e Julie, em 2016, em Potsdam, Alemanha

“Aqui na Alemanha já começamos muito rápido a reagir à situação como fechar todo o comércio, não deixar turistas entrar nem sair do país e também tínhamos que ficar todos em casa sem se ver nem a família, ao não se morassem no mesmo apartamento ou casa. Como na Alemanha o sistema de comprar online/ delivery sem contato funciona muito bem, ninguém ficou sem poder comprar comida. Também o sistema de saúde é muito bom na Alemanha (lógico que aqui também tem que mudar muito, mas comparando com outros países, é muito bom), assim tivemos muitos testes de Covid-19 desde o início  e as pessoas diagnosticadas tinham que ficar em casa sem sair por 14 dias no mínimo! Essas pessoas não podiam ter contato com outras pessoas, assim o vírus estava bem isolado. Por causa do bom sistema da saúde, as pessoas vão ao médico muito rápido, logo no início porque não tem custo extra (No nosso sistema, todas as pessoas têm que ter um plano da saúde que funciona mais ou menos bem).

Dessa forma, as pessoas com o vírus  se isolaram rápido em casa ou se necessitavam do hospital, se tratavam já do início. E especialmente no Covid-19 tem que tratar muito rápido, em caso de problemas respiratórios porque o desenvolvimento do vírus é bem rápido também.
Também na Alemanha temos a sorte que temos suficiente espaço nas UTIs para todas pessoas que necessitaram. Assim não temos tantas mortes. As pessoas estão muito felizes que agora estão liberando muitas coisas, como abrir os restaurantes e tudo isso, mas eu como médica não sei se é a hora pra isso, acho que algumas semanas mais seria melhor, mas como vem o verão, as pessoas querem ficar ao ar livre, no parque e assim vamos a ver o que o futuro traz para nós…Eu espero que tudo isso passe rápido e que o mundo possa abrir outra vez e que nós possamos nos ver (tenho que conhecer a Elis!!! 😀 ). Um beijão grande e fiquem seguros com muita saúde!
Julie”
Obs: perguntei a Julie se ela teria fotos da cidade ou vestida com o EPI para ilustrar o post. Mas ela disse que não tem feito por achar a situação muito triste. Por isso, a nossa foto não tem relação com a situação.
Foto de abertura: Reuters.com

O que vai mudar no turismo após pandemia de Covid-19?

Algumas pessoas aguardam ansiosamente pelo fim do isolamento acreditando que será como o sinal (sino, sirene, campainha, chame como quiser) de fim de aula, em que todos os alunos saem correndo, só que ao invés de cada um ir para sua casa, todos sairiam para as ruas para fazer o que mais sentem falta. Mas a verdade é que o fim do isolamento está mais para uma espécie de alta, que uma mãe recebe após um parto. Ela sairá do hospital, mas a vida dela nunca mais será a mesma. Sim! A pandemia será um marco para todo o mundo. Este é um momento de ruptura em que muitas coisas irão mudar. E é claro que o turismo, que até o momento é um dos setores que mais sofreram impactos nesta pandemia, também passará por muitas mudanças. Vocês já pararam para pensar o que vai mudar no turismo/viagens após a pandemia de Covid-19?

Tenho lido e pesquisado bastante sobre este assunto até porque sou uma profissional do setor e preciso saber quais rumos tomar e algumas análises são bem semelhantes. Vou dividir em alguns pontos:

1 –Vai levar tempo

A Organização Mundial de Turismo – OMT estimava uma previsão de crescimento do turismo global entre 3 e 4% em 2020. Agora com a pandemia, a Organização calcula uma queda entre 20 a 30% nas viagens e uma perda estimada de US$ 300 a 450 bilhões nos gastos dos viajantes internacionais somente este ano. 

Para a OMT, o setor, que é responsável por 1 em cada 10 empregos no planeta, vai levar entre de 5 a 7 anos para recuperar as perdas de 2020. 

A própria OMT com o apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS), pede aos inovadores e empresários que apresentem novas soluções para ajudar o setor de turismo a se recuperar do COVID-19, por meio de uma competição que está com inscrições abertas até o dia 10 de abril.

2 – Turismo regional

Nordeste é apontado em pesquisa como destino preferido no pós confinamento
Nordeste é apontado em pesquisa como destino preferido no pós confinamento

Mesmo que o isolamento acabe, se não houver uma vacina e um medicamento para curar a doença, as pessoas vão continuar com medo, pois o vírus continuará circulando. Então, em um primeiro momento, as pessoas tenderão a preferir o turismo regional, locais em que possam ir de carro e que não tenham grandes aglomerações. Num segundo momento, seria o turismo nacional e por último o turismo internacional.

A pesquisa PULSO TURISMO E COVID-19, realizada pelo TRVL LAB – Laboratório de Inteligência de Negócios em Viagens, projeto da PANROTAS com a MAPIE, divulgada na sexta-feira (03), apontou essa tendência. 

