Fazia tempo que a gente não publicava relatos de outros viajantes. E para compensar, hoje compartilho com vocês um post lindo sobre Torres del Paine, na Patagônia Chilena, que recebi da Fernanda Peixoto. Fernandinha, que eu vi nascer, por isso, a intimidade, é natalense, mas já morou em várias partes do país, literalmente de Norte a Sul. Formada em administração hoteleira pela Castelli ESH do RS, juntou-se com mais dois amigos do tempo da faculdade, e viajou de carro de Canela-RS até a Patagônia Chilena, passando pela Patagônia Argentina, num total de 12 mil km percorridos. Nest post, ela conta um pouco da viagem “Rumo ao Fin do Mundo” e dá mais detalhes sobre Torres del Paine. Os textos e, especialmente, as fotos são de dar vontade de pegar o carro e partir imediatamente. =)

Patagônia Chilena
Patagônia Chilena

Relato de Fernanda Peixoto

Ainda lembro de quando a Patagônia veio para mim a primeira vez. Era final de 2011, eu estava me formando em Administração Hoteleira pela Castelli ESH no Rio Grande do Sul, e por algum motivo intuitivo, aquele destino veio pra mim como um sonho, que eu passei a querer realizar.

O fato é que a vida foi seguindo e eu fui deixando ele de lado, me envolvi em projetos e organizações, e precisei fazer outras viagens a trabalho, das quais me impossibilitaram de pensar na Patagônia por um tempo.

Ano passado, eu estava no último ano de gestão da organização em que trabalhei como diretora e depois presidente, havia falado para mim mesma, que a medida que minha gestão acabasse eu iria de qualquer forma para a Patagônia.

Sabe aquela frase do Amyr Klink que diz: “Uma dia é preciso parar de sonhar e, de algum modo, partir”? É bem isso em questão do primeiro passo pra tomar a decisão!

E foi em uma conversa por Skype, num fim de tarde despretensioso em que compartilhei esse sonho com uma grande amiga da época de faculdade, a Ana, que vive no Rio Grande do Sul e a chamei para embarcar nessa comigo. Para minha surpresa, tínhamos ali um sonho compartilhado.

Começamos a procurar destinos, passagens, custos. Até que eu disse: Porque não vamos de carro?! Ainda lembro a reação imediata dela “Não vamos no meu carro!”, rimos juntas e começamos a ver a possibilidade de ir de avião e alugar um carro lá, mas de fato sairia bem mais caro, o que poderia inviabilizar toda viagem. Foi quando ela se rendeu a ideia de irmos no carro dela, que a princípio estava apreensiva por ser um carro popular (Ford Fiesta 1.6) mas que durante a viagem vimos que é viável sim! Até criei um vínculo emocional com o carro haha, vínculo ao qual ela já tem há 5 anos.

A partir desse momento começamos a fazer uma planilha no google drive, estabelecendo data de saída, de volta, lugares que visitaríamos e passeios que faríamos. Em seguida, começamos a buscar amigos que poderiam topar essa viagem e em quem confiávamos, para viabilizarmos a mesma. Entre vários que contatamos, um amigo também que conhecemos na faculdade, topou. Agora éramos 3. Sempre gostei desse número. 3 amigos, 3 hoteleiros, um sonho em comum e muitas aventuras pela frente.

O nosso ponto de partida foi Canela-RS. Fizemos um check list na nossa planilha de tudo o que poderíamos precisar, aqui Ana e o Hiann se garantiram muito!
Eu tive que sair de Natal, passei um tempo em São Paulo a trabalho, depois fui para o Rio Grande do Sul e nisso foram 15 dias de muitas paradas, lugares, casas de amigos e ficaria logisticamente inviável eu levar algum tipo de equipamento para a viagem. Eles que estavam no seu próprio estado e também que era de onde sairíamos, garantiram que teríamos tudo que precisávamos, entre barraca, saco de dormir, galão extra para gasolina, cobertores, talheres, acendedor, isopor e por aí vai!

Nos encontramos nas vésperas do ano novo, compartilhamos juntos a virada desse ano que começaria de forma bem desafiadora e especial. Passamos no supermercado e na farmácia e nos equipamos do que poderíamos precisar de alimentação para essa primeira etapa: Canela-Buenos Aires, e medicamentos para os mais de 20 dias.

Tudo pronto, todos a postos: Patagônia, here we go!
Tudo pronto, todos a postos: Patagônia, here we go!

Foram 23 dias, 12.000km, várias cidades e alguns destinos, entre eles: Buenos Aires, Peninsula Valdez, Piedra Buena, Río Gallegos, Ushuaia (Tierra del Fuego), Torres del Paine, El Calafate, El Chalten, El Bolson e San Carlos del Bariloche.

Todos tiveram momentos e histórias bem especiais, e apesar da maior parte da nossa viagem ter sido na Patagônia Argentina, vou escolher um destino da Patagônia Chilena para abordar: Torres del Paine.

Torres del Paine

Pra começar, é muito importante você fazer o câmbio para Peso Chileno antes, principalmente se estiver vindo da Argentina.

No nosso caso, só o Hiann fez e isso nos salvou na hora de abastecer o carro em Puerto Natales. Mas se você não tiver feito, no vilarejo de Cerro Castilho tem um local chamado El Ovejero onde tem restaurante, loja de artesanato e lá se pode fazer o câmbio.

