A avenida principal de Havana, de número 23, está tomada por novos viciados. Onde houver um cantinho, eles estão lá, imersos em seu vício. Falando baixinho, “vendedores” buscam novos usuários e oferecem o produto: – Hey, psiu… tarjeta de wi-fi?

Novos "viciados" em wi-fi nas ruas de Havana
Novos “viciados” em wi-fi nas ruas de Havana

Este é um cenário completamente novo em Cuba. A internet wi-fi, que antes só era oferecida em hotéis por inacreditáveis 10 CUC (10 USD) a hora, agora pode ser acessada na rua, por um preço um pouco mais acessível, 2 CUC (2 USD) por 60 minutos, o que ainda é caro para a maioria dos cubanos (o ganho mensal de um trabalhador em Cuba é entre 10 e 20 CUC) e até mesmo para turistas, que são acostumados a ter acesso a internet gratuita no restante do mundo.

Mesmo assim, a chegada da internet wi-fi às ruas das principais cidades de Cuba pode significar uma nova revolução para um povo que antes só tinha acesso à informação pelas mídias tradicionais e que são produzidas pelo próprio Governo.

Claro que ainda existem muitos poréns. E o preço da hora da internet é apenas um deles. Se para um trabalhador cubano comum, pagar 2 CUC por hora de internet já é bastante dinheiro, imaginem como eles farão para ter acesso a um smartphone ou notebook? Os pontos de venda da ECTESA, a empresa de telecomunicações de Cuba, oferecem alguns computadores para acesso, mas custa mais caro do que o cartão da internet e também são pouquíssimas máquinas.

Então, por enquanto, o acesso à  internet em Cuba é ainda coisa de turistas e gente rica. Mas foi muito interessante observar a mudança de comportamento com a chegada de wi-fi. Vimos, por exemplo, em um fim de semana, na parte da avenida onde não havia sinal, gente conversando, fazendo rodinhas para tocar violão. E na parte que havia sinal, várias pessoas amontoadas em qualquer lugar onde pudesse sentar, todos encantados com as novas possibilidades, usando recursos de vídeo para falar com os amigos, uma família inteira ao redor de um smartphone, e senhoras que olhavam os filhos usarem aqueles equipamentos sem entender bem a “graça” daquilo.

A conexão não utiliza uma tecnologia de segurança. Por isso, alguns navegadores não aceitam a conexão. Além disso, alguns sites são bloqueados.

O cartão mais comum, de uma hora, com os dados de login e senha, é vendido a 2 CUC nos pontos de venda da ECTESA. Mas nas grandes cidades, como Havana e Santa Clara, é quase impossível comprar nos pontos de vendas. Pois, como não há limite de compra de cartões, as pessoas compram para revender nas ruas por 3 CUC. E oferecem baixinho, pois como é um comércio ilegal, em Cuba pode render cadeia por no mínimo 5 anos.

Cartão de acesso à wi-fi em Cuba
Cartão de acesso à wi-fi em Cuba

O serviço de conexão à internet é prestado pela empresa NAUTA. Não é necessário utilizar 1h de uma única vez. A conexão pode ser pausada várias vezes. São vendidos cartões de 30 minutos, 1h, 5h e 10h.

Verso do cartão com acesso à wi-fi em Cuba, com login e senha
Verso do cartão com acesso à wi-fi em Cuba, com login e senha

Em todo o país, são apenas 35 pontos com sinal de wi-fi (Veja em quais cidades) para uma população de mais de 11 milhões de habitantes. Nas cidades menores, em geral, o sinal de wi-fi funciona na praça principal. Em Havana, vai de metade da avenida 23 até o malecón.


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