Sítio Arqueológico Xique-Xique
Para visitar os sítios arqueológicos Xique-xique, agendamos antecipadamente com o guia Carlinhos (Damião Carlos Dantas), que nos levou também ao Monte do Galo. Encontramos com Carlinhos no centro da cidade e de lá seguimos de carro para a fazenda Xique-xique, onde estão os sítios arqueológicos.
A entrada é de R$ 5 por pessoa, além da taxa do guia que foi de R$ 100 pelo grupo e todo o passeio que durou em torno de 4h.
Os sítios Xique-Xique foram registrados em 1924, pelo carnaubense, José de Azevedo Dantas. Mas só em 1961 foi declarado Patrimônio Cultural Nacional, estando protegido por lei. Com isso, a destruição das pinturas ou remoção de qualquer material do local, passou a constituir crime, com pena de multa ou detenção.
Segundo Carlinhos nos explicou as pinturas dos sítios Xique-xique teriam aproximadamente 9 mil anos e fazem parte da chamada tradição Nordeste, sub tradição Seridó. As pinturas do sítio arqueológico que visitamos no Lajedo Soledade são de outra tradição, chamada de Agreste, e estima-se que tenham cerca de 5 a 6 mil anos. “Quando a gente fala em pinturas rupestres não estamos falando dos índios que estiveram aqui no período do descobrimento do Brasil ou no período da chamada Guerra dos Bárbaros. Mas estamos falando dos ancestrais desses povos”, nos esclareceu o guia.
As pinturas dos sítios Xique-xique representam animais, plantas e figuras humanas, algumas delas com ornamentos, como cocares, armas, máscaras e outros instrumentos. As imagens compõem cenas de rituais, caçadas, e outras atividades da vida cotidiana. “Os principais temas dos painéis são dança, caça, luta e sexo. Isso nos painéis que são bem definidos. Mas também temos painéis de grafismos puros, que são pinturas abstratas, que não sabemos o significado”, nos contou Carlinhos.
As pinturas foram feitas no Quartzito, rocha predominante na região, usando óxido de ferro (conhecido como pedra tauá ou limonito) para as cores vermelha e amarela, caulim envelhecido para a cor branca e carvão vegetal para o preto. “O óxido de ferro usado para o vermelho e amarelo é o pigmento mais comum e também foi usado em pinturas rupestres em outras partes do mundo”, ressaltou Carlinhos.
Nos sítios Xique-xique também tem petroglifos, que são gravuras esculpidas na rocha, chamadas de Itaquatiara, na língua tupi guarani.
Carlinhos nos explicou que pela facilidade de acesso e preservação das pinturas, os sítios Xique-xique estão os principais deste tipo de tradição. As imagens são bem diferentes das que vimos no Lajedo Soledade, por isso, vale a pena visitar os dois.
O guia também nos contou que os povos que fizeram as pinturas não habitavam o lugar. “Eles vinham principalmente para ter uma visão privilegiada, um ponto estratégico de defesa e retratavam o cotidiano. Nas pinturas vemos araras, macacos, capivaras. O que mostra que tínhamos uma biodiversidade completamente diferente, que foi transformada pela ação do homem, inclusive, tínhamos aqui um rio perene que já não existe mais”.
Após o desaparecimento dos povos que habitaram a região do Seridó no período pré-histórico, as pinturas ficaram esquecidas por anos e anos, até serem registradas por José Dantas. Quando tornou-se Patrimônio Cultural ficou sob responsabilidade do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), autarquia do governo federal. Para o local estar apto para receber visitas turísticas foram construídas escadarias, pontos de apoio, murais explicativos e passarelas. Também são feitas ações de controle de insetos, plantas e outros elementos que interferem na preservação das pinturas.
Nós visitamos os sítios Xique-Xique 1 e 2, que são os mais acessíveis e também mais importantes. O Xique-Xique 4 também é de fácil acesso, mas estávamos com pouco tempo para fazer a visita. As pinturas são impressionantes pelos detalhes. No Xique-Xique 1, a quantidade delas é enorme. Os nossos sobrinhos também adoraram a visita, que pode ser feita por pessoas de qualquer idade, desde que tenha condições de subir as escadas e fazer a caminhada.