Partindo da cidade de Salta, Argentina, é possível conhecer algumas das mais belas paisagens da região andina do norte do país. Vários passeios de um dia ou mais são oferecidos pelas agências de turismo da cidade. Porém, quem quiser conhecer melhor a região, uma boa opção é alugar um carro. Um dos roteiros que podem ser feitos de carro é o Valle Calchaquies, uma rota praticamente circular com cenários extraordinários, que fizemos em 3 dias da seguinte forma: de Salta a Cafayate (Quebrada de las Conchas), Cafayate a Cachi (Quebrada de las Flechas) e de Cachi a Salta (Parque Nacional los Cardones).
Dicas gerais
– O roteiro pelo Valle Calchaquies (Salta-Cafayate-Cachi-Salta) é de pouco mais de 500 km. A maior parte do trajeto é por asfalto, mas há trechos por estrada de terra batida. No entanto, é possível fazer a viagem em carro de passeio simples, preferencialmente, com ar condicionado/aquecedor.
Veja o mapa do roteiro:
https://goo.gl/maps/3jsdTFE1Xur (Carregue offline antes de sair e marque estrelas nos pontos que pretende visitar)
– Em Salta há várias agências de turismo onde é possível alugar o carro e algumas locadoras de carro. No centro da cidade é possível fazer uma rápida pesquisa para encontrar o melhor custo benefício.
– Lembre-se de sair com o tanque cheio, pois no trajeto entre as cidades praticamente não há postos de gasolina.
– Leve água e comida para os passeios durante o dia, pois nas “Quebradas” não há restaurantes, lanchonetes ou lojas.
– Três dias é o tempo mínimo que recomendo para fazer esse roteiro, mas gostaria de ter passado pelo menos duas noites em Cafayate (lembre-se que o “y” tem som de “x” em espanhol argentino) para ter tempo de conhecer as vinícolas da região.
– Apesar das cidades serem pequenas, como saímos muito cedo e chegávamos à noite em cada cidade, fizemos as reservas das hospedagens com antecedência pelo Booking.com.
Em Cafayate, nos hospedamos no Hostel Casa Arbol e em Cachi no Hotel Pueblo Antiguo.
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Valle Calchaquies – De Salta a Cafayate
O Valle Calchaquies se estende pelas províncias de Catamarca, Tucumán, Jujuy e Salta. Além das paisagens únicas, formada por desertos, montanhas, florestas, o Valle é de grande importância histórica e cultural para a região, tendo sido cenário para a expansão da cultura de Tiahuanaco (650 a 850 dC) e do estado lnca, em meados do século 15. No século 16, veio a colonização espanhola.
Dentro do Calchaquies, há vários vales e “quebradas”. No caminho entre Salta e Cafayate, seguindo pela Ruta 68, fica a “Quebrada de las Conchas” ou “Quebrada de Cafayate”, que tem início na cidade de Alemania, a 107 km da cidade de Salta.
A Quebrada de Las Conchas é um profundo vale de 75 km de extensão, que foi formado a mais de 90 milhões de anos, a partir de erosões causadas pelo rompimento de grandes lagos que ficavam entre as montanhas da região.
Las Conchas recebe esse nome porque na região foram descobertas conchas e fósseis de conchas. A paisagem em tons de rosa e ocre se deve ao óxido de ferro presente no solo.
Entre Salta e Cafayate são 197 km e, sem paradas, levaria cerca de 3h de carro. Porém, como as paisagens da Quebrada de las Conchas merecem várias paradas, o ideal é sair cedo de Salta e reservar o dia inteiro para o passeio. Lembre-se da dica que dei acima de levar comida e água.
Entre os pontos de visitação da “Quebrada de las Conchas” estão:
La Garganta del Diablo (141 km de Salta)
Essa formação rochosa é Patrimônio Cultural da Comunidade indígena Suri Diaguita Kalchachi e considerada por eles, a Porta para o “Inframundo”.
El Anfiteatro (142 km)
Ao lado de La Garganta del Diablo, El Anfiteatro também é considerado Patrimônio Cultural da Comunidade indígena Suri Diaguita Kalchachi, sendo a porta para o “Supramundo”.
Mirador Tres Cruces (153 km)
Este mirante tem uma das vistas mais bonitas para a Quebrada e para o rio de las Conchas. Recebe esse nome porque tem 3 cruzes de madeira no alto do monte.
El Sapo (153 km) e El Fraile (155 km)
Bem próximo ao mirante das Tres Cruces, quase na estrada, fica a formação do “El Sapo” e do outro lado do rio, lá do alto do mirante, pode-se ver outra figura natural esculpida na rocha, chamada “El Fraile” por se assemelhar a um frade franciscano com os braços cruzados e túnica.
El Obelisco (165 km) e Los Castillos (168 km)
Outras esculturas naturais famosas em Las Conchas são El Obelisco e Los Castillos, este último, a formação mais bonita, na minha opinião. Portanto, parada imperdível.
