A cidade de Salta, capital da província argentina de mesmo nome, é escolhida, por muitos viajantes, como base para conhecer a região andina no Norte do país. Em quéchua, a língua dos Incas, “Sarta”, como era chamada por eles, significa “A Linda”. O nome faz jus a bela cidade colonial, cercada por montanhas. Nós dedicamos 1 dia para conhecer o centro histórico de Salta e acompanhamos um free walking tour, que considero uma ótima maneira de conhecer cidades em um curto tempo.

A Catedral de Salta é o ponto de partida do free walking tour
A Catedral de Salta é o ponto de partida do free walking tour

O free walking tour de Salta, sai às 10h, de segunda a sábado, de frente a Catedral. São 2 horas de passeio com guia em dois grupos: inglês e espanhol. A empresa que oferece o passeio é a Salta Free Walks. Nós fizemos o tour com o guia Homero, que deu ótimas explicações, enquanto apresentava a cidade.

Plaza 9 de Julio
Plaza 9 de Julio

Começamos o tour no Parque Plaza 9 de Julio, onde estão a Catedral Basílica de Salta, o Museu de Arte Contemporânea, Museu de Arqueologia de Alta Montanha e o Cabildo. Esses dois últimos visitamos depois do walking tour.

Nosso guia, Homero e o grupo do free walking tour
Nosso guia, Homero e o grupo do free walking tour
Plaquinha com o nome da rua em Salta
Plaquinha com o nome da rua em Salta

No período colonial, Salta fazia parte da rota Camino Real dos espanhóis e era uma cidade estratégica, por estar na metade entre Lima e Buenos Aires. A cidade era dividida entre os ricos, que viviam ao Norte do centro, e os pobres, ao Sul. A Plaza 9 de Julio é o ponto central da cidade, onde começam os números dos prédios, a partir do 0, contando de Norte a Sul e de 500, de Leste a Oeste.

A Calle Caseros, que fica em uma das laterais da praça, era a antiga Calle do Comércio, o centro da movimentação comercial de Salta no período colonial. Se vocês observarem nas ruas do centro histórico de Salta

Azulejos nas calçadas indicam rota turística em Salta
Azulejos nas calçadas indicam rota turística em Salta

tem plaquinhas com o nome atual e o antigo e uma breve explicação sobre os nomes. Nas calçadas, também tem plaquinhas com setas, que indicam uma rota turística que pode ser feita por conta própria. Mas como são pisadas o tempo todo, nem todas estão em boas condições.

Depois da praça principal, seguimos para a Igreja de São Francisco, um dos prédios mais antigos da cidade. Os espanhóis sempre que fundavam uma cidade, construíam primeiramente uma igreja franciscana ou jesuíta.

 

Igreja de São Francisco de Salta
Igreja de São Francisco de Salta

A Igreja de São Francisco de Salta tem uma torre independente, que mede 54 metros de altura, sendo o campanário mais alto da América do Sul. Esta igreja tem uma bela fachada e um interior muito bonito também. Durante o tour, é dado um tempo para visitá-la.

Ao lado da igreja fica o Convento San Bernardo, que foi o primeiro hospital da cidade. Hoje funcionam como um claustro, onde vivem 19 freiras enclausuradas. A mais nova tem 30 anos e entrou há 12 anos. Depois que as freiras entram no Convento, não podem sair, nem para visitar as pessoas de fora. Antigamente, elas não podiam falar com ninguém. Mas hoje em dia, elas podem conversar entre elas e falar com outras pessoas pelas janelas. Também hoje em dia é permitido desistir da vida enclausurada.

Convento San Bernardo
Convento San Bernardo

A porta do Convento foi toda feita a mão por nativos, em 1762, e foi doada por uma família rica da cidade. Na porta estão talhadas imagens que representam o ciclo da vida. A porta também tem abertura que permitia a entrada de carruagens.

 Avenida General Güemes
Avenida General Güemes

Depois do Convento, caminhamos em direção a avenida General Güemes, uma rua muito bonita, cheia de casarões, até chegarmos ao Monumento General Martín Miguel de Güemes, um importante personagem da independência argentina.

Monumento General Martín Miguel de Güemes
Monumento General Martín Miguel de Güemes

O general Güemes, era criollo (descendente de espanhol nascido na América Latina), nascido em Salta, e criou uma guerrilha para lutar na revolução contra os espanhóis pela independência da Argentina.

O monumento em sua homenagem que fica em um parque, em uma parte alta de Salta, celebra a comunhão entre a guerrilha de Güemes e o exército de Manuel Belgrano, outro militar independentista, que foi o criador da bandeira argentina.

Aliás, a Argentina comemora a Independência em duas datas, 25 de maio, data que marca a Revolução de Maio, quando em 1810, os argentinos declararam independência, começando uma guerra contra a Espanha e 19 julho, quando em 1816, houve de fato o reconhecimento da independência.

