Quando vocês pensam nas atrações turísticas do Rio Grande do Norte, o que vem a cabeça? Aposto que praia, dunas, lagoas… mas, provavelmente, nunca imaginaram que poderiam visitar castelos também, né? No post sobre o município de Carnaúba dos Dantas, já apresentei a vocês o Castelo de Bivar, construído por um morador carnaubense inspirado em um filme épico. Mas este não é o único do RN. Mais próximo de Natal, a 120 km, no município de Sítio Novo (de 5,3 mil habitantes), está o Castelo Zé dos Montes, construído por José Antônio Barreto, em razão de uma visão, que teve ainda quando criança. O castelo está aberto a visitação nos fins de semana e é um passeio bem interessante.
José Antônio, conhecido como Zé dos Montes, era criança quando teve uma visão no município de Pedro Avelino, onde nasceu. Era uma aparição de Nossa Senhora que teria dito a ele para construir uma igreja. As visões se repetiram ao longo da vida dele, chegando a acontecer 13 vezes.
Quando adulto Zé dos Montes, que é militar aposentado, começou a construir os castelos pelo Nordeste. Comprou diversos terrenos e começou várias construções. A quantidade de construções e onde foram feitas é um mistério até hoje.
Foi em 1984 que Zé dos Montes começou a construir o castelo de Sítio Novo. O terreno fica a 400 metros de altitude e oferece uma vista muito bonita da paisagem da região, que tem bastante formação rochosa e vegetação.
A construção levou 25 anos e, por dentro, ainda não está completamente pronta. Zé dos Montes sempre construiu tudo com ideias da cabeça dele, por isso, o castelo não tem um estilo muito definido, apesar de lembrar construções de arquitetura mourisca. Também não se sabe o quanto foi investido na construção, que foi erguida por Zé dos Montes com ajuda de pedreiros contratados por ele.
Mas, se nas visões Nossa Senhora mandava construir uma igreja, por que ele construiu um castelo? Isso também não se sabe exatamente, pois Zé dos Montes gosta de fazer mistério, mas dentro do castelo tem vários espaços que seriam como capelas. E Zé dos Montes parece ser mesmo fã de castelos, pois, em Natal, ele vive em outro castelo que construiu, que fica no bairro das Quintas.
Toda essa história quem me contou foi o filho dele, Joseildo Gomes, que é quem administra a visitação turística do castelo hoje. Segundo o filho, Zé dos Montes não gosta muito da ideia do seu castelo ser atração turística e começou a cobrar entrada justamente como uma solução para evitar os visitantes indesejados que entravam no terreno sem autorização. “Ele pensava que ninguém ia querer pagar para entrar”, me contou o Joseildo.
Atualmente, o Castelo Zé dos Montes recebe visitantes não só do RN, mas de todo o Brasil e exterior. “Hoje, por exemplo, recebemos turistas da Suíça e da Alemanha”, me disse no dia em que visitamos o castelo, em julho deste ano (2017).
A parte de dentro do castelo é bem rústica, com piso de areia, e boa parte da construção é um labirinto, com partes muito estreitas que podem causar desespero em quem sofre de claustrofobia. Mas é uma visita divertida, especialmente, na companhia de crianças. Lá do alto do castelo, temos de recompensa uma bela vista.
O castelo também é muito procurado para ensaios fotográficos, que precisam ser agendados. Para as visitas turísticas, o castelo está aberto aos sábados de 9h às 17h e aos domingos de 8h às 17h. A entrada é R$ 10 por pessoa. Lá também funciona um restaurante, com opções de almoço e lanches.
Contato: (84) 98751-8972 (Joseildo Gomes)
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Carnaúba dos Dantas, a 219km de Natal, na região do Seridó do Rio Grande do Norte, é um município pequeno, com apenas 8 mil habitantes, mas cheio de atrativos turísticos. Entre eles estão o sítio arqueológico Xique-xique, com pinturas rupestres estimadas em 9 mil anos; o Monte do Galo, lugar que atrai romeiros de todo o Brasil, e o Castelo de Bivar. Tanto potencial ainda é pouco aproveitado e o município ainda não recebe tantos turistas quanto deveria, mas aos poucos vai sendo descoberto por turistas locais, nacionais e até mesmo estrangeiros.
