A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) recebeu os últimos ajustes de malha aérea das empresas Gol, Azul e Latam, nesta sexta-feira (27). Além das capitais dos 26 estados e o Distrito Federal, outras 19 cidades do país serão atendidas. Os voos terão início neste sábado (28) e estão previstos até o final de abril, distribuídos em frequências semanais com: 723 voos no Sudeste, 153 na região Nordeste, 155 voos no Sul, 135 no Centro-oeste e 75 voos para a região Norte.
A distribuição dos voos atende a preocupação do Governo Federal de manter uma malha que continue integrando o País, com ajustes para que nenhum estado fique sem pelo menos uma ligação aérea. Com a redução drástica de voos em março, em decorrência da pandemia do Coronavírus, havia o risco de uma paralisação total do serviço. O número de voos semanais passou de 14.781 para 1.241.
O Diretor-Presidente da ANAC, Juliano Noman, reforça a importância da medida para a manutenção do transporte aéreo: “A aviação de vários países está parando por completo. O que estamos fazendo no Brasil é porque sabemos que o serviço aéreo é essencial para ajudar o País a superar esse cenário sem precedentes, permitindo o deslocamento de materiais, profissionais de saúde e das pessoas que ainda precisam viajar”. Também participam da ação o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), do Ministério da Economia, e o Ministério da Infraestrutura, que tem buscado junto aos governos estaduais apoio para a iniciativa.
*Informações retiradas do site da anac.gov.br
Foto em destaque: Malha aérea semanal por estados – ANAC
Os Estados Unidos são o novo epicentro da pandemia do coronavírus, com 116.050 casos notificados (ultrapassando Itália, China e Espanha) e 1.937 mortes por covid-19. O estado de Nova York registrou quase metade dos casos do país, com 52.318 infectados e 728 mortos. Pedi a um amigo nova iorquino para me contar sobre a situação na cidade e ele me falou que não estava se sentindo bem para falar sobre o assunto, mas me enviou o depoimento de uma amiga enfermeira que trabalha em um dos maiores hospitais de Nova York, que foi publicado nas redes sociais dela. Por segurança, a identificarei apenas com as iniciais A.B.
O depoimento dela expressa bem a situação crítica que os EUA estão vivendo e reforça o alerta para as pessoas ficarem em casa.
Leiam o depoimento de A. B:
Esta é a placa na porta da Unidade de Terapia Intensiva contra o COVID onde eu trabalho. Vou atravessar essas portas, deixando de lado minha especialidade em Neuro UTI, em todos os turnos no futuro imprevisível. Eu acabei de voltar ao trabalho depois de algumas semanas de folga e posso dizer honestamente que, por mais destemida que sempre tenha sido, estou com medo. Sim, pela saúde da minha família, amigos e minha, mas também pela nossa sociedade. Muito amor e conexão podem advir disso. Eu já vi isso, mas também muita dor e doença mental.
Não temos a quantidade suficiente de testes para isolar o patógeno ou a pessoa portadora desse vírus e não temos as máscaras, luvas e equipamentos adequados para os profissionais de saúde usarem enquanto administram esses testes quando finalmente chegam. Isso tem a ver com a política e a diminuição de verbas em 2018 para o escritório de preparação para pandemias de nossa administração atual. Tudo bem, temos que seguir em frente.
A ÚNICA coisa que lhe está sendo solicitada é usar a estratégia simples do DISTÂNCIA SOCIAL. Simples. Se todos pudermos cumprir, PODEMOS ter a chance de começar, passo a passo, a reconstruir nossas novas vidas em alguns meses. Se não … bem … não descreverei aqui como é assistir a essa pandemia e ver vidas inocentes se perderem diante de meus olhos.
Acredite, eu também pensava que era invencível, mas não sou.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou nesta quarta-feira (11) pandemia de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. De acordo com os dados da OMS, até ontem foram registrados 118 mil casos da doença em 114 países e 4.291 pessoas mortas. Em razão disso, alguns países já tomaram medidas mais drásticas para conter o alastramento da doença, proibindo a entrada momentânea de estrangeiros. Fizemos o levantamento desses países aqui*:
Itália
Como publicamos nesta quarta-feira (11) aqui no Compartilhe Viagens, a Itália é um dos países que adotou medidas mais severas para conter o novo coronavírus. A partir desta quinta-feira (12), apenas estabelecimentos de necessidades básicas, como supermercados, farmácias e bancos devem funcionar. A recomendação é para que todos permaneçam em casa e, em caso de necessidade, apenas uma pessoa da família saia. As viagens pelo país, inclusive por italianos, só podem ser feitas com justificativa médica, motivos de trabalho ou familiar ou situações de extrema necessidade. Escolas e universidades vão permanecer fechadas até o dia 3 de abril.
