Se Minas Gerais fosse um país, considerando a sua área geográfica, seria a França. Aliás, o estado brasileiro é até um pouquinho maior que o país europeu. Mas, tal qual a França, viajar por Minas é encher os olhos com tantas belezas naturais e, principalmente, com seu rico patrimônio histórico e cultural. Sem falar que Minas é um dos melhores estados para comer e beber. Onde quero chegar com esse “nariz de cera” é que é impossível conhecer tudo o que se quer em uma única viagem a Minas. Então, a difícil missão é escolher quais cidades visitar. Da primeira vez, visitei Belo Horizonte, Ouro Preto, Mariana e o Inhotim. Desta vez, quando fomos participar do Encontro da Rede Brasileira de Blogueiros de Viagem, em BH, aproveitamos para fazer uma viagem de carro pelas cidades históricas de Tiradentes, São João del Rei e Congonhas, que fazem parte da Estrada Real. Fizemos a viagem em 3 dias, partindo de BH.
Aluguel de carro
Inicialmente, nós optamos por fazer a viagem de carro pela facilidade com relação a ir de ônibus, já que queríamos ir direto do Aeroporto de Confins para Tiradentes. Se fôssemos de ônibus, tínhamos que ir até o centro de BH. Também se tivéssemos optado pelo ônibus, seria difícil conhecer as 3 cidades.
Fizemos a reserva online e pegamos o carro no próprio aeroporto (só procurar a van da empresa com a qual você fez a reserva para levarem você até a loja). Tínhamos reservado o carro mais simples possível e tivemos um upgrade (isso sempre acontece com a gente!) para um carro completo.
Com ajuda do Google Maps (por favor, não faça como a gente e carregue bem a bateria do seu celular) foi super fácil sair de Confins e pegar a estrada para Tiradentes. Para quem viaja à moda antiga e prefere seguir as placas, fica um pouco mais complicado, pois as placas para São João del Rei e Tiradentes só aparecem nos quilômetros finais. Mas é só seguir pelas BRs 040 e 383.
A viagem leva, em média, 3h23, saindo do Aeroporto de Confins, e menos de 3h, saindo do centro de BH. No trajeto, passamos por um pedágio, no qual pagamos R$ 4,80 para carro de passeio.
A estada, de modo geral, está em boas condições. Só alguns trechos que têm muitas curvas, mas a paisagem é belíssima. A pior parte é quando chegamos em São João del Rei para ir a Tiradentes.
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Onde ficar
Entre as três cidades, sem dúvida, a melhor para se hospedar é Tiradentes. A cidade é menor e muito charmosa. Para se ter uma ideia, Tiradentes tem 7 mil habitantes, enquanto São João del Rei tem quase 90 mil e Congonhas, 52 mil (dados do Censo de 2010).
Nós escolhemos a Pousada Marília de Dirceu* e achamos, simplesmente, maravilhosa. A pousada é um charme, com quartos confortáveis, bem equipados e decorados. O café da manhã é muito bem servido, com muitas opções de frutas, bolos, biscoitos, queijos, sucos, etc. E eles ainda oferecem gratuitamente um chá da tarde, com muitas delícias também.
A pousada tem estacionamento na frente, os funcionários são muito gentis e a wifi funciona satisfatoriamente. O único ponto a considerar é que a pousada fica a 700m do centro histórico, o que só é um problema se você tiver preguiça de caminhar! haha Como fomos em dias chuvosos, a gente ia de carro até a praça principal e conseguíamos estacionar tranquilamente. Acho que o fato de ser um pouquinho afastada do centro é ótimo porque é mais tranquilo, isso vale, principalmente, para épocas de alta estação e eventos quando a cidade fica cheia.
Nós ficamos duas noites em Tiradentes e achei o tempo suficiente.
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Roteiro (O que fazer)
Como disse, Tiradentes, São João del Rei e Congonhas fazem parte da Estrada Real, uma rota criada no século 17, pela Coroa Portuguesa, para transitar o ouro e diamantes de Minas Gerais até os portos do Rio de Janeiro.
Então, o grande destaque das três cidades é o patrimônio histórico, cultural e arquitetônico que possuem.