Entre os viajantes, 60,48% afirmam que não pretendem voltar a viajar internacionalmente até que haja confiança no controle da pandemia, mesmo após o fim do isolamento. Este número cai para 45,36% quando se relaciona às viagens nacionais. 31,62% não conseguem decidir neste momento sobre viagens futuras. 

A pesquisa apontou ainda que o  Nordeste deve ser o destino escolhido pela maioria dos viajantes no pós-crise causada pela pandemia do coronavírus.

 

3- Viagens de experiência 

Viajantes buscarão por experiência mais autênticas
Viajantes buscarão por experiência mais autênticas

A forma de viajar certamente irá mudar. Os especialistas acreditam que as viagens de experiências serão mais valorizadas de agora em diante. E os consumidores tenderão evitar o chamado “overtourism” (com grandes aglomerações) e buscar viagens mais exclusivas e autênticas, que propiciem experiências diferentes, como turismo solidário, ecológico, gastronômico, etc.

4- Sustentabilidade

Praia de Maya Bay antes de ser fechada para visitação devido aos danos ambientais
Praia de Maya Bay antes de ser fechada para visitação devido aos danos ambientais

Um ponto importante que deverá ser analisado pelos viajantes pós-pandemia é a questão da sustentabilidade. Destinos e viagens mais sustentáveis deverão ser uma tendência, uma vez que é esperada que uma próxima crise da humanidade seja causada pelas mudanças climáticas. 

Vale lembrar que alguns destinos sofreram bastante com o overtourism, um desses exemplos é a Tailândia, que precisou proibir o acesso a famosa praia de Maya Bay.

A responsabilidade social também deve passar a ser uma das exigências desse novo viajante.

5- Segurança sanitária

Para os especialistas, assim como 11 de setembro mudou completamente as normas de segurança no setor do turismo, a pandemia tenderá a mudar as normas de segurança sanitária. 

6 -Transformação digital das empresas

A pandemia tem feito praticamente todos os setores se reinventarem e buscarem uma transformação digital. Da mesma forma será para o setor do turismo. Acredita-se que cada vez mais o consumidor estará mais digitalizado e exigente, o que irá demandar mudanças das empresas que prestam serviços para o turismo neste sentido. Por outro lado, muitas pessoas tiveram que lidar com dificuldades na hora de cancelar ou remarcar uma viagem devido ao isolamento, o que poderia ser amenizado, se tivesse um consultor de viagens. O papel do especialista em viagens, chamado de consultor ou design de viagens, poderá crescer no pós-pandemia. O futuro do turismo seria aliar a praticidade das novas tecnologias com o toque humano. 

Aliás, um dos motivos para eu não ter falido completamente nesta pandemia é que a agência Compartilhe Viagens é completamente digital.

E você, o que acha que irá mudar no mundo das viagens após essa pandemia? Deixe aqui seu comentário.

Algumas fontes que tratam do assunto: 

https://blog.panrotas.com.br/mktdestinos/2020/03/31/5-ideias-sobre-o-que-pode-mudar-no-turismo/

https://agentenoturismo.com.br/


Nordeste deve ser o destino preferido dos viajantes no pós isolamento, de acordo com pesquisa

O Nordeste deve ser o destino escolhido pela maioria dos viajantes no pós-crise causada pela pandemia do coronavírus. Este foi o resultado apontado pela pesquisa PULSO TURISMO E COVID-19, realizada pelo TRVL LAB – Laboratório de Inteligência de Negócios em Viagens, projeto da PANROTAS com a MAPIE, divulgada nesta sexta-feira (03).

Esta é a primeira de uma série de pesquisas sobre os viajantes e empresas de Turismo que será realizada pelo TRVL LAB para analisar os impactos gerados pela pandemia e as intenções para a retomada. Para esta pesquisa, foi conduzido um painel on-line com 300 viajantes brasileiros, de todas as regiões do Brasil, que fizeram pelo menos uma viagem nos últimos 12 meses e 325 empresas do Turismo nacional, predominantemente agências de viagens.

Na pesquisa feita com os viajantes foi apontada uma tendência preliminar para a retomada do turismo regional em um primeiro momento. Entre os viajantes, 60,48% afirmam que não pretendem voltar a viajar internacionalmente até que haja confiança no controle da pandemia, mesmo após o fim do isolamento. Este número cai para 45,36% quando se relaciona às viagens nacionais. 31,62% não conseguem decidir neste momento sobre viagens futuras. 22,68% dizem ter confiança total nos prestadores de serviço de Turismo para voltar a viajar assim que o isolamento acabar. 28,18% dizem ter confiança parcial e apenas 6,87% dizem não ter confiança nenhuma.

21,99% responderam que não se importam em viajar a trabalho quando o isolamento acabar, porém 21,31% discordam totalmente desta afirmação. Já 16,15% sabem que terão que viajar a trabalho quando o isolamento acabar, mas não gostariam. A pesquisa mostrou que viajar em família não parece ser uma das primeiras ações quando o isolamento acabar. 