Leia o depoimento da brasileira Adja Medeiros, que publicamos ontem, contando como está a situação por lá.
Também nesta quarta-feira (11), a Índia anunciou o fechamento das fronteiras para turistas estrangeiros de todo o mundo. A restrição começa a valer a partir desta sexta-feira (13) e segue até o dia 15 de abril. Apenas vistos diplomáticos, oficiais, de organizações internacionais, para trabalho ou projetos não foram suspensos.
A Índia registra 60 casos de covid-19, nenhum deles fatal até o momento. O país tem 1,3 bilhão de habitantes.
Viajantes que estiveram na China, Itália, Irã, Coreia do Sul, França, Espanha e Alemanha depois de 15 de fevereiro deverão ficar em quarentena por pelo menos 14 dias.
Os Estados Unidos suspenderam a entrada de viajantes vindos da Europa para os Estados Unidos pelos próximos 30 dias, a partir desta sexta-feira (13). A medida vale para estrangeiros que estiveram nos 26 países da Zona Schengen nos 14 dias anteriores à tentativa de retorno aos EUA. A decisão não é válida para o Reino Unido.
No início do mês (9/03), o governo de Israel passou a exigir que estrangeiros que desembarquem no país e cidadãos ao voltar do exterior se isolem por duas semanas.
O país só está aceitando a entrada de estrangeiros que conseguirem provar que poderão se manter em quarentena de 14 dias. A medida começa a valer a partir desta quinta-feira (12).
Desde o início de março (3), o governo angolano proibiu a entrada de cidadãos vindos de países com surto de covid-19. A lista dos países vetados é atualizada diariamente pelo Ministério da Saúde de Angola. A medida é válida enquanto a epidemia durar.
Atualização 1 (11/03, às 22h13): Hoje o primeiro ministro italiano, Giuseppe Conte, fez um novo pronunciamento, e a partir desta quinta (12), só funcionarão os estabelecimentos de necessidades básicas, como supermercados, farmácias e bancos. Todos os outros estabelecimentos deverão ficar fechados. Além disso, a orientação é para que caso seja necessário resolver algo fora de casa, sai apenas uma pessoa por família por vez. As novas medidas são válidas até 25 de março.
Batemos um papo exclusivo com a Adja Medeiros, brasileira, de Natal/RN, que mora na cidade de Calenzano (província de Florença), e é bolsista de pesquisa na Universidade de Florença e que está vivendo todo este drama por lá. Veja o depoimento dela:
“Em meados de fevereiro deste ano foi onde descobriram o primeiro caso do Novo coronavírus (Covid-19) na Itália, no Norte. E, até então, o vírus foi se propagando até atingir de forma mais alarmante 14 províncias, que eram consideradas zona vermelha e estavam bloqueadas: ninguém podia sair ou entrar de lá, sem alguma justificativa, ou de trabalho ou de saúde. Semana passada, o governo lançou um decreto que as escolas e universidades iriam ficar sem funcionar até o dia 15 de março. E com o decreto de 09 de março, as escolas e universidades continuam sem funcionar até o dia 03 de abril e agora toda a Itália está confinada. Ou seja, ninguém entra ou sai sem uma justificativa. No site oficial do governo tem um modelo de autodeclaração, que quem precisa se movimentar pela Itália deve apresentar com a justificativa e se responsabilizando pelas informações ali contidas. Quem não estiver seguindo as normas do decreto, pode ser multado (até 206 euros) ou até preso (por até três meses) e reclusão de 1 a 12 anos para quem deve estar em quarentena ou se for positivo ao vírus e estiver circulando nas ruas.
Os supermercados estão funcionando normalmente, mas com o novo decreto muitas pessoas estão com medo e estão indo ao supermercado para poder estocar comida e água. Por causa dessa grande movimentação de pessoas nos supermercados e por causa das normas do novo decreto, dependendo do tamanho do estabelecimento, entra uma certa quantidade de pessoas em um determinado período de tempo. Por exemplo, em um supermercado grande aqui perto de casa, estavam entrando 50 pessoas a cada 15 minutos. Mas na farmácia, que é bem pequena, só estava entrando uma pessoa de cada vez. A fila era do lado de fora e cada pessoa mantendo um metro de distância da outra.
Eu sou bolsista de pesquisa na Universidade de Florença e até 09 de março nós estávamos indo trabalhar normalmente, só mantendo a distância de pelo menos um metro entre as pessoas, sem cumprimentar com beijos e abraços e lavando sempre as mãos. A partir do anúncio do novo decreto, a minha Professora nos orientou para trabalharmos de casa, escrevendo artigos e realizando pesquisa bibliográfica. Mas para professores e pesquisadores ainda está autorizado ir trabalhar, só não vamos porque temos a opção de trabalharmos de casa.
