Olá viajantes!
Hoje vamos fazer uma viagem a um dos lugares mais lindos do Brasil: a Chapada Diamantina, na Bahia. Com uma diversidade incrível de paisagens e inúmeras opções de passeios capaz de agradar desde aventureiros à turistas convencionais. O texto foi escrito pela jornalista, Lívia Cavalcanti, que faz parte do grupo de APNs (Aventureiros por Natureza), e traz tudo que você precisa saber sobre a Chapada, além de fotos de tirar o fôlego e que dão vontade de sair correndo para lá.
Boa viagem!
Chapada Diamantina por Lívia Cavalcanti
Sabe aqueles lugares que você não pode deixar de ir durante sua vida? Pois é, a Chapada Diamantina, na Bahia é um deles. Aliás, diga-se de passagem, o nosso Brasil é cheio desses lugares. Costumo dizer que só parto para expedições no exterior depois de ter conhecido, pelo menos em parte, o estilo de cada região do nosso país.
Mas, voltemos à Chapada Diamantina. O lugar permite todo perfil de visitante, desde os mais aventureiros – que é o meu caso – até os mais convencionais. É possível conhecer belezas naturais tanto fazendo pouco esforço físico, se deslocando mais de carro como também a pé, fazendo trilhas na “natureza selvagem”. Mas, aviso de antemão: a máxima “os lugares mais inacessíveis são os mais bonitos” é verdadeira. Portanto caso queira desfrutar desses locais, prepare-se fisicamente.
Mas, vamos ao que interessa:
Sobre a Chapada
A Chapada Diamantina fica localizada no estado da Bahia e é caracterizada por sua região cheia de montanhas, vales e rios. Em virtude dessa configuração é rica em cachoeiras e mirantes com visuais exuberantes. Desde 1985 a região é considerada Parque Nacional abrangendo uma área de 1.520 km² .
Onde ficar
Nesse entorno, as cidades de Andaraí, Ibicoara, Itaeté, Lençóis, Mucugê e Palmeiras são tidas como apoio para os turistas, com destaque incontestável à cidade de Lençóis. É lá onde há maior estrutura turística e por isso mesmo, é a que conta com maior movimentação. Mucugê também oferece alguma estrutura, semelhante à Lençóis, já as outras oferecem estadias mais “alternativas”. Tem pra todo gosto e bolso! Desde campings até hotéis mais luxuosos.
Mas, independente da escolha de onde ficar, tudo na Chapada Diamantina é muito distante, exigindo grandes deslocamentos de carro, salvo pouquíssimos locais que são próximos à Lençóis. Acho que por isso mesmo o valor dos passeios são tão caros (ao olhar de uma aventureira). A média é de 100 reais por passeio, podendo ser um pouco mais ou um pouco menos, dependendo do lugar. Além disso, a maioria dos lugares turísticos (fora as trilhas na mata) é privada. Todos cobram taxas.
Quanto tempo ficar
Se você vai partir de um local distante, aconselho que se programe para passar pelo menos uma semana, pois há muito para ver. Já fui por duas vezes e pretendo voltar a terceira. Quantas vezes for, certamente terá algo diferente para ver. Até mesmo porque o Parque é imenso e a distância do lado norte ao lado sul chega a cerca de 250 km.
O que visitar
Essa será a parte mais difícil de escrever neste post. Precisaria de vários para ser justa. Mas, falarei dos lugares que conheci pessoalmente e indico. De certa forma, os roteiros poderiam ser divididos em duas categorias: “leves” e “pesadas”. Aqui, vou listar apenas os leves que qualquer um pode fazer, de crianças a idosos. Já a segunda exige maior esforço. Não precisa ser atleta, mas é necessária preparação física e psicológica.
Leves
Estão nessa categoria os locais aonde se chega de carro. No máximo andam-se poucos minutos para chegar aos locais.