Pesquisa Trvllab aponta Nordeste como destino preferido no pós isolamento
Pesquisa Trvllab aponta Nordeste como destino preferido no pós-isolamento

Sobre os destinos para viajar no pós-crise, o Nordeste foi apontado por 26,80%  dos que responderam, 14,43% disseram querer ir para praias regionais, 11,34% Serras Gaúchas, 8,93% Rio de Janeiro.

Com relação aos destinos internacionais, a pesquisa mostrou que a Europa foi citada por 7,90% dos entrevistados, seguida de 4,81% para outra parte dos Estados Unidos, América do Sul 4,12%, Flórida 3,09%, Caribe e/ou México 2,41%.

Na pesquisa 55% dos viajantes afirmaram que tinha viagens planejadas e/ou compradas que foram impactadas pela pandemia do novo coronavírus, sendo que 45,45% ainda aguardam os próximos desdobramentos para tomar uma decisão do que fazer. Quando há a decisão, a preferência é pela alteração para data futura para 31,82%.

Outro dado analisado na pesquisa com os viajantes foi o orçamento de viagens para 2020. Para 32,65% ele permanece igual e para 19,59% ele deixou de existir.

A PULSO TURISMO E COVID-19 também ouviu 325 empresas, de todas as regiões do país. A grande maioria das empresas respondentes, ainda não realizou demissões. Apenas 3,48% demitiram mais que 50% do quadro. Além disso, 49,32% reduziram a jornada de trabalho e a remuneração das suas equipes. A maioria das empresas (28,48%) respondeu que espera a retomada das viagens já no mês de maio ou junho (22,15%). 16,46% das empresas responderam que acredita que isto só deverá acontecer em agosto.

A pesquisa completa está disponível para consulta pública aqui: https://panrotasstoragenews.blob.core.windows.net/conteudo/TravelLab/TRVL%20LAB%20-%20Pulso%20Covid-19%20%20Mar%202020.pdf

 


Coronavírus em Connecticut: depoimento da brasileira, Michelle Hetrick, que vive a duas horas do mais recente epicentro da pandemia nos EUA, New York

“Desenhamos arco-íris para colocar na janela como parte de uma corrente que se originou na Itália e que agora virou campanha por aqui. Fizemos desenhos nas calçadas das casas de amigos, enquanto eles assistiam e acenavam pela janela da casa. Consegui ver a confusão que isso causou na cabecinha do meu filho, desenhando e vendo os amigos a distância.”

Este é um trecho do depoimento que recebi hoje, sábado (28), de uma grande amiga que mora há 10 anos nos EUA, atualmente na cidade de Avon, em Connecticut, a duas horas do mais recente epicentro da pandemia no país, o estado de New York. Pude sentir daqui a dor deles, as dúvidas que passam pela cabeça de uma criança tão pequena e que não consegue ter clareza dos motivos que o afastam dos amigos e suas atividades. Se para nós adultos está sendo difícil  passar por esse isolamento de forma suave, imagina as crianças que estão isoladas, muitas delas, dos seus próprios pais e avós.

A situação em Nova York é muito grave. Segundo as autoridades, a expectativa é de que o pico do número de casos seja atingido em até três semanas. O presidente dos EUA, Donald Trump, disse neste sábado (28) que avalia determinar quarentena obrigatória em Nova York, em New Jersey e partes de Connecticut para conter o avanço do novo coronavírus.

Abaixo, segue o depoimento na íntegra, enviado por Michelle Hetrick, que mesmo diante a solidão que causa o isolamento, está encontrando formas de ajudar o próximo e passar por essa pandemia junto a sua família de forma mais serena possível.

Uma mudança radical, sem expectativas para o fim de um período intenso e cheio de dúvidas é como eu posso resumir a nossa nova rotina diante a pandemia do COVID-19. Desde quando os casos começaram a ser confirmados nos EUA, eu sabia que a hora de fechar tudo por aqui também estava chegando. Moramos na cidade de Avon, em Connecticut, a duas horas do mais recente epicentro da pandemia no país, o Estado de New York com atualmente mais de 46,000 casos.

Michelle Hetrick e o filho Ben

Enquanto escrevo esse depoimento, os números de casos confirmados no país passaram de 83,000 para mais de 100,000. Estamos em quarentena há duas semanas, com apenas supermercados, farmácias e serviços essenciais abertos. Os restaurantes que estão abertos são apenas para fazerem entrega em casa. Escolas e Universidades permanecem com aulas online. Apesar das ordens do Governo dizerem que as escolas estarão fechadas até dia 20 de Abril, o nosso Governador anunciou que devemos nos preparar para a possibilidade de não retornarem até o próximo ano letivo, que aqui começa em Setembro.

