A viagem de San Pedro de Atacama, no Chile, até Salta, na Argentina foi a mais bonita que já fizemos de ônibus. A estrada é impressionante, cheia de curvas, passa pelos Andes, por paisagens desérticas, por um salar, por regiões habitadas por indígenas e belíssimas paisagens. A nossa viagem foi ainda mais incrível e tensa, pois pegamos uma nevasca na saída do Atacama até chegar na Argentina.
Praticamente todos os dias, exceto sábado, tem saídas de ônibus de San Pedro de Atacama para Salta, com diferentes empresas. Todos partem pela manhã, entre 08h30 e 09h30. A princípio ficamos sem entender porque uma viagem tão longa, entre de 8 a 9h, não havia uma opção para viajar à noite. Mas, depois, entendemos o porquê. A estrada é cheia de curvas e bem perigosa e passa horas sem passar por uma viva alma. Também como a paisagem é realmente muito bonita, vale a pena passar o dia dentro de um ônibus.
Viajamos com a Pullman Bus e saímos por volta das 08h30 da rodoviária de San Pedro, onde também havíamos comprado as passagens com antecedência. A passagem custou 18.000 CLP por pessoa (maio/2017). Em San Pedro de Atacama, depois de dias de muito sol e céu azul, o tempo estava nublado e dava para ver que no pico dos vulcões e montanhas estava nevando.
No Atacama há sempre aquela dúvida se é sal ou neve, já que em alguns lugares, como no Valle de la Luna, existe uma alta concentração de sal. Então, logo na primeira hora de viagem, quando começamos a ver que a estrada começava a ficar branca, a princípio, ficamos na dúvida, mas logo percebemos que se tratava de neve. Em pouco tempo, começou a nevar e a estrada ficava com uma quantidade ainda maior de neve.
Chegamos a um ponto em que tinham vários carros, caminhões e vans parados. Era final de maio e aquela quantidade de neve não era esperada. Eu queria descer para fazer fotos na neve, fazer bonecos e todas essas coisas que brasileiros sonham em fazer. Mas estávamos em um ônibus de viagem tradicional e não de turismo. Além disso, a coisa começou a ficar tensa. O nosso ônibus quase bateu em um caminhão cegonha que estava na estrada. Depois disso, o ajudante do motorista teve que descer e com uma manta, pois não havia correntes, teve que ajudar o motorista passar o ponto mais crítico de neve, cuidadosamente, inúmeras vezes. Isso levou um tempão. Enquanto eu estava feliz em ver a neve, depois de tanto procurando no Chile (em 20 dias, passamos por várias estações de esqui e ainda não tinha neve suficiente), Julie, que viajava com a gente, estava muito preocupada, pois ela sabia que podíamos ficar ali por horas e não tínhamos nem comida nem água suficientes.
É engraçado como o Atacama nos surpreende. Já contei outras vezes que na nossa primeira viagem para lá em 2015, pegamos o que disseram ser a maior chuva dos últimos 50 anos, que levou o Norte do Chile a decretar estado de calamidade e a gente a ficar uma semana sem fazer praticamente nada. E, desta vez, pegamos uma neve, totalmente inesperada. Isso no deserto mais árido do mundo!
Passamos a parte mais crítica da neve. E, depois do sufoco, chegamos à imigração da Argentina, no Paso Internacional Jama. Continuava nevando e tivemos que descer com toda a nossa bagagem. A emigração do Chile e a imigração na Argentina são feitas no mesmo posto. A fila estava enorme e tinha muita gente com sacolas enormes, pois muitas pessoas de países vizinhos viajam ao Chile para fazer compras.
Entramos na Argentina, sem problemas, e continuamos viagem com algumas horas de atraso. Agora a estrada não estava mais com neve, por outro lado, com um tempo começaram as curvas da Ruta Nacional 52 da Argentina.
A estrada muito bonita e a cada curva a paisagem vai ficando ainda mais. Mas quem costuma ficar enjoado em viagem de ônibus é bom garantir um saquinho, um remédio para enjoo e bastante água. A passagem de ônibus inclui um lanche, e nós recebemos um suco e biscoito. Se for levar comida, certifique-se que irá comer antes de entrar na Argentina, pois não é permitido entrar com nenhum alimento no país. Também no caminho não é feita nenhuma parada para comer ou comprar algo.
A rodovia cruza as províncias argentinas de Jujuy e Salta e passa por alguns locais de interesse turístico da região que podemos ver da janela do ônibus, como as Salinas Grande, um deserto de sal; o Cerro de Los 7 Colores e o pueblo de Purmamarca. Também vimos alguns indígenas com animais da região, como llamas e alpacas.
O ônibus faz paradas, apenas para deixar passageiros, em Purmamarca, San Salvador de Jujuy e Salta. Nós ficamos em Salta que era a última parada e chegamos já à noite.
De Salta é possível fazer passeios de bate-volta para esses locais que citei, mas quem tiver mais tempo, acho válido passar uma noite em Purmamarca para conhecer melhor a região, que ainda tem a Quebrada de Humahuaca, um vale na província de Jujuy, e Tilcara, outro povoado.
Como nós tivemos poucos dias em Salta e já tínhamos visto bastante coisa nesta viagem de ônibus, apesar de não termos a chance de parar em nenhum desses lugares, aproveitamos os outros dias para conhecer o Sul de Salta, mais precisamente, os Valles Calchaquíes, que também têm paisagens impressionantes.
O Norte da Argentina nos impressionou bastante. Ficamos 4 dias, mas gostaria e recomendo ficar pelo menos uns 7 dias.
Alguns dias depois da nossa viagem de ônibus de San Pedro de Atacama a Salta, assistimos no noticiário, que esta rota havia sido fechada no mesmo dia que viajamos, temporariamente, devido à grande quantidade de neve! Foi tanta neve no Chile nesta época, que as estações de esqui começaram a funcionar com um mês de antecedência do período normal.
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O Chile não tem um sistema de saúde gratuito e o atendimento médico lá pode sair bem caro, portanto, é imprescindível fazer um seguro viagem para visitar o país.