Tiradentes
O centro de Tiradentes tem ruas com calçamento “pé de moleque”, casarões antigos muito bem conservados, praças, museus e igrejas, muitas igrejas. A cidade é para ser conhecida a pé.
Logo na entrada do centro histórico fica a Igreja Nossa Senhora das Mercês (século 18), mais a frente está o Largo das Forras, a praça central da cidade, cercada por bares, restaurantes e lojas. No largo se destacam o casarão do século 18, onde funcionam a Prefeitura Municipal e a Secretaria de Cultura e Turismo, a Capela do Bom Jesus da Pobreza (século 18) e a Capela dos Passos, na cidade tem várias delas, que simbolizam os Passos da Paixão de Cristo, e são abertas na Semana Santa.
Seguindo pela rua do Largo do Forras, você irá chegar até a Rua da Cadeia, onde, no alto se encontra o Museu de Sant´Ana, o museu funciona no prédio da antiga Cadeia Pública e hoje reúne um acervo de 300 imagens brasileiras de Maria. Em frente ao museu está a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos (século 18), que é a mais antiga da cidade. Ao lado da igreja tem outra Capela dos Passos.
Seguindo pela direita, chega-se à igreja mais impressionante de Tiradentes, a Matriz de Santo Antônio (século 18). A vista do pátio onde fica a matriz é uma das mais bonitas da cidade, de onde se vê melhor a Serra de São José.
A matriz pode até não causar grande impacto do lado de fora, apesar da fachada e es esculturas feitas por Aleijadinho, mas dentro é onde está o seu tesouro, literalmente. A Santo Antônio é a segunda igreja brasileira com maior quantidade de ouro. São 482 kg, que cobrem altares e peças desta igreja. A matriz funciona de segunda a domingo, das 9h às 17h. E é visita imperdível em Tiradentes. A entrada é paga e custa R$ 5 por pessoa. Nós fizemos a visita acompanhados de uma guia, que estava na porta da igreja e nos cobrou apenas uma gorjeta de quanto quiséssemos pagar. Foi muito interessante, pois pudemos conhecer mais sobre a história da igreja e prestar atenção em detalhes que nos passariam despercebidos se estivéssemos sozinhos.
Na Rua da Câmara, que fica em frente à Matriz, fica o prédio da Câmara Municipal de Tiradentes. Lá embaixo, nesta rua, é possível fazer uma das melhores fotos da cidade. Mas, infelizmente, quando fomos, a rua estava passando por uma obra. Na rua por trás, chamada Jogo de Bola, que é a mais antiga da cidade, fica o Museu da Liturgia. A Rua da Câmara se torna depois Rua do Chafariz, que tem esse nome em razão do Chafariz de São José (século 18), que tem 3 fontes de água potável, um bebedouro para animais e um tanque para lavar roupas.
Voltando à Igreja de Santo Antônio, seguindo pela Rua Padre Toledo chega-se ao Museu Casa Padre Toledo (século 18), onde foi realizada a primeira reunião dos líderes da Inconfidência Mineira. O casarão fica no Largo do Sol, onde estão ainda a Igreja de São João Evangelista (século 19), que era frequentada por negros alforriados, e uma estátua em homenagem a Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.
Esse roteiro é basicamente um círculo (com exceção do chafariz) pelo centro histórico de Tiradentes e poderia ser visitado em um dia. Mas se quiser aproveitar melhor, fazer as visitas aos museus e igrejas, é melhor ter dois dias.
Tiradentes também é um ótimo lugar para comer, beber e fazer umas comprinhas. A cidade tem bons restaurantes e muitas lojas de artesanatos e móveis em madeira.
Alguns restaurantes que fomos e gostamos foram o Viradas do Largo, que fica um pouco afastado do centro histórico; e o Ristorante Via Destra. No entanto, não achamos Tiradentes uma cidade barata. Por ser bem turística, os preços de hospedagem e alimentação são um pouco salgados.