Desde que as notícias sobre o vírus começaram a correr pelo mundo, o medo se instaurou, e os produtos essenciais sumiram das prateleiras e lojas online. Muito antes de entrarmos em quarentena, fiz compras de produtos de limpeza que normalmente uso e demoraram duas semanas a mais do que o normal a chegarem na minha casa. Com o anúncio da quarentena, passamos a ter dificuldades de achar até carnes e frango no mercado. Aos poucos, os supermercados estão normalizando o estoque e limitando a compra de itens por família para que todos tenham acesso.

Ben pergunta todos os dias pelos amiguinhos, às vezes chora sem entender o porquê de não poder brincar com eles.
Ben pergunta todos os dias pelos amiguinhos, às vezes chora sem entender o porquê de não poder brincar com eles.

Outro ponto preocupante aqui nos EUA: não há um sistema de saúde para todos. Mesmo com plano de saúde somos obrigados a pagar uma taxa quando vamos ao médico. Se precisamos usar o serviço de emergência dos hospitais, os custos são altíssimos. Uma grande parte da população, que não tem plano de saúde, evita ir ao médico por não poder arcar com os custos, deixando para procurar ajuda quando o caso é muito sério e implica internação. A outra parte, com plano de saúde, também evita ir ao médico por conta das taxas extras que precisamos pagar a cada consulta e exame.

Eu sou fotógrafa em tempo integral. Todos os meus trabalhos até o início de maio foram adiados ou cancelados, incluindo os casamentos, para obedecer a ordem do Estado de evitar grupos de mais de 5 pessoas. As aulinhas do meu filho estão canceladas por tempo indeterminado. A empresa em que o meu marido trabalha continua em funcionamento por ser considerada serviço essencial, mas já criaram soluções para o distanciamento entre os funcionários. Os considerados pacientes de alto risco estão em casa.

A nossa nova rotina mudou bastante, e ainda estamos em fase de adaptação. Aqui em casa somos eu, meu marido e nosso filho Ben, que completará 3 anos no final de abril. Ben pergunta todos os dias pelos amiguinhos, às vezes chora sem entender o porquê de não poder brincar com eles. Ele tinha uma rotina agitada, com atividades todas as manhãs e rodeado de outras crianças.

Aqui na minha região existem campanhas promovendo a conexão à distância. Desenhamos arco-íris para colocar na janela como parte de uma corrente que se originou na Itália e que agora virou campanha por aqui. Fizemos desenhos nas calçadas das casas de amigos, enquanto eles assistiam e acenavam pela janela da casa. Consegui ver a confusão que isso causou na cabecinha do meu filho, desenhando e vendo os amigos a distância. Procuro conversar com ele sobre o que está acontecendo com uma linguagem apropriada, com vídeos, desenhos e historinhas. Temos passado o dia brincando, fazendo arte e correndo no nosso quintal. E, apesar de estarmos todos sentindo com o distanciamento social, estamos procurando focar no que é positivo e fazer nossa parte para achatar a curva.

“Fizemos desenhos nas calçadas das casas de amigos, enquanto eles assistiam e acenavam pela janela da casa”

Diante da dificuldade de encontrar tantos produtos e o medo de sair de casa, o Buy Nothing Project, do qual sou voluntária na minha cidade, tem ajudado bastante a nossa comunidade. O Buy Nothing é um Projeto Internacional que visa a economia da doação a partir da sua própria abundância. Resumindo, cada vizinhança tem o seu próprio grupo e você tem a opção de doar um item que não usa mais ou pedir por um item que precisa muito, além de ter a opção de emprestar itens também. Na nossa comunidade, já conseguimos vizinhos que doaram álcool gel, por exemplo, para moradores de alto risco que não conseguiam achar para comprar. Criamos um serviço de doação de alimentos não-perecíveis para atender as demandas da vizinhança, e temos visto pessoas doando brinquedos para as crianças que agora estão em casa, terem novas atividades para se entreter. Além de boa parte do grupo ter se unido para arrecadar materiais e costurar máscaras para os profissionais da saúde.

Apesar da preocupação com nossa família e amigos, especialmente os que estão no Brasil, e de todas as dificuldades impostas pelo distanciamento social – que eu prefiro chamar de distanciamento físico, tendo em vista de que temos a oportunidade de usar a internet para nos manter próximos -, estamos fazendo a nossa parte com a esperança que possamos ver o arco-íris ao final dessa tempestade o mais breve possível.”

Leia também:

Coronavírus nos Estados Unidos: Depoimento de uma enfermeira de um dos maiores hospitais de Nova York

 

 


Dicas para fazer home office durante a quarentena

Desde 2014, ano seguinte a nossa Volta ao Mundo, eu e Fred, meu marido e desenvolvedor de sistemas deste blog, trabalhamos de home office. E, desde então, tenho que explicar às pessoas como posso trabalhar se nem saio de casa. Para a maioria das pessoas, dizer que eu fazia home office era o mesmo que dizer que tinha um hobby ou um nome bonito para dona de casa. Mas parece que o jogo virou (querendo ser engraçadinha uma hora dessas?) e, nesta quarentena de enfrentamento ao coronavírus, milhares de pessoas ou seriam milhões estão tendo que fazer home office pela primeira vez e muitos nem sabem como se faz isso. Pois bem, reuni aqui algumas dicas para facilitar, nem que seja um pouco, a vida dessas pessoas porque, na verdade, não está fácil para ninguém.

