O Camboja está entre aqueles países que tem gente que ama e gente que odeia. De tanto ler sobre o país antes da viagem, fui preparada para o pior e coloquei expectativa zero. Os nossos 10 dias no país foram muito intensos e temos lembranças péssimas, maravilhosas, tristes e alegres. Mas cheguei a conclusão que é um país que não pode ficar de fora do roteiro de quem viaja pelo Sudeste Asiático. Um país que causa mudanças em qualquer viajante, sejam elas quais forem. Mas, para que sua viagem pelo Camboja seja a melhor possível, é preciso antes saber de algumas coisas sobre o país. Destaquei 10 delas:
1- A travessia da Tailândia para o Camboja é infernal
Se você escolher por entrar no Camboja fazendo a travessia pela a Tailândia até Siem Reap, prepare-se para ter um dia infernal, provavelmente, o pior da sua viagem. Não importa quanto preparo você tenha, uma hora sua paciência vai acabar. Pesquisei muito antes de ir, mas não teve jeito, a nossa travessia foi um verdadeiro inferno. A cidade da fronteira cambojana, Poi Pet, é um caos, com muitos cassinos, vendedores ambulantes, carros, motos e pedintes. Os policiais responsáveis pela retirada do visto são completamente corruptos e o que deveria custar 20 dólares por pessoa acaba quase sempre saindo mais caro. Há também um forte esquema para enganar os turistas, que envolve agências de viagens, hotéis, empresa de ônibus e motoristas de tuk tuks. Ao final, a viagem, que deveria durar cerca de 6 horas, acabou em 12 horas.
Então, se você tiver grana, minha dica é: vá de avião! Comprando com antecedência, com certeza, valerá mais do que um dia perdido de viagem e muitos aborrecimentos. É possível encontrar preços bem acessíveis pela AirAsia, que, apesar do acidente recente, é uma companhia segura. A outra dica é: tire o visto pela internet. Aumenta um pouco mais do valor no local, mas você também economizará tempo e chateações. O visto online pode ser tirado neste site: https://www.evisa.gov.kh/
Se você insistir muito em fazer a travessia por rodovia, bata o pé e não pague a propina aos policiais. Eles são tão cara de paus que escrevem o valor da propina de caneta em uma folha de caderno e cobram o valor em Thai Bahts (THB), a moeda tailandesa. Também não caia no esquema do ônibus gratuito e prefira ir de táxi, mesmo que seja bem mais caro. Combine com outras pessoas, que com certeza será mais vantajoso.
2- Leve dólares americanos
O Riel (KHR), moeda do Camboja, só serve para passar troco. A moeda que é aceita em todos os lugares é o Dólar americano. Em muitos lugares, o Riel sequer é aceito. Mas você irá receber muitas vezes como troco e poderá usá-lo em pequenas compras e corridas de tuk-tuks. Para se ter ideia de quanto o Riel é valorizado, 1 dólar vale mais de 4 mil KHR. Veja a cotação atual: http://www.xe.com/currencyconverter/convert/?From=USD&To=KHR
3- Cuidado com a água
A água encanada do Camboja, em geral, não é tratada e mesmo nos hotéis sai da torneira com uma cor amarelo barrento, especialmente em Siem Reap. Portanto, use-a apenas para tomar banho e dar descarga. Jamais beba. Nos próprios hotéis eles colocam vários avisos alertando sobre os riscos de consumir a água encanada. Para beber, escovar os dentes e lavar o rosto, compre sempre água mineral. Só para você ter uma ideia, em Siem Reap, se você fizer xixi e der descarga, a água da descarga vai ser bem mais escura que o seu xixi! hehe
4- O repelente deve ser o seu melhor amigo
No Camboja, não importa para onde você vá. Terá mosquitos, aranhas e outros animais peçonhentos. Eu fui picada por uma aranha e meu pé ficou uma bola! Isso num lugar onde não tinha nem energia elétrica, quanto mais médico! Então, lembre-se: o repelente será seu melhor amigo. O repelente lá é tão item de necessidade básica que esqueci o meu por 30 segundos na mesa de um bar e o “dono” levou! Aproveitando que estamos falando no assunto, assim que chegar lá procure por “Tiger Balm” é uma espécie de vicky que serve para tudo, inclusive, curou minha picada de aranha e serve também para as picadas de mosquitos.
