Roteiros: Um Mini Guia de Fernando de Noronha

Olá Viajantes!

A cada dia a participação dos viajantes colaboradores me surpreende mais. Os destinos escolhidos são cada um mais lindos do que o outro e os relatos cada vez mais detalhados e cheios de dicas importantes para quem desejar visitar o lugar. E o post de hoje ilustra bem isso. A jornalista potiguar Samysia Barbosa nos enviou um roteiro cheio de dicas de um dos lugares mais belos do Brasil e que deve estar na lista dos sonhos de todos os brasileiros: O arquipélago de Fernando de Noronha!

Fernando de Noronha por Samysia Barbosa

Por ter familiares em Fernando de Noronha, já visitei o arquipélago algumas vezes. E sempre que retorno a Natal, a sensação é a mesma: quero voltar. Todos os clichês do mundo valem pra descrever o Parque Nacional Marinho, que fica a 360 km de Natal. É um paraíso, um destino inesquecível, o caribe brasileiro, paixão à primeira vista. Noronha é um daqueles cantos do mundo que você DEVE incluir na lista de lugares pra conhecer.

Aqui vão algumas dicas pra quem vai visitar (e se apaixonar!) pela primeira vez. Aproveite! =)

Como chegar

Já que os natalenses não votaram em Miguel Mossoró e a ponte Natal-Noronha infelizmente não foi construída, o jeito é ir de avião ou em algum cruzeiro. Quem quiser aproveitar mais a ilha, no entanto, deve escolher a primeira opção. Os voos saem de Natal diariamente – pouco mais de 50 minutos depois da decolagem já é hora de desembarcar. Prepare o bolso: antes de entrar, pague a Taxa de Preservação Ambiental de R$ 43, 20 por dia. Pra evitar fila, é possível fazer o pagamento antes, pela internet. E vem mais taxa por aí! http://oglobo.globo.com/boa-viagem/turistas-deverao-pagar-nova-taxa-para-visitar-noronha-3840679

Onde ficar

Noronha tem pousadas pra todos os gostos. Pra se ter uma ideia, são mais de 100! Se o dinheiro está sobrando, aproveite algumas das melhores: a Pousada Maravilha (com uma vista incrível que justifica o nome), a Zé Maria – símbolo da ilha – e a novinha em folha Triboju são algumas das mais luxuosas. Mas se você quer apenas um lugar pra dormir bem e com bons serviços, as hospedagens domiciliares dão conta. Minha experiência na pousada Mar Azul foi ótima: sem luxos, mas com bom café da manhã, quartos confortáveis e preço justo (é bom dizer: em se tratando de Noronha, preço justo ainda é um tanto caro!).

O que fazer

Muita gente acha que um final de semana é suficiente pra aproveitar tudo que Noronha oferece. Pela minha experiência de quatro vezes por lá, digo com segurança: não é. Mas, se esse é o tempo que você tem, só resta aproveitar e otimizar cada hora com esses passeios.

Ilha Tour: se você puder fazer apenas um passeio em Noronha, que seja esse. No Ilha Tour, é possível conhecer boa parte das praias, fazer snorkel, descer a famosa escada do Sancho (a praia mais bonita do Brasil!) e tirar a foto clássica de cartão postal no Mirante da Baía dos Porcos, com os morros Dois Irmãos ao fundo. No fim, ainda tem o pôr do sol no mirante do Boldró. Preço: em média, R$ 70 por pessoa.

Passeio de barco: se o Ilha Tour é o passeio essencial, esse aqui é o melhor da ilha, na minha opinião. O barco passa por todas as praias do mar de dentro – aquele voltado para o continente. Os turistas com sorte assistem a um show de piruetas dos golfinhos rotadores, que costumam acompanhar o barco. Os passeios saem cedo do porto todos os dias e alguns oferecem um ótimo almoço na embarcação. Preço: em média, R$ 150.