1) Estabeleça um horário

As pessoas têm uma ideia de que fazendo home office você trabalha quando bem entende. Na verdade, é preciso ter bastante disciplina para trabalhar de casa. Pois, podem acontecer duas coisas: você procrastinar e acabar não produzindo nada ou você trabalhar sem hora para parar.

O ideal é que você estabeleça um horário e cumpra ele para garantir a sua produtividade e também o seu bem estar físico e mental.

2) Prepare um local

Para levar o trabalho a sério e se manter produtivo também é importante escolher um local de trabalho e prepará-lo para isso. Não precisa montar um escritório todo agora. Mas não funciona muito bem uma hora trabalhar na cama, outra no sofá, outra na mesa da sala. Se tiver outras pessoas em casa, especialmente crianças, escolha preferencialmente um local em que você possa fechar a porta. Também leve logo para a mesa um copo de água, xícara de café, chá para não ficar levantando o tempo todo e sendo tentado a procrastinar.

3) Vista-se para trabalhar

Muita gente considera esta dica uma bobagem e acha tranquilo trabalhar de pijama. Mas é fato que se vestir para trabalhar ajuda a “ativar” no cérebro o modo trabalho. Não precisa ser um look todo combinadinho, como as blogueiras de moda sugerem, mas também não dá para ficar de pijama o tempo todo. Além do mais, alguns trabalhos necessitam de reuniões por vídeo conferência ou gravar vídeos para as redes sociais. Esteja pronto para encarar o dia!

4) Defina suas tarefas

Antes de começar o trabalho, defina as tarefas do dia (Você também pode fazer isso no dia anterior). Para quem é funcionário de uma empresa, provavelmente, essas tarefas serão passadas. Quem é autônomo, microempreendedor ou tem outro tipo de contrato, o ideal é definir as próprias tarefas antes de dar início ao trabalho. Já quem trabalha em equipe, alguns aplicativos, como o TrelloMonday.com e o Slack, podem ajudar na organização das tarefas.

5) Evite procrastinar

A maior parte dos trabalhos de home office ganha-se por produtividade e não por tempo de trabalho. Ou pelo menos você pode tentar negociar isso com o seu/sua superior para este período de quarentena.

Para aumentar a produtividade um ponto importante é evitar a procrastinação. Algumas dicas são:

– Avise aos familiares e amigos do seu horário de trabalho para evitar contatos naquele período;

– Coloque o celular distante ou pelo menos no modo avião ou não perturbe;

– Você também pode baixar extensões para navegadores que bloqueiam sites e que possam te ajudar a se manter focado. Veja algumas delas: https://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/noticia/2017/04/extensao-do-chrome-bloqueia-sites-para-focar-nos-estudos.html 

https://www.spyzie.com/br/parental-controls/website-blocker.html

Também evite ser seduzido pela TV ou a geladeira!

6) Faça reuniões de vídeo com colegas de trabalho

Para manter a sanidade mental é importante manter contato com outras pessoas além das que estão confinadas com você. Por isso, as reuniões, que antes eram tidas como chatas, podem ser uma boa oportunidade para discutir melhor as tarefas de trabalho, mas também bater um papo e aliviar um pouco as tensões da quarentena. Vários aplicativos oferecem a opção de vídeos chamadas, mas alguns mais usados, como o WhatsApp, estão travando mais diante do grande número de acessos. Algumas opções de Apps eficientes são o Zoom, Google meetings e o próprio Slack.

Deu para ver com essas dicas que fazer home office não é esse mundo encantado do trabalho que muita gente pinta. É preciso ter bastante disciplina e foco. Mas o trabalho remoto já nos proporcionou experiências que seriam impossíveis em um trabalho convencional, como a viagem de 5 meses que fizemos pelo continente americano – Sul, Central e Norte – ao mesmo tempo em que trabalhávamos.

Essas dicas são bem gerais e atendem as pessoas em condições favoráveis de “temperatura e pressão”. Mas escrevi este post também para as mães que estão vivenciando a loucura de fazer home office com crianças pequenas enfurnadas em casa:

Para as mães: Dicas para o home office não se transformar em hell´s office nesta quarentena

O que vocês acharam destas dicas? Têm alguma para acrescentar? Deixe aqui nos comentários.

Foto em destaque: Photo by Alexa Williams on Unsplash


Para as mães: Dicas para o home office não se transformar em hell´s office nesta quarentena

Boa parte do mundo, incluindo o Brasil, entrou em “quarentena” ou confinamento diante da pandemia do coronavírus (covid-19). E, de repente, muitos trabalhadores estão tendo que lidar com uma nova realidade: o home office. Este tipo de trabalho remoto demanda muita disciplina e foco para ser produtivo. Agora, imaginem a realidade das mães, em especial de crianças pequenas, que estão se vendo em casa, tendo que trabalhar, executar tarefas domésticas e cuidar das crias, tudo junto e ao mesmo tempo. Isso pode ser uma verdadeira loucura, por isso, algumas mães na internet já estão chamando o home office de “hell´s office (escritório do inferno, em tradução livre)”. 