A minha única decepção com Tiradentes (além da chuva, mas não foi culpa da cidade) foi que não fizemos o Passeio de Maria-Fumaça que vai até São João del Rei. O passeio tem duração de 40 minutos e só acontece às sextas e sábados, às 13h e às 17h (retorno às 10h e às 15h) e aos domingos, às 11h e às 14h (retorno às 10h e às 13h). Como tínhamos o evento em BH no fim de semana, visitamos Tiradentes durante a semana. =( Mas não tem nada, é só um motivo para voltarmos! =)
São João del Rei
Comparando com Tiradentes, São João del Rei é uma cidade grande, com um centro histórico muito movimentado e cheio de comércio e carros, mas é também muito lindo. De carro de Tiradentes a São João del Rei são 25 minutos. Nós chegamos a ir em São João del Rei no segundo dia em Tiradentes, mas caiu um temporal e começou a alagar tudo, então, acabamos voltando no dia em que íamos voltar para BH. E visitamos a cidade em uma manhã.
Começamos pela igreja de São Francisco (século 18), que, é na minha humilde opinião, a mais bonita de SJR, por fora e por dentro. Esta igreja tem obras de Aleijadinho e sete altares, trabalhados em madeira. Vale a pena a visita, que é paga, R$ 4 por pessoa. O horário de visitas é de segunda a sábado, das 8h às 17h e domingos, das 8h às 16h. Aos domingos, a missa é às 9h15 e é acompanhada por música barroca.
Nos jardins da igreja de São Francisco está o túmulo do ex-presidente Tancredo Neves, que é natural de São João del Rei (confesso que não sabia disso durante a viagem, só soube depois, pesquisando para escrever este post, por isso, não visitei).
O restante das principais atrações de São João del Rei se concentram na Rua Getúlio Vargas e arredores. Nesta rua estão a Igreja do Rosário (século 18), o Solar dos Neves, o Museu de Arte Sacra, a Catedral de Nossa Senhora do Pilar (século 18), que tem um interior belíssimo também, e a Igreja de Nossa Senhora do Carmo (século 18). As três igrejas estavam abertas pela manhã e visitamos gratuitamente. Também nesta rua há uma Capela do Passo.
Atrás da Catedral, na Rua Padre Lourival, há um Pelourinho, a coluna que era usada para castigar escravos e criminosos fica no centro de uma pracinha, que também era usada para divulgação de leis. No alto, está a Igreja de Nossa Senhora das Mercês (século 18), que, pela manhã, também estava aberta e visitamos gratuitamente.
Depois da rápida visita a São João, seguimos viagem para Congonhas, que fica a 1h47 de distância, em direção a BH.
Congonhas
Na verdade, o que vale a pena visitar em Congonhas é o Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, declarado Patrimônio Mundial da UNESCO. O Santuário é o maior conjunto de arte colonial do país, formado por uma igreja, um adro e seis capelas.
A basílica tem no seu interior altares folheados a ouro, que não pudemos ver de perto, pois estava em reforma. Mas é do lado de fora que estão as obras que fazem da igreja um Patrimônio Mundial: são os doze profetas bíblicos, esculpidos em pedra-sabão por Aleijadinho, em tamanho real.
As seis capelas são também Passos da Paixão de Cristo e, em cada uma delas, tem esculturas de cedro, esculpidas por aleijadinho e coloridas por Mestre Ataíde, representando uma cena.
O complexo é realmente de uma beleza impressionante e faz valer a pena a parada em Congonhas.
O horário de funcionamento do Complexo é de terça a domingo, das 7h às 18h. As janelas das Capelas dos Passos ficam abertas até às 17h30.
Para completar a nossa viagem, na volta para BH, que fica a 1h20 de Congonhas, fizemos uma parada no Restaurante Topo do Mundo, que fica no alto de uma colina em Brumadinho, de onde se tem uma vista incrível para as serras das Minas Gerais. Vou deixar as fotos falarem por mim:
O restaurante tem um cardápio bacana, inclusive com opção vegana (Yes!) e o preço semelhante ao que estávamos pagando em Tiradentes. Mas se não quiser entrar no restaurante, não tem problema, dá para ter uma bela vista também do lado de fora.
Mas achei a parada no Topo do Mundo um final perfeito para nossa viagem que foi linda! Espero que a de vocês também seja!