Orquidário – Para quem gostar de flores é um prato cheio. É uma propriedade privada que cobra cerca de R$ 12,00 reais na entrada e tem dentro um espaço chamado “Espaço do Garimpeiro”. Lá você vê peças usadas da época do garimpo. É um local de passagem, já que fica no caminho de vários roteiros na chapada, como o Morro do Pai Inácio e Mucugezinho/ Poço do Diabo.
Mucugezinho/Poço do Diabo – A cachoeira do rio Mucugezinho fica no caminho para o Morro do Pai Inácio. O rio tem seu leito de pedras formando diversas cachoeiras, sendo o maior o Poço do Diabo. Anda-se uns 20 minutos para ver tudo isso. Como é de fácil acesso, costuma ter bastante gente. Um restaurante na beira da estrada é referência da entrada da trilha.
Morro do Pai Inácio – Nesse local temos a vista mais clássica da chapada. Chega-se de carro na sua base. O local não é privado, porém há um grupo voluntário que cuida da visitação e costuma pedir “qualquer quantia” para ajudar a manter o trabalho. A subida leva cerca de meia hora. Cansa um pouquinho, mas nada que umas paradas para respirar não resolvam. É legal subir com algum desses guias voluntários, pois eles contam umas histórias legais e te dizem os nomes dos morros etc. A hora mais indicada para visitá-lo é no final da tarde, pois uma das principais atrações é o por do sol visto lá de cima. Ou seja, você pode sair para outro local do dia e terminar o passeio lá.
Torrinha – Quando pesquisar coisas sobre a chapada vai ver em todo canto a sugestão para ir à “Gruta Lapa Doce”. Faz parte do roteiro de cavernas de lá. Mas eu particularmente optei pela caverna da Torrinha, que é hoje uma das mais completas do Brasil, comparando-se em variedade de formações às cavernas da França. Tem de tudo: estalactite, estalagmite, cristais, vulcões, flor de aragonita. Mas esse é o tipo de passeio para apreciadores mesmo. Leva-se cerca de duas horas a visita e lá é muito quente, além de muito cheio de poeira. Por isso ficamos muito cansados no fim. Em alguns momentos precisa baixar, subir. E assim: pra quem for claustrofóbico não aconselho. Para entrar na parte que interessa tem que entrar numa passagem mínima. Mas, vale muito à pena. Como é propriedade privada, cobra uma taxa de cerca de 20 reais para entrar. Um guia entra com você e te explica tudinho!
Pratinha – No mesmo dia que visitar a Torrinha, é possível visitar a Fazenda Pratinha. São apenas 6km de distância entre uma e outra. Bom, esse é o tipo de local que tem uma mega estrutura. Pousada, restaurante, aluguel de cavalos, quadriciclo, flutuação, tirolesa. E por isso mesmo é um dos locais que considero mais “mercenário”. Só para entrar cobra-se cerca de R$ 15,00. A partir daí, qualquer coisinha que queira fazer é cobrada por fora. Destaco a flutuação na gruta pratinha que tem águas límpidas. É um passeio que, apesar de valer à pena, você sai com a sensação de que foi “roubado”, risos. Esse é o passeio mais família que existe, pois há uma parte que eles chamam de prainha que, se quiser, pode passar o dia lá dentro da água.
Gruta azul – Para não dizer que não falei nada, vou fazer constar. A gruta azul fica dentro da fazenda Pratinha e na verdade não é grande coisa. Ela tem uma hora e período específicos de visitação a qual vale à pena. Depois de abril até setembro mais ou menos. Por causa da incidência da luz do sol, que dá um efeito azul na água. Mas, é só contemplação. Só não é dispensável, porque ir à Pratinha e não ir nela é quase impossível, pois ficam a 200 metros de distância uma da outra. Mas aviso: não vá com expectativas. Depois de visitar o poço azul, você vai entender o motivo.