Todas essas paradas estão sinalizadas por placas na estrada. A maioria delas fica bem próximo a pista ou é necessário andar apenas um pouco.
Cafayate
A cidade de Cafayate foi a nossa escolha para passar a primeira noite. Mas como disse antes, gostaria de ter passado pelo menos mais um dia para conhecer algumas das vinícolas da região.
Cafayate tem menos de 12 mil habitantes. É uma cidade bem charmosa, com construções coloniais no estilo espanhol. Nos arredores da cidade que faz parte da Ruta del Vino estão dezenas de vinícolas.
O cultivo de vinho na região foi introduzido pelos jesuítas no século 18. A altura dos vales (Cafayate fica a 1,683 metros de altitude) e o clima contribuem para a boa qualidade dos vinhos. Entre as uvas tintas produzidas na região estão Cabernet Sauvignon, Malbec, Tannat, Bonarda, Syrah, Barbera e Tempranillo. E para o vinho branco produzido em Cafayate destaca-se a cepa Torrontés.
Como falei, ficamos apenas uma noite em Cafayate (Hostel Casa Arbol), pouco tempo, mas foi suficiente para conhecermos o centrinho da cidade. Na praça principal 20 de Febrero estão a Catedral Nuestra Señora del Rosario, o mercado de artesanatos, restaurantes e algumas bodegas, onde são vendidos os vinhos da região.
Na manhã seguinte também acompanhamos um desfile de 9 de Julio, dia da Independência da Argentina.
Outro passeio que fizemos em Cafayate foi visitar a finca San Isidro, onde é possível ver algumas pinturas rupestres em uma pequena caverna. A entrada é gratuita. Lá do alto é possível ter uma bonita vista para as montanhas do entorno de Cafayate.
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Valle Calchaquies – De Cafayate a Cachi
De Cafayate seguimos pela Ruta 40 até Cachi. Este trecho é cheio de curvas e boa parte dele é de estrada de barro. São cerca de 160 km que levam cerca de 3h30, sem considerar as paradas. Então, recomendo não sair muito tarde de Cafayate.
Neste trecho fica a “Quebrada de las Flechas”, que tem uma paisagem muito peculiar. As rochas, esculpidas pelo vento e pelas fortes chuvas de verão, lembram flechas fincadas no chão.
Uma parada obrigatória é o Mirador El Ventisqueiro em Angastaco, de onde é possível ter uma vista panorâmica de las Flechas.
Esse trecho é ainda mais desértico do que a Quebrada de las Flechas, com pouquíssimos visitantes, pelo menos, no período que visitamos, que foi o inverno. No caminho quase não há nada. então, lembre-se de levar água e comida para a viagem.
A cidade em que passamos a segunda noite, Cachi fica aos pés do Nevado de Cachi, uma cadeia montanhosa formada por 9 picos, que atraem montanhistas de todo o mundo. O pico mais alto é o Liberador Gral San Martin com 6.380 msnm.
Cachi fica a 2.280 metros de altitude e é um pouco menor que Cafayate com aproximadamente 7 mil habitantes. A maioria descendente da cultura Diaguita-Calchaqui com influência incaica.
Conhecemos apenas a praça principal de Cachi e a igreja de San José, Monumento Histórico Nacional, construído no século 18. Além da igreja, na praça principal da cidade fica o Museu Arqueológico Pío Pablo Díaz, que não chegamos a visitar, e também restaurantes e lojinhas.
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Valle Calchaquies – De Cachi a Salta
No terceiro e último dia da viagem de carro pelo Valle Calchaquies, visitamos uma das atrações mais famosas da província de Salta, o Parque Nacional los Cardones.
Os cardones são um tipo de cactos que chegam a 10 metros de altura. Na verdade, os sobreviventes, pois nos primeiros 8 ou 10 anos, os Cardones chegam a apenas 5 cm e tem pouca capacidade de armazenar água e , por isso, podem morrer.
Antes de chegar ao parque, pudemos admirar a beleza dos picos do Nevado de Cachi.
O Parque Nacional los Cardones ocupa uma área de 65 mil hectares. E a entrada é gratuita.
Existem alguns mirantes em que é possível ver o parque do alto e ter uma visão melhor da imensidão de Los Cardones.
Depois do parque, no caminho de volta até Salta, fizemos poucas paradas, uma delas na Piedra del Mollino, a 3.457 metros de altitude, onde fica a capela de San Rafael. O lugar é tão alto que não dava para ver nada lá embaixo, com tudo coberto por névoa.
A estrada depois desse ponto é bem estreita e sinuosa, além de vários trechos estarem com neblina, devido a altitude. Então, atenção redobrada neste trecho.
De Cachi a Salta são 160 km, cerca de 3h de carro sem contar as paradas. Recomendo, então, se organizar para devolver o carro apenas no dia seguinte para aproveitar o dia com mais calma.
Lembro que Salta é uma cidade muito bonita e interessante, então, não esqueça de reservar no mínimo um dia (foi o tempo que ficamos, mas recomendo mais também) para conhecê-la. O nosso roteiro na cidade já está aqui no blog: