A Bolívia foi o nosso 25° país. Já tínhamos visto muitos lugares incríveis por esse Mundo, mas o que vimos nos três dias de tour pelo Salar de Uyuni e região de Lipez parece coisa de outro planeta. O Salar de Uyuni é a atração número 1 do país. É a maior planície de sal do mundo, com 10.582 quilômetros quadrados, a 3.656 metros de altitude, isso em um país que sequer tem mar. Um imenso chão branco a perder de vista, que por vezes, reflete o azul e as nuvens do céu e proporciona uma sensação de estarmos mesmo em um paraíso. Ao visitar o Salar, é difícil de acreditar que os lugares que visitaremos nos dias seguintes irá nos impressionar. Mas a região de Lipez surpreende ao reunir Lagunas Altiplánicas, vulcões, montanhas, geysers, árvores de pedra, desertos e piscinas termais. Ao final dos três dias, você ainda pode escolher se retorna a Uyuni ou se cruza a fronteira com o Chile até San Pedro de Atacama.
Uyuni, a base para o Salar
O povoado de Uyuni é a base para o tour do Salar. Uma cidadezinha feia, que tem apenas uma pracinha, hostels, algumas lojas e agências de viagem. Ou seja, você só precisa ficar 1 noite antes de fazer o tour e, de preferência, chegue já a tarde. Apesar de pequena, Uyuni tem aeroporto, já que ali está a principal atração turística do país. Mas os voos costumam ser bem caros (você pode pesquisar os preços na caixinha do Voopter na home do blog). De ônibus, você pode sair de Potosí, em uma viagem de 4 horas e estrada em boas condições; Oruro ou até mesmo de La Paz, mas aí são horas e horas de viagem e em ônibus noturno. Há também uma opção de trem até Oruro, mas não saem todos os dias da semana.
O que nós fizemos foi pegar o ônibus de Potosí até Uyuni, que pagamos 30 bolivianos por pessoa. O ônibus é antigo e bem desconfortável, mas dá para sobreviver. No fim do tour, ficamos em San Pedro de Atacama. E para voltar para a Bolívia pegamos um voo de Iquique a La Paz, que sai pela metade do preço do que saindo de Uyuni. Mas isso só vale para quem quer passar uns dias no Chile, pois de San Pedro de Atacama a Iquique são 554 km e a viagem é feita em dois ônibus San Pedro – Calama e Calama – Iquique.
Em Uyuni tem várias opções de hostels, mas, em geral, são mais caros do que em outras cidades do país pelo o apelo turístico que a cidade tem. Você pode reservar o seu hostel pelo Booking.com aqui no blog.
Como escolher a agência
Em Uyuni há várias pequenas agências que oferecem o tour. Mas o que normalmente acontece é elas se juntarem e distribuírem os passageiros entre elas. Então, você pode fechar com uma determinada agência e fazer o tour com outra. É possível fechar com antecedência, por email, ou tentar negociar quando chegar na cidade. Como tínhamos o cronograma apertado e tínhamos que fazer o tour no fim de semana (porque estávamos trabalhando e viajando), fechamos com a Colquetours com antecedência. Mas o tour acabou sendo realizado por outra agência, que, pelo que entendi cobrava mais caro do que pagamos.
Para quem quiser entrar em contato com a Colquetours, o email é info@colquetours.com.
O tour
Fizemos o passeio em um carro bastante confortável, um motorista bem atencioso, a comida estava sempre muito boa e os alojamentos em hostels de sal eram simples, mas limpos e confortáveis. Não precisamos alugar sacos de dormir, mas na temporada de inverno é recomendável, pois mesmo dormindo em quartos com muitos cobertores faz muito frio e não há aquecedores. É imprescindível levar óculos de sol, protetor solar, casaco corta vento e lanterna. Separe na mochila de ataque tudo o que você irá precisar usar nos dias de tour, pois a mochila maior é colocada no teto do carro.
Dia 1
O passeio do Salar começa pelo cemitério de trens que ainda fica na cidade de Uyuni. Antes de se tornar importante atração turística, Uyuni vivia do transporte de carga da mineração.
A próxima parada é em uma feira de artesanato no vilarejo de Colchani. Você pode aproveitar para comprar roupas de frio se ainda não tiver. Lá são vendidos suéter, cachecol, luvas e gorros de lã de ovelhas, llamas e alpacas e também lembrancinhas e outros artesanatos feitos, inclusive, com sal.
Depois de Colchani, o passeio segue já por dentro do Salar até o Hotel Museu de Sal, onde é feita a parada para almoço e uso de banheiros, o que é pago (leve também dinheiro trocado). No primeiro almoço, teve carne de llama. Quem é vegetariano, precisa avisar com antecedência, pois eles providenciam um cardápio especial.
