É difícil de acreditar, mas existe inverno no Rio Grande do Norte. Tá bom, o que a gente chama de frio é uns 20 poucos graus com um ventinho gelado. Mas, como normalmente chove no litoral entre junho e agosto, essa é a melhor época para conhecer o interior do estado, especialmente, as cidades serranas. Serra de Martins é a mais conhecida delas. A 362 km de Natal, mais ou menos 5h de carro, Martins é o destino ideal para aproveitar o inverno no RN. Com belas paisagens, cavernas, cachoeira, mirantes, Martins também realiza um dos festivais gastronômicos mais famosos do estado.
Conhecida como a “Princesa Serrana”, Martins está a 703 metros acima do nível do mar, por isso, tem uma temperatura mais amena que as demais cidades da região. Entre junho e setembro, a temperatura mínima pode chegar a uns 16 ou 17 graus. O que acreditem é muito frio para os padrões do interior do Rio Grande Norte.
Nós visitamos Martins, durante nossa viagem pelo interior do RN com os nossos sobrinhos, que incluiu a visita ao Sítio Arqueológico Lajedo Soledade, em Apodi, os sítios arqueológicos Xique-Xique I e II, em Carnaúba dos Dantas, e o castelo Zé dos Montes, em Sítio Novo.
Ficamos uma tarde em Martins, mas gostaria de ter ficado pelo menos um fim de semana, período que recomendo para conhecer melhor a cidade e aproveitar o friozinho, que se sente mais à noite.
Casa de Pedra
Aproveitamos que vínhamos de Apodi e antes de chegar na cidade, visitamos a Casa de Pedra, um dos principais atrativos de Martins, que fica a 27 km do centrinho da cidade. Trata-se da maior caverna em mármore (formado a partir da cristalização de um afloramento marítimo de calcário) do Rio Grande do Norte e a segunda maior caverna deste tipo do Brasil, conforme o cadastro na Sociedade Brasileira de Cavidades Naturais.
A Casa de Pedra fica em um vale na Fazenda Trincheiras e acesso até lá é por uma estrada de barro, mas em boas condições. Ganhou este nome, pois tem divisões que lembram cômodos de uma casa, como porta de entrada, sala, cozinha, banheiro, inclusive com a “banheira da princesa”.
A caverna tem 100 metros de comprimento. O salão principal da Casa de Pedra tem 18 metros de comprimento por 12 de largura e o teto mais de 10 metros de altura. As várias formações de estalactites são como lustres. E no centro da sala, tem uma enorme estalagmite.
Não é cobrada entrada para visita a caverna. Nos fins de semana, o guia Titico está por lá, das 7h às 16h, e apresenta à casa aos visitantes, levando-os pelos cômodos com lanterna e explicando alguns detalhes da formação da Casa de Pedra. Segundo ele, a caverna teria se formado há aproximadamente 700 milhões de anos e foi habitada há pelo menos 5.00 anos.
Seu Titico não cobra nenhum valor pela visita guiada, apenas uma contribuição voluntária. Recomendo fortemente fazer a visita com ele, pois ele ilumina o caminho, dá as explicações (ainda que não são muito precisas, segundo o meu irmão que é geólogo) e mostra a importância de preservar o lugar. Ele, por exemplo, nos mostra outras estalagmites que estão em formação e nos avisa para ter cuidado para não pisar em nenhuma delas e não estragar o trabalho que a natureza leva milhões de anos para fazer. Nos fins de semana, Titico se desdobra para atender aos vários visitantes.
Mas, infelizmente, como durante a semana, a caverna fica sem ninguém que cuide ou fiscalize, e, por isso, tem algumas partes depredadas e com várias pichações. O que é um absurdo!
Não deixe de ir até o “quintal” e ver a bela paisagem da região serrana. Vizinha a Casa de Pedra, há outra caverna, mas esta é muito fechada e só pode ser visitada por especialistas.
Durante as escavações feitas por uma equipe da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) foram coletados 5 mil peças de material lítico e parte de uma ossada humana. Parte deste material está em exposição no Museu Histórico de Martins, que funciona no edifício “Pax”, no centro da cidade.
Levamos em torno de 1 hora entre visita e fotos na Casa de Pedra e, depois seguimos para a cidade. Seu Titico
Guia Casa de Pedra
Sábado e domingo, 7h às 16h
(84) 996130982
(84) 96537477
A Cidade
O caminho entre a Casa de Pedra e Martins é muito lindo e a entrada da cidade tem um pórtico bem bonitinho também, num estilo meio europeu, meio Campos do Jordão. Além de “Princesa Serrana”, Martins também é chamada de “Campos do Jordão do RN”.
A cidade é pequena, com menos de 9 mil habitantes. No centrinho da cidade fica a igreja matriz de Nossa Senhora da Conceição, o Largo Mozart Diógenes, a Praça Almino Afonso, o Museu Histórico de Martins e a prefeitura.
Os mirantes também são visita obrigatória em Martins. O mais conhecido deles é o Mirante da Carranca (foto destaque), onde funciona um restaurante. A entrada também é gratuita. E de lá é possível ter uma vista espetacular da região.
Martins oferece ainda outras opções de trilhas, como a trilha para a Pedra do Sapo, para a Pedra Rajada e para a cachoeira Umarizeira.
Todos os anos, a cidade promove também o Festival Gastronômico e Cultural, em um final de semana, no início de agosto (em 2017, já aconteceu), com shows, restaurantes da cidade, de Natal e cidades vizinhas. Neste período a cidade lota e é preciso reservar hospedagem com antecedência.
De Martins, seguimos para Caicó “por baixo” (RN-076 e RN-078), e passamos por algumas das paisagens mais lindas que já vimos no Rio Grande do Norte, entre os municípios de Martins, Umarizal, Olho d´Água dos Borges e Patu.