5- Trabalho infantil é uma realidade no país
O Camboja é um dos países mais pobres do Sudeste Asiático e tem uma história recente muito trágica. Infelizmente, ainda é comum ter muitas crianças trabalhando, principalmente vendo souvenires para turistas. No começo você vai com aquela cabeça ocidental de que não vai comprar para não estimular o trabalho infantil, mas logo percebe que a situação no país é bem complicada e que o trabalho daquelas crianças realmente é fundamental para o sustento familiar. Existem casos mais graves em que crianças são vendidas. O interessante é que muitas delas, bem novinhas, já sabem vender o produto em várias línguas, inclusive em português. Uma delas chegou para a gente e perguntou: vocês são do Brasil?, em inglês, com a afirmativa disse: a capital é Brasília. Enquanto muitos gringos, apostariam em Rio de Janeiro ou São Paulo. E ainda começou a contar, em bom português, e não espanhol, de 1 até 10, mostrando os cartões postais que vendia.
6- História trágica recente
Já que tocamos no assunto da história trágica no país, no Ocidente estuda-se muito pouco sobre o assunto, mas o Camboja vivenciou um dos mais terríveis genocídios da história recente da humanidade. Entre os anos de 1975 e 1979 regime do Khmer Vermelho, liderado por Pol Pot, executou cerca de 1,7 a 2 milhões de pessoas, cerca de 25% da população da época. Em sua loucura, Pol Pot perseguia principalmente pessoas de classe média e com boa formação escolar. Assim, foram mortos médicos, professores, servidores públicos, militares entre outros. Em função disso, a população do Camboja hoje +e composta quase que 50% por pessoas com menos de 22 anos de idade e é evidente que a maioria da população não tem boa formação escolar. Essa história trágica é contada na capital, Phnom Pehn, nos Killing Fields e no Genocide Museum.
7- Ainda há minas terrestres espalhadas pelo país
As minas terrestres, herança da Guerra do Vietnã, ainda não um problema no Camboja. O país está entre os países do mundo com mais causas de morte por minas terrestres e é comum ver pessoas mutiladas nas ruas. Por isso, é sempre importante consultar pessoas do hotel, agência ou do lugar sobre visita a regiões rurais, onde ainda estão as minas e fazer passeios para essas regiões sempre com um guia local. No nosso caso, preferimos evitar esses lugares.
8- O Angkor Wat é a maior estrutura religiosa do mundo
Até aqui, parece que só falamos de coisas negativas sobre o Camboja. Mas o país tem coisas lindas para se ver. A principal delas é a cidade de Angkor, Patrimônio Mundial da Unesco. Entre os templos de Angkor está o Angkor Wat, a maior estrutura religiosa já construída no mundo. Segundo a Wikipedia, Na área de Angkor foram encontradas mais de mil ruínas de templos, variando em escala de pilhas de escombros até o imponente templo Angkor Wat. O complexo como um todo é belíssimo e só ele já vale a ida ao Camboja.
9- O Camboja também tem belas praias
Como um bom país do Sudeste Asiático, o Camboja também tem belas praias. As mais famosas delas ficam em Sihanoukville. As mais bonitas ficam na ilha de Koh Rong. Mas viajar para lá é para os fortes, pois a ilha é completamente sem estrutura (roots meeesmo), o que para mim é um charme a mais. Mas para quem não encara o estilo roots é possível ir e voltar no mesmo dia. Só não vale perder o barco, pois só são dois por dia.
10- Uma das cervejas mais baratas do Mundo
No Camboja você provavelmente irá beber uma das cervejas mais baratas do Mundo. E olha que as locais Angkor e Cambodia são muito boas. Na hora do Happy Hour dá para tomar uma caneca (draft) por 1 dólar. Mas chegamos a tomar duas jarras por 3 dólares!! É ou não é um bom motivo para viajar para o país?? Ahh!! Ainda rolou 15 minutos de fish massage (aqueles peixinhos comendo as cutículas do pé! eca!) com cerveja gelada por 1 dólar, “sir”!