Em frente ao Hotel de Sal há dois monumentos, um com bandeiras dos países participantes do Rally Dakar, pois o Salar faz parte da rota do rally na América do Sul.
Aquelas fotos onde as pessoas parecem miniaturas são feitas na parada seguinte, bem no meio do Salar. O próprio motorista, que também é guia, faz as fotos e ensina as poses. Ele também leva uns acessórios, como latinhas de cerveja, para compor a cena. 🙂
Dependendo da estação no primeiro dia também são visitadas algumas das ilhas do Salar. Uma das mais visitadas é a Isla Incahuasi, conhecida como Pescado, que estava fechada quando fomos, pois era época de chuvas. A ilha tem entrada paga a parte e custa 30 bolivianos.
Para compensar, fizemos outras paradas no Salar e em povoados no caminho. Encerramos o dia em um Hostal de Sal. Fomos recebidos com um chá da tarde e depois jantar. Tínhamos direito a um banho gratuito à noite, com ducha quente. O banho que tomei na manhã seguinte, tive que pagar 10 bolivianos.
Os quartos desse primeiro hostel eram duplos, então dormimos só eu e Fred, mas em geral, os quartos oferecidos pelo tour são compartilhados. Então, se quiser um quarto privativo, é preciso combinar antes com a agência. A boa notícia é que havia energia e tomadas para regarregar a bateria da câmera e do celular.
Dia 2
Depois do Salar, você imagina que o segundo dia não pode ser tão impressionante, mas é. Este é o dia das Lagunas Altiplánicas (Cañapa, Hedionda e Ramaditas). A Cañapa é uma laguna lindíssima cheia de flamingos. Um espetáculo. Pelo caminho há muitas montanhas e vulcões, inclusive, já é possível ver a Cordilheira dos Andes. Quase todo o trajeto é feito pela fronteira com o Chile. No final do dia entramos na área de Reserva Nacional Eduardo Avaroa e é necessário pagar uma taxa extra de 150 bolivianos por pessoa. Ficam dentro da Reserva, a Laguna Colorada e Árbol de Piedra e tudo que será visto no dia seguinte.
Na Árbol de Piedra havia um pouco de neve e quando chegamos na Laguna Colorada, caiu uma neve bem fininha. Isso porque fomos no primeiro dia de outono em que a neve não é comum. Mas nos meses de inverno, muitos dos lugares visitados são cobertos por neve.
A segunda noite é a mais fria de todas e é preciso agasalhar-se muito bem. Neste dia, dormimos em um quarto compartilhado com o restante do grupo. Não havia água quente e do grupo, só eu e Fred tomamos banho, que estava geladooo. A energia foi ligada por algumas horas e deu para recarregar os aparelhos. Na segunda noite é servido vinho no jantar, que não era dos melhores, mas ajudou a esquentar.
Como não havia energia em volta, o céu estava incrivelmente estrelado! Mas como fazia muito frio, deu para observar só por alguns minutos.
Dia 3
No último dia, temos que levantar às 4h e partir antes das 5h. Antes do amanhecer visitamos os Geyseres “Sol de Mañana”, que ficam a 4.900 metros de altitude. São vários geyseres e a temperatura é muito alta. É preciso ter cuidado e ajuda da lanterna para observá-los. Mas o frio é tanto que mal dá vontade de sair do carro. Depois seguimos para a Termas de Polques, onde vimos um incrível nascer do sol. Quem teve coragem, foi tomar um banho quente na piscina termal, que custa 6 bolivianos. Infelizmente, eu estava com frio demais para colocar roupa de banho e acabei perdendo a experiência. Me arrependo muito disso.
Depois do nascer do sol, seguimos para “Damas de Piedra”, Deserto Dali, Lagunas Verde e Blanca. Depois para a fronteira com o Chile. Nós que fomos para San Pedro de Atacama, passamos pela imigração boliviana (a polícia bolivia que é extremamente corrupta, nos cobrou uma taxa de saída indevida de 15 bolivianos) e depois pegamos outra van (é preciso pagar antes pelo transfer direto com a agência. Lembre-se de pedir o ticket) até San Pedro de Atacama, onde passamos pela imigração do Chile. Da fronteira até San Pedro são apenas 40 minutos. Chegamos bem cedo, antes do meio dia e, se quiséssemos, teria dado tempo de fazer algum tour no Atacama já na tarde do mesmo dia.
Para quem retorna a Uyuni, a viagem dura quase 7h e a chegada na cidade ocorre entre as 17h e 19h, dependendo do andamento do tour.
A experiência no Salar de Uyuni e Lipez foi tão incrível que quando chegamos no Atacama, mal sabíamos que passeios escolher. Além disso, o tour da Bolívia tem um custo benefício muito bom. Mas mais do que a descrição do passeio em texto, as fotos falam por si só.