Imagem de hell´s office que tem feito sucesso na internet esses dias
Imagem de hell´s office que tem feito sucesso na internet esses dias

Faço home office desde 2014, mas o grande desafio veio quando Elis nasceu, em junho de 2018. A produtividade despencou e foi difícil me manter trabalhando até ela entrar em uma “brinquedoteca/creche”, espaço onde ela passa a manhã e eu, devagar, consegui retomar o ritmo de trabalho. Agora, com o confinamento, tive que me reorganizar para conseguir trabalhar e não pirar com uma bebê de 1 ano e 8 meses, em casa, e que ainda mama. Confesso que a primeira semana foi um caos, mas agora já consegui me planejar melhor e vou  compartilhar com vocês algumas dicas que podem ajudar o home office não se transformar em hell´s office. Ah! Este post é dedicado às mães porque normalmente são elas que acumulam todos esses papeis, mas pode atender a qualquer cuidador que se veja nesta situação neste momento.

1) Chame o parceiro (a) para assumir sua responsabilidade

Tentando trabalhar com Elis, fazendo tudo ao contrário do que compartilhei aqui
Tentando trabalhar com Elis, fazendo tudo ao contrário do que compartilhei aqui

A primeira coisa a se fazer é chamar o (a) parceiro (a) para uma conversa. Falar da necessidade de cada um organizar o seu tempo e dividir as tarefas. Aqui em casa, por exemplo, Fred faz home office com horário mais ou menos definido (tem que fazer 8h por dia, preferencialmente, pela manhã e tarde). Então, combinamos que ele começaria mais cedo do que o habitual e eu trabalharia no final da tarde para o início da noite.  Se você é mãe solo e mora sozinha com a cria e ainda tem que fazer home office, deixo o meu abraço, pois não sei muito o que dizer. Mas recomendo focar nas prioridades, se naquele momento é o trabalho, deixa a casa pra depois e não se culpe por deixar seu filho (a) mais tempo na tv do que você gostaria.

2) Defina uma rotina

Para tentar manter um mínimo de ordem e sanidade é importante definir rotinas no dia dia: do trabalho, da casa e das crianças, que como todo mundo sabe, se dão melhor com previsibilidade.

Se possível coloque tudo por escrito e visível para cada um saber das suas tarefas e horários e evitar a carga mental de ficar lembrando quem tem que fazer o que e a que horas.

3) Escolha um local de trabalho em que possa fechar a porta

Como falei no post “Dicas para fazer home office durante a quarentena” é importante ter um local de trabalho e, no caso das mães, é importante que seja um local em que possa fechar a porta. Se possível trabalhe com fone de ouvido para ignorar as batidinhas e os chamadinhos de “mãeee”. Deixe claro para todos da casa que só irá abrir a porta em caso de real necessidade.

4) Converse com as crianças sobre a nova realidade

Crianças, mesmo as pequenas, têm uma capacidade de entendimento muito maior do que normalmente supomos. Então, converse com os filhos para explicar sobre seu novo esquema de trabalho. Diga que você terá horário para brincar, cuidar da casa e também para trabalhar. Sempre que necessário, repita todo o discurso.

5) Cumpra a sua parte no combinado

Sabe quando trabalhar em casa se torna um verdadeiro inferno? Quando você tenta fazer tudo ao mesmo tempo. Almoço no fogão, criança no colo e olho no celular para responder alguma demanda no trabalho. É bem comum o almoço queimar, a criança começar a chorar ou fazer uma birra e você acabar cometendo um erro no trabalho. Então, se possível, cumpra o combinado, obedeça a rotina e tire um tempinho pra cada coisa. Nessa primeira semana eu estava cometendo esse erro e levei umas duas mordidas de Elis (que está chegando aos maravilhosos 2 anos) que queria atenção enquanto eu resolvia coisas do trabalho e de casa. 

6) Não fique tentada a parar tudo para arrumar a casa

Um dos maiores problemas para as mulheres, mães, donas de casa que precisam fazer home office é se sentir tentada a parar o trabalho para arrumar a casa. Nesse caso, volto a repetir, tente cumprir a rotina. A parte boa de estar confinada é que não vai aparecer nenhuma visita surpresa, então, você pode deixar a casa para depois. Tenha em mente suas prioridades do dia.

7) Converse com seu/sua superior para trabalhar por produtividade

Se você trabalha para alguma empresa e está tendo que fazer home office, excepcionalmente, neste período de quarentena, tente negociar trabalhar por produtividade e não com horário estabelecido. Argumente que tem as crianças em casa e que cumprir o horário comercial não é muito viável.

