Os cânions Fortaleza e Itaimbezinho são os dois grandes atrativos de Cambará do Sul, a 208 km de Porto Alegre-RS. Para visitá-los com tranquilidade, o ideal é reservar um dia para cada um, pois eles ficam em direções contrárias, tem várias opções de trilhas e paisagens que vão render inúmeras paradas para fotografar. E, por favor, não caiam na besteira de escolher apenas um para visitar, pois os dois são incríveis. Visitamos primeiro o Cânion Fortaleza, fizemos a visita por conta própria, sem contratar agência, apenas alugamos um carro, desde POA.
Já escrevi um post com todas as dicas sobre Cambará do Sul: quando ir, como chegar, onde ficar, o que fazer e onde comer e fiquei devendo o post sobre as visitas aos cânions.
O Cânion Fortaleza faz parte do Parque Nacional da Serra Geral e fica a 23 km de distância do centro de Cambará do Sul, mais ou menos 30 minutos do carro, sendo metade do trajeto por estrada de terra, mas de fácil acesso. Não precisa ir de 4 X 4. Viajei com a Renata Campos do Rê Vivendo Viagens e uma amiga dela, Graciana, e dividimos o aluguel de um carro econômico, sedã, desde de Porto Alegre.
O Parque Nacional funciona todos os dias, das 8h às 17h ou até às 18h, no período de horário de verão. E é permitida a permanência até uma hora após o fechamento do portão de acesso. O ideal mesmo é chegar no período da manhã cedo, pois a tarde é mais comum ter cerração. A entrada é gratuita e não é necessário acompanhamento de guia para a maior parte das trilhas.
O Serra Geral tem 17.300 hectares e fica na divisa entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A administração é de responsabilidade do ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, mas há mais de um ano, o órgão sofre com faltas de recursos o que tem deixado o funcionamento dos parques nacionais prejudicado. Portanto, a infra-estrutura do Cânion Fortaleza é bem precária, só existe um banheiro, que fica no posto de fiscalização logo na entrada do parque. Então, lembrem-se de levar água e pelo menos um lanchinho para comer durante as trilhas.
São 3 trilhas principais: a trilha do Mirante do Fortaleza, da Pedra do Segredo e da Borda Sul. A principal delas, a trilha do Mirante tem 3 km de distância, ida e volta, o início da trilha é de subida por uma estradinha de cascalho (use tênis ou botas de trilha), que começa logo no estacionamento. É relativamente fácil para quem não tem nenhum problema de acessibilidade. O desafio no dia que fomos, foi caminhar contra o vento que estava fortíssimo, pois estava para cair uma chuva. O vento quase me levou mesmo! Tenham muito cuidado, pois não há nenhuma proteção entre a trilha e os cânions. Quem for visitar com crianças, precisam ter cuidado redobrado.
Não se deixe enganar por “apenas 3 km” porque como o trecho é em parte de subida e a paisagem é estonteante, você pode levar horas nessa trilha (reserve pelo menos umas 2h). Na trilha do Mirante é possível ver quase todo Cânion Fortaleza, que tem 7,5 km de extensão, a planície de Santa Catarina e, em dias de boas visibilidade (que não foi o nosso caso) até parte do litoral do Rio Grande do Sul.
Depois de uns 20 minutos de caminhada mais ou menos, chegamos a primeira borda do cânion, com uma cachoeira altíssima. Os paredões têm até 900 metros de altura e se você prestar bem atenção, várias outras cachoeiras brotam deles.
Quando chegamos, só estavam nós três e, logo chegou um casal. Pudemos apreciar a paisagem, ouvir os sons da natureza e fazer fotos tranquilamente, só tomando cuidado para o vento não nos empurrar penhasco abaixo. Começou uma chuvinha de leve, mas logo parou. Como venta muito lá em cima, acredito que em qualquer época, recomendo ir com casaco corta vento.
Como já falei em outros posts, há anos sonhava com essa paisagem, em razão da minissérie global, a Casa das 7 Mulheres. E várias cenas foram gravadas no Cânion Fortaleza. As paisagens são definitivamente cinematográficas.
As outras trilhas, a Borda Sul e da Pedra do Segredo têm início antes da trilha do Mirante. Há uma placa sinalizando. Seguindo por este caminho, logo será possível ver o rio Segredo. Continuando pela trilha, você chegará a cabeceira da Cachoeira do Tigre Preto, mas para vê-la é preciso cruzar o rio, passando por cima dela. Nós pretendíamos fazer a trilha a Pedra do Segredo, mas quando já estávamos para cruzar o rio, o nível estava alto (acima dos joelhos), começou a chover e não estávamos com roupas nem sapatos apropriados, então, deixamos para lá.
Mas para ver as 3 quedas d´água da Cachoeira do Tigre Preto e parte do Cânion Fortaleza é um total de 3 km ida e volta, cruzando o rio. Se não estiver acompanhando com o guia é preciso ter muito cuidado, ao passar o rio, pois lembre-se que você estará na cabeceira de uma cachoeira e a queda d´água é de 400 metros! Continuando uma pouco mais pela trilha é possível chegar até a Pedra do Segredo. Uma pedra de 5 metros de altura e 30 toneladas, que se equilibra em uma base rochosa de apenas 50 centímetros. Uma pena não termos feito esta trilha, mas nas condições em que estávamos, tomamos a melhor decisão. Quem sabe da próxima!
Já a Trilha da Borda Sul tem aproximadamente 9 km e leva cerca de 6 horas, seguindo o caminho todo pela borda do cânion, desde o Mirante até a Cachoeira do Tigre Preto, ou vice-versa.
Também faz parte do Parque Serra Geral o Cânion Malacara. Mas a trilha para este cânion é bem mais pesada. Um total de 22 km, ida e volta, saindo do Cânion Fortaleza, e tem que ser feita em apenas um dia, pois no parque é proibido acampar. Para esta trilha é necessário ir acompanhado de guia.
No próximo post, conto sobre a visita ao Cânion Itaimbezinho.