Nós visitamos Carnaúba dos Dantas, durante nossa viagem pelo RN com os nossos sobrinhos, que incluiu também o sítio arqueológico do Lajedo Soledade, em Apodi; a cidade de Martins e o Castelo Zé dos Montes, em Sítio Novo.
Como chegar
Onde ficar
Nós não nos hospedamos em Carnaúba dos Dantas, pois estávamos em uma viagem que incluiu outros destinos. Mas existem duas opções de pousadas na cidade, Maria Bonita (Mirna – 84 98798-7738) e Carnaúba ( Edilza – 84 8700-2540).
Sítio Arqueológico Xique-Xique
Para visitar os sítios arqueológicos Xique-xique, agendamos antecipadamente com o guia Carlinhos (Damião Carlos Dantas), que nos levou também ao Monte do Galo. Encontramos com Carlinhos no centro da cidade e de lá seguimos de carro para a fazenda Xique-xique, onde estão os sítios arqueológicos.
A entrada é de R$ 5 por pessoa, além da taxa do guia que foi de R$ 100 pelo grupo e todo o passeio que durou em torno de 4h.
Os sítios Xique-Xique foram registrados em 1924, pelo carnaubense, José de Azevedo Dantas. Mas só em 1961 foi declarado Patrimônio Cultural Nacional, estando protegido por lei. Com isso, a destruição das pinturas ou remoção de qualquer material do local, passou a constituir crime, com pena de multa ou detenção.
Segundo Carlinhos nos explicou as pinturas dos sítios Xique-xique teriam aproximadamente 9 mil anos e fazem parte da chamada tradição Nordeste, sub tradição Seridó. As pinturas do sítio arqueológico que visitamos no Lajedo Soledade são de outra tradição, chamada de Agreste, e estima-se que tenham cerca de 5 a 6 mil anos. “Quando a gente fala em pinturas rupestres não estamos falando dos índios que estiveram aqui no período do descobrimento do Brasil ou no período da chamada Guerra dos Bárbaros. Mas estamos falando dos ancestrais desses povos”, nos esclareceu o guia.
As pinturas dos sítios Xique-xique representam animais, plantas e figuras humanas, algumas delas com ornamentos, como cocares, armas, máscaras e outros instrumentos. As imagens compõem cenas de rituais, caçadas, e outras atividades da vida cotidiana. “Os principais temas dos painéis são dança, caça, luta e sexo. Isso nos painéis que são bem definidos. Mas também temos painéis de grafismos puros, que são pinturas abstratas, que não sabemos o significado”, nos contou Carlinhos.
As pinturas foram feitas no Quartzito, rocha predominante na região, usando óxido de ferro (conhecido como pedra tauá ou limonito) para as cores vermelha e amarela, caulim envelhecido para a cor branca e carvão vegetal para o preto. “O óxido de ferro usado para o vermelho e amarelo é o pigmento mais comum e também foi usado em pinturas rupestres em outras partes do mundo”, ressaltou Carlinhos.
Nos sítios Xique-xique também tem petroglifos, que são gravuras esculpidas na rocha, chamadas de Itaquatiara, na língua tupi guarani.
Carlinhos nos explicou que pela facilidade de acesso e preservação das pinturas, os sítios Xique-xique estão os principais deste tipo de tradição. As imagens são bem diferentes das que vimos no Lajedo Soledade, por isso, vale a pena visitar os dois.
O guia também nos contou que os povos que fizeram as pinturas não habitavam o lugar. “Eles vinham principalmente para ter uma visão privilegiada, um ponto estratégico de defesa e retratavam o cotidiano. Nas pinturas vemos araras, macacos, capivaras. O que mostra que tínhamos uma biodiversidade completamente diferente, que foi transformada pela ação do homem, inclusive, tínhamos aqui um rio perene que já não existe mais”.
Após o desaparecimento dos povos que habitaram a região do Seridó no período pré-histórico, as pinturas ficaram esquecidas por anos e anos, até serem registradas por José Dantas. Quando tornou-se Patrimônio Cultural ficou sob responsabilidade do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), autarquia do governo federal. Para o local estar apto para receber visitas turísticas foram construídas escadarias, pontos de apoio, murais explicativos e passarelas. Também são feitas ações de controle de insetos, plantas e outros elementos que interferem na preservação das pinturas.