8) Procrastine!

Essa dica é oposta a que dei no post “Dicas para fazer home office durante a quarentena. Mas no caso das mães de crianças pequenas é totalmente necessário. Aproveite o seu horário de trabalho, trancada em um cômodo, para tirar uns minutinhos para descansar e procrastinar, garantindo assim um pouco da sua sanidade.

9) Não se culpe!

O último conselho é: não se culpe. Não se culpe se você tem que deixar seu filho mais tempo nas telas do que gostaria, se tem que fazer uma comida mais simples, se a casa está bagunçada ou se não está no auge da sua produtividade. Estamos vivendo uma situação única, estamos todos vivendo uma pressão absurda e mais culpa materna não vai nos ajudar em nada.

As demais dicas sobre home office, você pode ler no post já citado: 

Dicas para fazer home office durante a quarentena

Dicas para fazer home office durante a quarentena.

Espero que este post ajude você a aliviar um pouco da tensão do hell´s office.  Essas são algumas dicas e não regras que você têm que se apegar a ela. Ah! Queria dizer que este blog é mantido por duas mães de bebês que fazem home office, eu (@karlalarissa) e Carla Uyara (@carlauyara), é uma loucura, mas a gente se vira! =)

Se você tem outra dica, coloca aqui nos comentários, ou então compartilha com a gente como está sendo a situação aí neste período de confinamento. Estamos juntas!


Coronavírus: RN decreta estado de calamidade pública e Justiça permite que hotel na Via Costeira seja utilizado como hospital de campanha

O Governo do Rio Grande do Norte publicou nesta sexta-feira (20) decreto de calamidade pública, em função da pandemia do novo coronavírus. Nesta sexta, o maior shopping de Natal, o Midway Mall, divulgou nota esclarecendo que a partir deste sábado (21), irá suspender o atendimento ao público por tempo indeterminado. Apenas o supermercado, as farmácias e as clínicas que funcionam no shopping continuarão abrindo. O Natal Shopping também divulgou suspendeu das atividades até 21 de abril. Outros shopping, como o  Partage Norte Shopping e o Shopping Cidade Jardim, reduziram o horário de atendimento, das 12h às 20h. 

Na última quarta-feira (18), o governo emitiu portaria sobre o fechamento temporário do Cajueiro de Pirangi, um dos principais cartões postais do estado por 30 dias.

A Justiça do Trabalho do Rio Grande do Norte disponibilizou, em decisão publicada na noite desta quinta-feira (19), o prédio onde funcionava o Hotel Parque da Costeira, localizado na Via Costeira, em Natal, para ser transformado em um hospital de campanha para pessoas diagnosticadas com o novo coronavírus.

O último boletim epidemiológico divulgado pelo Rio Grande do Norte foi na quarta-feira (18), quando havia 108 casos notificados no RN, 32 casos já foram descartados e os 75 casos suspeitos ainda aguardam resultados dos exames laboratoriais.

Calamidade pública

O decreto de calamidade pública é basicamente uma garantia para o governo para poder aumentar os gastos públicos e estabelecer medidas de emergência de saúde pública e se baseia no artigo 65 da Lei Complementar Federal nº 101, de 4 de maio de 2000 (a chamada Lei de Responsabilidade Fiscal – que estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal).

De acordo com o governo do RN, em princípio, serão investidos R$ 40,5 milhões para controle da doença no RN, dentre os quais R$ 35,7 milhões irão para Saúde; R$ 1,8 milhão para Administração Penitenciária; e R$ 3 milhões para ações de defesa do consumidor pelo PROCON. A aquisição das tornozeleiras eletrônicas para impedir que a pandemia se alastre no sistema prisional contou com o auxílio de R$ 300 mil do Tribunal de Justiça (TJ).  O governo ainda prevê contratação de pessoal, via processo seletivo simplificado e abertura de mais de 100 novos leitos de UTI.

Em outro decreto publicado na última quarta-feira (18), o suspendeu, em caráter temporário e sob o argumento da prevenção do novo Coronavírus, uma série de atividades que aglomerem pessoas. O desrespeito às determinações configurará crime previsto no artigo 268, do Código Penal. Foram suspensas temporariamente as atividades escolares presenciais nas unidades da rede pública e privada de ensino, no âmbito do ensino infantil, fundamental, médio, superior, técnico e profissionalizante, pelo período inicial de 15 (quinze) dias; as atividades coletivas, eventos de massa, shows, atividades desportivas e congêneres, com a presença de público superior a 100 (cem) pessoas, sejam públicos ou privados, ainda que previamente autorizados; e todas as feiras, exposições e eventos, aprazados para os próximos 60 (sessenta) dias, que possibilitem aglomeração de pessoas.

A publicação também recomenda à população que evite frequentar espaços tais como academias, shoppings centers, teatros, cinemas e feiras livres para evitar circulação de pessoas.