Poço Azul – Um dos lugares mais exuberantes da Chapada, mas também um dos mais distantes. Mesmo assim, se tem que decidir aonde ir, inclua-o! Como a maioria das coisas lá, fica em propriedade privada e por isso paga-se cerca de R$ 15,00 para entrar. Por questões de preservação só podem entrar 12 pessoas ao mesmo tempo na caverna com água. Sim, lá pode entrar na água. É uma delícia. Você recebe colete e snorkel para ver tudo debaixo d’água. Por isso não fique triste em ter que escolher, por exemplo, entre o Poço Encantado e o Poço Azul. Escolha o azul, pois lá se mergulha. O encantado apenas contempla-se. No mais, os cuidados com o horário da visitação são importantes, pois o efeito da luz do sol intensifica-se entre 13h e 15h. A época do ano também altera o visual, mas fui em dois momentos diferentes do ano (janeiro e setembro), e achei sensacional mesmo assim.
Maribuns/Remanso – Esse local é muito interessante por ser bem diferente de tudo que se vê na Chapada. É considerado o pantanal nordestino, pois abriga um rio (remanso) com águas caudalosas e que se transformam em um espelho natural. Para chegar lá, o destino é a comunidade quilombola do Maribuns/Remanso. São duas horas de passeio de barco sem motor, apenas no braço! Claro, um guia preparado para isso deve ir junto. É o passeio mais tranqüilo da chapada. Silêncio, apenas sons de pássaros, plantas aquáticas e um céu de meu Deus lindo! O fim do passeio é no rio roncador, onde há um espaço com piscinas naturais. Verdadeiras “jacuzes”. É bom para um dia de descanso.
Finalizando
Bom, se continuar escrevendo, não paro mais! Acredito que esses sejam locais possíveis de ir num período de uma semana. Algumas coisas importantes: as águas da chapada são geladíssimas, chegando a uns 18 graus mais ou menos. Além disso, apesar de potáveis, são muito escuras pela quantidade de ferro. Isso quer dizer: roupas de banho claras serão manchadas. Então nada de biquíni novo mulherada!
A maioria dos passeios que citei pode ser feita de maneira independente, sem guias. Claro, ressalvados os locais que já possuem por questão de segurança, como na caverna Torrinha e por necessidade física (risos), como o caso das duas horas de remada no braço! Hoje, com o Google Earth temos rotas traçadas facilmente bastando pegar algumas referências e distâncias. Fui dessa forma! Aliás, tenho um mapa detalhado com as rotas para todos esses lugares. Mas isso só viável caso vá de carro próprio. E vale muito à pena, garanto. Pode até estender os roteiros, como visitar a cidade das pedras Igatu (considerada a Machu Picchu brasileira), o cemitério bizantino em Mucugê e a coisa mais sensacional da Chapada: a Cachoeira do Buracão! Mas sobre ela, falo uma outra vez! Só pra ter uma ideia, ela fica no extremo sul da chapada, já perto de MG! Dependendo da referência, é longeee! A foto vai só pra dar o gostinho!
Caso não vá de carro, a forma de ir é pegando voo até Salvador e de lá seguir de ônibus para a cidade escolhida. Dependendo da escolha, você pode passar de 6h a 8h dentro de um ônibus. Para Lençóis, por exemplo, são cerca de 6h por R$50,00 a passagem. Mas, caso planeje-se bem, há a opção de ir voando. A passagem área de Salvador para Lençóis custa a partir de R$ 79,00 e tem dias específicos de saída (senão me engano segundas e quintas). Acho que o conforto vale a diferença de preço.
E para acabar: ficar atento ao período do ano é imprescindível! Com muita chuva não é bom! Pois estamos falando de um local de rios, automaticamente “tromba d’água. Fui nos meses de janeiro e setembro e foi excelente.
Bom, por hoje é só! Se Larissa deixar, outros dias têm mais! Ainda faltou falar do meu lado “natureza selvagem”. Coisa de passar cinco dias andando em trilhas, dormindo no mato, de maneira selvagem. Que acha? Topa mais essa aventura?
Fotos: Arquivos dos APNs
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