O free walking tour termina na Plaza Manuel Belgrano, onde fica o prédio onde funcionou a primeira cadeia de Salta, no século 17, que atualmente funciona como um prédio administrativo da Polícia.

Como todo free walking tour não é cobrado um valor fixo, mas é esperado que se pague uma gorjeta ao guia no final. Como comentei, Homero deu ótimas explicações e o tour foi uma boa maneira de começar a conhecer a cidade.

Se quiser almoçar antes de passear mais pela cidade, os restaurantes que nos foram recomendados por Homero foram o Viracocha e o Doña Salta. Este último fica próximo a igreja São Francisco e foi a nossa escolha, pois nos disseram que tinha as melhores empanadas da cidade. O restaurante é bem chiquezinho e o preço não é tão acessível, mas os pratos são bem saborosos. Se você procura algo mais em conta, pode ir também ao Mercado Municipal San Miguel, que tem vários restaurantes com pratos regionais.

Também há muitos restaurantes na chamada região Macrocentro, que fica nos arredores do centro histórico, e é considerada o Palermo de Salta.

Museu de Arqueologia de Alta Montanha
Museu de Arqueologia de Alta Montanha

Para completar o roteiro de 1 dia em Salta, visitamos o Museu de Arqueologia de Alta Montanha. O museu funciona de terça a domingo, das 11h às 19h30.

O MAAM preserva a descoberta arqueológica chamada de Filhos do Llullaillaco, que são crianças que foram sacrificadas há mais de 500 anos, em cerimônias incas, no alto do vulcão Llullaillaco, que fica na fronteira entre Argentina e Chile. Em 1999, uma expedição arqueológica descobriu as múmias dessas crianças e objetos que foram enterrados junto com elas, que estão hoje em exibição no museu. A descoberta foi fundamental para os cientistas estudarem esses rituais incas.

Devido às condições climáticas da montanha, as múmias são consideradas as mais bem preservadas do mundo. As múmias do museu são La Doncella, de 15 anos de idade; El Niño, de 7 anos de idade; e La Niña del Rayo, de 6 anos, que foi chamada assim porque caiu um raio em cima dela e queimou parte do rosto, braços e sua roupa. As múmias não ficam todas em exposição ao mesmo tempo.

Além da coleção, o MAAM traz explicações sobre o mundo andino e a cultura Inca. A entrada custa 130 ARS para adultos. Não é permitido fotografar dentro do museu.

Crianças vestidas com roupas de personagens da história argentina no Cabildo
Crianças vestidas com roupas de personagens da história argentina, em visita escolar ao Cabildo

Depois do museu visitamos ainda o Cabildo, prédio da antiga prefeitura de Salta, que funciona hoje como um museu com peças históricas, quadros, móveis, objetos que pertenceram ao General Martín Miguel de Güemes e a sua família e também do Gral. Manuel Belgrano, como uniformes, armas e objetos pessoais. No andar de baixo, tem ainda uma exposição de carruagens. E da varanda do Cabildo é possível ter uma vista para a praça principal. Funciona de terça à sexta (das 9h30 às 13h30 e das 15h30 às 20h30), sábados (16h30 às 20h30) e domingos (das 9h30 às 13h30). Entrada gratuita.

Varanda do Cabildo
Varanda do Cabildo

Para fechar o dia em Salta é imperdível fazer o passeio de teleférico no Cerro San Bernardo. É possível subir o cerro caminhando, mas é uma boa subida. Por isso, recomendo ir mesmo de teleférico. Funciona todos os dias, das 10h às 18h30. O bilhete ida e volta custa 200 ARS por adulto. O endereço de partida do teleférico é: Av. San Martín esquina com Hipólito Irigoyen.

Vista do alto do Morro San Bernardo
Vista do alto do Morro San Bernardo

O cerro está a 1471,92 metros de altitude e a cidade de Salta, a 1187 metros. Além da vista incrível para a cidade e para as montanhas, lá no alto do Cerro tem jardins, uma fonte artificial, lojas de artesanato, anfiteatro.

A cidade se iluminando após o pôr do sol
A cidade iluminada após o pôr do sol

Recomendo ir no fim da tarde para ver o pôr do sol e o anoitecer lá do alto. Um fim de dia perfeito.

Onde ficar em Salta

Coloria Hostel
Coloria Hostel

O ideal em Salta é ficar o mais próximo possível do centro histórico e da praça principal. Nós nos hospedamos no Coloria Hostel, que fica a 200 metros da praça principal. O hostel é grande com quartos compartilhados e privativo, com banheiro compartilhado. Tem uma área de uso comum bem espaçosa e jardim com piscina. O café da manhã está incluído na diária.

Eles oferecem transfer para o aeroporto (pago a parte), e opções passeios para os arredores de Salta e também tem parcerias com locadora de carro, que deixam o carro lá. Nós alugamos o carro com eles e ocorreu tudo bem.

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