Mergulho com cilindro: com um tempinho a mais e alguma coragem de sobra, vale muito a pena ver de perto o fundo do mar em Noronha, um dos melhores lugares do mundo para mergulho. Os batismos – como são chamados os primeiros mergulhos – são realizados nas ilhas secundárias. Garantia de ver incontáveis variedades de peixes, tartarugas, corais… Preço: em média, R$ 300. Dica: se quiser registrar tudo, é bom alugar uma câmera subaquática por R$ 50 a diária.

Tartaruga vista durante mergulho com cilindro

Projeto Tamar: as palestras do projeto são quase que obrigatórias para todos os turistas. Sempre à noite, abordam muitos temas, desde a história da ilha até a vida dos tubarões – a mais concorrida. Uma ótima oportunidade de aprender mais sobre o lugar. É lá também que fica a lojinha do Tamar, com boas opções de lembrancinhas. Aviso: o preço não é lá dos melhores na loja.

Pizzaria: aos domingos, o samba na pizzaria é a melhor opção pra curtir a noite e, aos sábados, tem reggae. Os dois dias são ótimos.

Bar do Cachorro: Noronha também tem forró! O Bar do Cachorro fica bem próximo à pizzaria e logo acima da Praia do Cachorro. Turistas, nativos e (juro!) cachorros se encontram aqui na noite do lugar. Música até às 4h da madruga!

>>> Dica de amiga: se você quiser aproveitar bem o dia, não exagere à noite. Os passeios, apesar de maravilhosos, derrubam qualquer um. Depois de um ilha tour, por exemplo, tudo que você quer é uma cama. E pra dormir. O ideal é badalar com moderação pra acordar a tempo de curtir o sol do outro dia. =)

Onde comer

Varanda: na minha opinião, o melhor da ilha em todos os quesitos – pratos, atendimento, ambiente. É comandado pelo simpático chef Auricélio Romão. Dica: o gratinado de frutos do mar é pra comer de joelhos e o ‘caipisaquê’ de kiwi é o melhor da ilha.

Pousada Maravilha: mesmo (ou principalmente) se você não vai se hospedar na Maravilha, vale a pena passar por lá para aproveitar a gastronomia do restaurante, aberto ao público. Além de ficar bem de frente para a linda praia do Sueste, você certamente vai provar ótimos pratos. Dica: o milk-shake negresco é o melhor do mundo!

Vista do Restaurante da Pousada Maravilha

Zé Maria: a pousada tem o mais famoso festival gastronômico da ilha. Às quartas e sábados, é servido jantar especial, incluindo entradas, buffet, sobremesas, café e licores. Preço: R$ 108 por pessoa.

Mergulhão:assim como na pousada Maravilha, aqui a vista é o que mais chama atenção. Os pratos de frutos do mar são deliciosos. Dica: esqueça a dieta do Herbalife e faça-se um favor pedindo o petit gateau picante na hora da sobremesa.

Xica da Silva: restaurante super chamoso e com ótimos petiscos. Bom pra ir à noite, jogar conversa fora e tomar bons drinks depois de um dia cheio de passeios.

Flamboyants: se gastronomia não for o seu forte, vale aproveitar o restaurante dos Flamboyants. Self-service, boa comida e preço bem mais em conta. É o lugar onde o bolso menos sofre em Noronha. =)

Na Moita: dá pra entender o porquê do nome dessa pizzaria logo na entrada. Antes de chegar até as mesas, árvores e mais árvores. A melhor pizza de Noronha é servida aqui. Dica: não demore muito pra chegar – o número de pizzas por noite é limitado!

>>> Listei aqui os meus preferidos, mas são muito mais opções em Noronha. Boa parte das pousadas têm restaurantes abertos ao público. Teju Açu e Triboju são duas ótimas pedidas, apesar do preço um tanto mais salgado.

As (melhores) praias

O jornal New York Times, em um guia de praias da América do Sul, disse que “Noronha tem tantas praias espetaculares, que fica difícil escolher apenas uma”. É verdade. Listei aqui as minhas preferidas. (Para linkar: http://travel.nytimes.com/frommers/travel/guides/central-and-south-america/brazil/frm_brazil_0813020110.html)

Praia do Sancho: é considerada a mais bonita do Brasil. O mar em diferentes tons de azul é a recompensa depois de uma pequena trilha e da interminável escada do Sancho, com mais de 200 degraus. É aqui que os barcos param para um mergulho durante o passeio. Imperdível. As fotos – sem photoshop – falam por si só.

