A nossa Volta ao Mundo começou de fato nas Filipinas. Pois, viajar por países desenvolvidos, como Inglaterra e Cingapura, por onde passamos antes, é muito fácil, afinal tudo funciona. Mas é nos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimentos que nos aprimoramos na arte de viajar.

Em 18 dias no país, entre meados de abril e início de maio, viajamos de avião, barco, ônibus, van, jeepney (jeep customizado que serve de micro-ônibus) e triciclo. Não foi fácil, os transportes não saiam no horário; uma viagem que poderia durar 8 horas acabava em 11 horas; em uma das vezes o ônibus quebrou, em outra, tivemos que pedir carona e até ganhei um ´galo´ na cabeça de tanto sacolejar em um ônibus, enquanto tentava tirar um cochilo. Mas, mesmo com todas as dificuldades, nas Filipinas nos sentimos em casa.

Viajando de jeepney! Essa folga toda é só na hora que todo mundo desce para comprar comida!
Viajando de jeepney! Essa folga toda é só na hora que todo mundo desce para comprar comida!

Rua do nosso hotel em Manila
Rua do nosso hotel em Manila

Como poderíamos imaginar que um pais com mais de 18 mil km de distância do Brasil guardasse tantas semelhanças. O clima, a vegetação, as frutas, as praias, mas principalmente o povo filipino nos lembraram muito o Brasil.

Os filipinos, em sua maioria, são católicos (80%), têm um sorriso fácil, adoram falar alto e jogar conversa fora, descansam em redes, são loucos por música e apaixonados por novela e esporte. A única diferença é que, ao invés, do futebol, o basquete é o esporte número 1. Onde houver um filipino haverá uma cesta de basquetebol.

As crianças são ainda mais especiais. Estavam sempre sorrindo para nós, diziam Oi! e chamavam para brincar. Em uma tarde em uma praia em El Nido, um menino me convidou para jogar frisbee. Começamos só nós dois e de repente vieram mais crianças e no final eram quase 15!! Quando fomos embora, disse Tchau e eles responderam: vejo você amanhã! Pena que não pude voltar.

Brincando com as crianças filipinas
Brincando com as crianças filipinas

Mas as semelhanças entre Brasil e Filipinas, infelizmente, não ficam apenas nos pontos positivos. No país, a desigualdade social também é gritante, o que é muito visível na capital,  Manila, onde mais da metade da cidade é tomada por favelas e outra parte por prédios modernos e de alto padrão. E isso é resultado também da corrupção política no país, que por acaso, tem uma campanha eleitoral exatamente como a brasileira: cartazes por toda parte, carros de som com paródias de músicas famosas, camisetas, comícios e compra de votos. A segurança no país também não parece ser das melhores, pois em todos os estabelecimentos, desde mercadinhos até shoppings, há seguranças privados que submetem os clientes a revistas e detector de metais.

Tantas coincidências entre os dois países, talvez, sejam em função do clima tropical e da cultura latina, uma vez que, por mais de 300 anos, as Filipinas foram colonizadas por espanhóis. No entanto, a maior influência no país é dos Estados Unidos, que controlou o arquipélago no final do século 19. Por isso, o inglês é a língua oficial nas Filipinas, juntamente com o Tangalog. O que facilitou muito nossas vidas, pois em Tangalog só conseguimos aprender a dizer ´muito obrigado (a)´, Salamat Po. Pouco, mas o suficiente para expressar o nosso sentimento de gratidão pelas Filipinas, por tudo que vimos, vivemos e aprendemos.

*Texto publicado no jornal Tribuna do Norte com acréscimo  para o Compartilhe Viagens.

 


Comentários