Na rota do fim do mundo
Na rota do fim do mundo

Saindo de El Ovejero, seguimos para o Parque Nacional Torres del Paine. Arrisco a dizer que de todos os destinos, esse foi o mais inóspito.

O Parque tem duas opções de entrada, a primeira Lago Sarmiento e a segunda, que é um pouco mais afastada se chama Laguna Amarga, que foi a que optamos. É considerada mais bonita e posso dizer: sim, que paisagens!

Patagônia Chilena
Patagônia Chilena
Fernanda Peixoto
Fernanda Peixoto

 

Chegando na portaria Laguna Amarga, pagamos 18.000 pesos chilenos por pessoa, o que dá em torno de R$94,00 com direito ao acesso livre no parque, durante 3 dias.

Parque de Torres del Paine
Parque de Torres del Paine

Entramos e continuamos nos deslumbrando! O parque tem muitos pontos de hospedagem, e nós escolhemos o Camping Pehoé, que fica no Lago Pehoé… Que lugar!

Fernanda,  Ana e Hiann no camping
Fernanda, Ana e Hiann no camping Pehoé

 

O camping é bem estruturado e é cobrado um valor de 10.000 pesos chilenos a diária, por pessoa. Algo como R$52,00.

Outro ponto extremamente importante é em relação a comida e água, lá tem pouquíssimas opções para comprar e são bem caras, então não vá esperando comprar lá. Já se abasteça antes, assim como gasolina. Levamos 20 litros em 4 galões de 5l, pois não tem posto e o mais perto é cerca de uns 80km. Wifi e sinal de celular, esqueça!
Nós chegamos a noite, então preparamos algo para comer, tomamos um vinho e dormimos para no outro dia fazer o circuito da Base das Torres.

Como estávamos muito cansados da viagem, acabamos dormindo mais que o normal e saímos do camping apenas 11h quando o programado era 07h30. Fomos de carro até a entrada do circuito que fica próximo ao Hotel Las Torres, e de lá iniciamos nossa jornada que durou aproximadamente 8 horas.

Logo no inicio do trajeto, tem uma placa: “Não vá por rotas alternativas, siga as placas laranjas”.

Fernanda no circuito da Base das Torres.
Fernanda no circuito da Base das Torres.


E o que aconteceu? Isso mesmo Brasil, pegamos uma rota alternativa e nem percebemos. Quando vimos, estávamos entre cavalos selvagens e nada de placas laranjas. Encontramos duas britânicas que também estavam se questionando sobre a rota.

Ao perceber voltamos para ir, desta vez, pela rota certa. Finalmente iniciamos!
Os guias dizem que essa trilha é difícil e nós percebemos que ela realmente exige um pouco do corpo, mas que vale a pena cada etapa!

É uma trilha com a maior parte do trajeto íngreme e sem nenhuma proteção ao redor, então se você morre de medo de altura, pense duas vezes.

Como a duração era de 8 horas, levamos comida e garrafinha com água. O ponto é que acaba logo! Então se você é como eu, e toma água o tempo inteiro, durante a trilha tem várias corredeiras onde é possível reabastecer as garrafinhas.

Durante a trilha vimos pessoas de todas as idades, desde crianças até idosos. E nunca dei tanto “Hola, Hello, Olá” na minha vida, todos se cumprimentam na trilha. Acredito que isso tem muito a ver com o sentimento compartilhado daquela vivência. Alguns ainda nos falavam “não desistam”, “falta pouco”, “é lindo vocês não vão se arrepender”.

Quando achávamos que já tínhamos andado muito e que estava chegando, eis que vemos um morro enorme de pedras que você pode conferir aqui: https://youtu.be/GZcRqGyF4_M

Então depois desse morro, de repente: ELAS! Apenas elas! Belas, recatadas, do lar, do trekking… as tão esperadas base das torres!

Fernanda na base das Torres
Fernanda na base das Torres
Base das Torres del Paine
Base das Torres del Paine

Ao chegarmos, um guarda do parque nos disse que não poderíamos demorar, pois éramos os últimos do circuito e ele desceria com a gente. Depois de 5 horas de trekking, contemplamos, tiramos algumas fotos e então voltamos. A volta durou mais 3 horas e pegamos os últimos 30 minutos já escuro, então utilizamos as lanternas para garantir que ninguém ia cair de abismo nenhum. Apesar de ter sido tranquilo, recomendamos que vá cedo para ao voltar, ainda esteja claro.

Ao sair do parque vimos na estrada dois Pumas atravessando a estrada, ficamos estáticos! Tem tanta gente que fica esperando semanas pra ver um Puma e nós, despretensiosamente vimos dois!

Saí do Parque Nacional Torres del Paine com a certeza que ele não saiu de mim. Ali aprendi sobre coragem, perseverança, companheirismo, persistência, resistência, meditação, contemplação e gratidão.

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“Se quiser tá elevado, se acostume com a altitude” Oriente

Outras informações sobre o parque você pode encontrar aqui: http://www.torresdelpaine.com/

Os relatos e fotos dessa viagem foram publicados na página Rumo ao Fin del Mundo. 

Viaje tranquilo

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