Suspensão de voos internacionais

Na última terça-feira (17), a governadora do RN, Fátima Bezerra solicitou à Agência Nacional de Aviação (Anac) e à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a suspensão de todos os voos internacionais com destino ao Rio Grande do Norte. 

Uma das principais companhias aéreas a operar voos internacionais no estado, a TAP Air Portugal cancelou na quarta-feira (18) até o dia 28 de abril todos os voos vindos de Portugal. 

Hotel pode ser usado como hospital de campanha*

A Justiça do Trabalho do Rio Grande do Norte disponibilizou, em decisão publicada na noite desta quinta-feira (19), o prédio onde funcionava o Hotel Parque da Costeira, localizado na Via Costeira, em Natal, para ser transformado em um hospital de campanha para pessoas diagnosticadas com o novo coronavírus. A requisição foi feita horas antes da decisão pela Prefeitura de Natal.

A decisão do juiz do trabalho responsável pela Divisão de Inteligência (Dint) do Tribunal Regional do Trabalho da 21ª Região (TRT-RN), Cacio de Oliveira Manoel, autoriza o uso das instalações físicas por parte do Poder Executivo municipal enquanto durar a pandemia.

O prédio onde funcionava o Hotel Parque da Costeira se encontra sob a jurisdição da Justiça do Trabalho para o pagamento de indenizações trabalhistas. O imóvel foi objeto recente de leilão promovido pelo TRT-RN. Como a proposta de compra apresentada foi inferior ao valor mínimo do lance inicial permitido pelo Código de Processo Civil (CPC), a venda não foi possível.

*Com informações do Tribunal de Justiça do Trabalho


Tire suas dúvidas sobre remarcação e cancelamento de passagens – Entrevista com advogada Daisy Mattos sobre MP 925

Daisy Mattos, advogada do direito do consumidor

Foi publicada nesta quinta-feira (19), no Diário Oficial da União, a MEDIDA PROVISÓRIA Nº 925, que dispõe sobre medidas emergenciais para a aviação civil brasileira em razão da pandemia da covid-19. Para explicar melhor sobre esta MP e  tirar dúvidas sobre os direitos do consumidor nos casos de cancelamento e remarcações de passagens aéreas, o Compartilhe Viagens entrevistou a advogada Daisy Mattos, especialista em direito administrativo e consumidor. 

Compartilhe Viagens: Nessa situação de pandemia, onde aeroportos estão sendo fechados, e a recomendação é de ficar em casa, mesmo quem comprou passagem sem reembolso em caso de cancelamento passa a ter este direito?

Daisy Mattos: Até então não existia uma lei que obrigasse as companhias fazerem mudanças ou cancelamentos sem custos. Na prática quase todas as companhias já estavam oferecendo esse benefício aos passageiros. Nesta quinta-feira (19), foi publicada a Medida Provisória 925/20 que estabelece que “Os consumidores ficarão isentos das penalidades contratuais, por meio da aceitação de crédito para utilização no prazo de doze meses, contado da data do voo contratado.” Isso se aplica aos contratos de transporte aéreo firmados até 31 de dezembro de 2020.

Qual a orientação que você dá para quem vai fazer remarcação ou mudança? O ideal é fazer tudo por email para ficar registrado?

Todas as companhias estão informando que será possível a remarcação e reembolso, inclusive oferecendo o call center como alternativa de contato. Sucede que , na prática não está funcionando bem. Eu mesma tive uma viagem cancelada pela própria companhia, mas quando eu entro pelo site para pedir o reembolso, o sistema mostra que só terei direito ao reembolso da taxa de embarque. Apesar juridicamente existir o direito ao reembolso integral

Então, minha recomendação é para que o consumidor tente registrar tudo, preferencialmente por e-mail ou fazendo prints na tela do computador ou celular durante o processo de cancelamento/ remarcação dos bilhetes. Em caso de atendimento por telefone, peça o protocolo ou confirmação por e-mail.

Para quem pediu reembolso, já existe um prazo definido para ser ressarcido?

Sim, esta Medida Provisória 925/20, publicada nesta quinta (19) determina um prazo de até 12 meses para as companhias aéreas reembolsarem os consumidores o valor das viagens compradas até 31 de dezembro de 2020 e que acabaram canceladas devido a epidemia do novo coronavírus.

No caso de brasileiros que ficaram “presos” em países por terem as fronteiras fechadas. A quem eles podem recorrer?

Neste caso, não tem o que fazer, somente esperar decisão do governo brasileiro. Isto está ocorrendo em Portugal e os brasileiros estão fazendo protestos diários em frente a Embaixada brasileira. Mas o problema é global.

As companhias aéreas estão dando um prazo para remarcação de nova data. Você orienta definir o quanto antes ou melhor aguardar um pouco mais?

O ideal é aguardar mais pois as regras e ações estão mudando a todo tempo, a exemplo desta Medida Provisória. E os órgãos de proteção dos consumidores como por exemplo Procon deverão fazer ações objetivando a proteção dos consumidores.

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Rafael Neddermeyer/Agência Senado