Praia do Leão: considerada a terceira mais bonita do Brasil, o Leão fica em primeiro lugar no meu ranking. Mesmo durante a época do ano em que é possível mergulhar no que mais parece uma piscina de ondas, a praia é deserta. Leve guarda sol e tudo o que for preciso.

Baía dos Porcos: coloque sem medo no seu roteiro por Noronha. A paisagem é incrível e a praia, ótima para um mergulho. O acesso é feito somente pela praia Cacimba do Padre, depois de atravessar algumas pedras. Aprenda: nada é muito fácil em Noronha – é preciso suar um pouco pra chegar até os lugares mais bonitos.

Sueste: junto com a praia do Porto, a do Sueste está entre as de mais fácil acesso. Durante os passeios de Ilha Tour, é parada para mergulho de snorkel. Prepare-se para encontrar muitas tartarugas, peixes de todas as cores e arraias no meio do caminho.

Praia da Conceição: de longe, a mais badalada de Noronha. O clima é bem parecido com a Praia do Amor, em Pipa, com a diferença de que a estrutura aqui é menor. Bom pra praticar surf em boa parte do ano. O bar Duda Rei (prepare-se para a facada) fica à beira mar e oferece um bom banho de ducha, além de drinks, cervejas e petiscos. É aqui que fica o Morro do Pico, uma das paisagens mais famosas da ilha.

Cacimba do Padre: conhecida pelos campeonatos de Surf, a praia é aquela onde você vê os Dois Irmãos bem de perto. Linda e com ondas de até 5 metros de altura!

Praia do Cachorro: posso ser repetitiva? Mar calmo, transparente e paisagem maravilhosa. Uma boa amostra de tudo que Noronha oferece. Vá!

Atalaia: a única praia da ilha com acesso controlado pelo IBAMA. São permitidas apenas 100 pessoas por dia nesta ‘piscina natural’. A água transparente faz dela um dos melhores pontos pra usar o snorkel e ver de perto o banco de corais. É um passeio ótimo, mas indicado apenas pra quem vai ficar mais de três dias em Noronha. O acesso é feito através de uma trilha curta de 2 quilômetros. Preço: em média, R$ 60 por pessoa. Dica: se você quiser ver tubarão, as chances são grandes por aqui. 😉

Como andar por lá

Apesar de o arquipélago ser pequeno, não é das coisas mais fáceis do mundo andar por ele. As praias – com exceção da Sueste e do Porto – costumam ser alcançadas depois de longas caminhadas. Por isso, o ideal é alugar um buggy e aproveitar mais o tempo. Vale muito a pena mesmo. Mas se essa opção não puder ser cogitada, apele para as caronas e para o ônibus Noronhão, que faz o caminho de uma ponta a outra da ilha.
Quando ir

Noronha é um lugar lindo em todas as épocas do ano, mas sempre há aquele período em que o sol forte e o mar calmo contribuem. Nos meses de março, abril e maio, costuma chover e é a partir de julho que a água fica mais paradinha, deixando a paisagem ainda mais bonita.

Curiosidades

– Noronha tem a segunda menor BR do país, com apenas 7 quilômetros. De um ponto a outro, nenhum semáforo. Isso é que é mobilidade!

– Dar e pedir carona é a coisa mais normal na ilha. Ofereça sempre que puder e não tenha medo de aceitar. Eu sobrevivi a todas! =)

– O nome do arquipélago vem de Fernan de Loronha, designado por Portugal donatário da capitania hereditária. O detalhe é que ele nunca conheceu o lugar.

– O arquipélago foi, por 201 anos, um presídio. Uma das consequências disso foi o desmatamento: árvores eram arrancadas para evitar que os presos construíssem jangadas e fugissem. Agora os projetos de preservação correm atrás do prejuízo.

– Noronha recebe cerca de 60 mil turistas por ano. Pelas minhas ótimas experiências, aconselho: prepare seu roteiro e faça parte dessa lista!