Nós visitamos os sítios Xique-Xique 1 e 2, que são os mais acessíveis e também mais importantes. O Xique-Xique 4 também é de fácil acesso, mas estávamos com pouco tempo para fazer a visita. As pinturas são impressionantes pelos detalhes. No Xique-Xique 1, a quantidade delas é enorme. Os nossos sobrinhos também adoraram a visita, que pode ser feita por pessoas de qualquer idade, desde que tenha condições de subir as escadas e fazer a caminhada.
Castelo de Bivar (ou Di Bivar)
No caminho entre o sítio Xique-xique e o Monte do Galo, passamos pelo Castelo de Bivar. Construído em 1984, pelo carnaubense José Ronilson Dantas, o castelo está fechado há alguns anos para visitas porque está em reforma. Mas paramos para fazer uma foto do lado de fora da cerca, que tem um aviso bem claro para não entrar na propriedade.
O castelo tem inspiração medieval e foi construído por José Ronilson com a ideia de ser sua residência, inspirado no filme El Cid, de 1961, que segundo a Wikipedia, conta a história romanceada da vida do cristão e maior herói do Reino de Castela o cavaleiro Don Rodrigo Díaz de Bivar, chamado de “El Cid” (do árabe as-Sidi, que significa “O Senhor”).
Uma pena o castelo está fechado, pois se estivesse aberto para visitas, poderia atrair ainda mais turistas para o pequeno município de Carnaúba dos Dantas.
Monte do Galo
A maior parte dos visitantes que Carnaúba dos Dantas é de romeiros que vão pagar promessa para Nossa Senhora das Vitórias, subindo o Monte do Galo, que tem 155 metros de altura.
A subida ao Monte é de cerca de 800 metros, passando pelas 12 estações, que representação a Via Sacra de Cristo, construída pelas famílias da cidade. Lá no alto do monte, tem a igreja de Nossa Senhora das Vitórias, a sala dos ex-votos, onde as pessoas vão pagar suas promessas, a estátua do galo e o cruzeiro. Além de uma bonita vista para o planalto da Borborema e para a cidade de Carnaúba dos Dantas.
De acordo com Carlinhos, o Monte é um lugar místico e ele mesmo conta que já teve uma experiência espiritual lá. “Eu estava no alto do Monte, próximo ao galo, quando vi uma mulher de azul, entrar na capela. Quando desci para conversar com ela, não tinha ninguém. Uma mulher se dirigiu à capela, vestida de azul, e quando desci, não tinha mais ninguém na capela. Meus cabelos ficaram todos arrepiados”, conta.
A história do Monte do Galo começou no século 19. Antes, a colina se chamava Serrote Grande até que o fazendeiro da região Antônio Dantas e seus funcionários ouviram o cantar do galo, no alto do monte. Em 1928, a população construiu uma estátua do galo para lembrar a história.
No mesmo ano, outro carnaubense, Pedro Alberto Dantas, doou uma imagem de Nossa Senhora das Vitórias para o Cruzeiro, construído pela Igreja no alto do Monte do Galo. A imagem foi trazida por ele do Pará, onde Pedro trabalhava durante os anos do Ciclo da Borracha, após ter sido curado de beribéri, uma doença causada pela deficiência de vitamina B1, que pode ter como sintomas cãibras musculares, visão dupla e confusão mental.
Segundo nos contou Carlinhos, Pedro, que estava entre a vida e a morte, quando viu uma a aparição de uma mulher com manto azul e rosa que dizia ser Nossa Senhora das Vitórias. Pedro ficou curado e resolveu voltar para Carnaúba, trazendo uma imagem de Nossa Senhora das Vitórias.
A história do município
Como vocês perceberam todo mundo no município tem o sobrenome Dantas. Carnaúba dos Dantas foi criado no ano de 1953, tendo sido desmembrado do município de Acari. O nome da do município faz referência a este tipo de palmeira, que é abundante na região, e a família Dantas, proprietária das fazendas que existiam onde hoje é o município.
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