Então, a recomendação é só sair de casa para trabalhar ou comprar o essencial, que é comida ou itens essenciais, como lâmpada, caso tenha queimado. Lojas, supermercados, estão funcionando. Bares e restaurantes só podem funcionar até às 18:00 e os estabelecimentos devem organizar para que as pessoas mantenham sempre um metro de distância.
Hoje fomos a um supermercado grande e tinha fila do lado de fora, todos seguindo a recomendação de distância e resolvemos tentar ir em outro supermercado, menor. Ao chegarmos lá, não tinha fila e tinham poucas pessoas no interior. O supermercado estava bem abastecido de frutas, carnes e todos os itens essenciais de higiene. Inclusive, encontramos, por acaso, álcool em gel para as mãos, que é um item raro de se ver hoje em dia. Mas vale salientar que cada local vivencia situações diferentes. Nós somos privilegiados porque aqui fica em um local estratégico, perto de autoestrada e onde tem distribuidoras alimentícias. Pode ser que em outras cidades, as pessoas estejam enfrentando dificuldades maiores.
A recomendação é ficar em casa, mas se quiser aproveitar o sol e dar uma caminhada perto de casa, levar cachorro para dar uma volta, é permitido. Só devemos todos ter consciência da gravidade da situação, pela velocidade da propagação do vírus e cada um fazer a sua parte para conter essa propagação, para que o sistema sanitário do país consiga atender todas as demandas.
Que eu saiba só uma parte do aeroporto de Milão está fechada. Alguns voos continuam operando por lá. Os outros estão funcionando normalmente. Mas muitos voos estão sendo cancelados. Então, quem vai viajar, deve ficar sempre olhando o estado do voo, para ver se foi cancelado ou não. Mas a orientação é de só viajar se for extremamente necessário. Se for turismo, a recomendação é adiar. E quem for entrar ou sair da Itália ou até mesmo viajar pela Itália, entre diferentes províncias, deve apresentar essa autodeclaração, justificando a viagem.
Em um grupo do Facebook de brasileiros na Itália, do qual faço parte, tem um relato de uma pessoa que não está conseguindo voltar pro Brasil, pois o voo dela foi cancelado. Então até o dia 03 de abril, que é a validade desse decreto, acho bem difícil alguém conseguir viajar para dentro ou fora da Itália.”
Foto em destaque: Fila na frente de supermercado em Sesto Fiorentino, província de Florença. Foto: Adja Medeiros.
Desde que surgiram as notícias sobre o novo coronavírus, que já matou 170 pessoas desde dezembro na China, viajantes têm se questionado sobre quais destinos evitar e quais cuidados tomar durante as viagens que já estão programadas.
Nesta quinta-feira (30), a Organização Mundial da Saúde (OMS), fará uma reunião para determinar se a epidemia constitui uma emergência sanitária internacional. E, provavelmente, irá estabelecer diretrizes de cuidados a serem tomados.
Enquanto isso, as recomendações feitas pelo Ministério da Saúde do Brasil e a Sociedade Brasileira de Infectologia é de que “viagens para a China devam ser
realizadas somente em casos de extrema necessidade”.
Em informe oficial, a Sociedade Brasileira de Infectologia esclarece que “somente na China, por enquanto, relata-se transmissão sustentada do vírus de pessoa a pessoa” e que “Até a publicação deste documento (29/01/2020), o Brasil não tem casos registrados da doença”.
Informe não menciona que outros destinos, além da China, devem ser evitados por viajantes. Porém, menciona os cuidados que devem ser tomados para evitar o contágio:
*Evitar contato próximo com pessoas com infecções respiratórias agudas;
* Lavar frequentemente as mãos por pelo menos 20 segundos, especialmente após contato direto com pessoas doentes ou com o meio ambiente e antes de se alimentar. Se não tiver água e sabão, use álcool em gel 70%, caso as mãos não tenham sujeira visível;
* Usar lenço descartável para higiene nasal;
* Cobrir nariz e boca ao espirrar ou tossir;
* Evitar tocar nas mucosas dos olhos;
* Higienizar as mãos após tossir ou espirrar;
* Não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas;
* Manter os ambientes bem ventilados;
* Evitar contato próximo com animais selvagens e animais doentes em fazendas ou criações.
Nos aeroportos, o Ministério da Saúde do Brasil está adotando medidas,
como avisos sonoros , distribuição de pôsteres, folhetos, boletim eletrônico, com o objetivo de alertar os viajantes sobre os sinais e sintomas da doença. Desde o dia 24/01/2020, os aeroportos começaram a veicular avisos sonoros da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) em português, inglês e mandarim sobre o coronavírus. A mensagem, com duração de um minuto, alerta sobre os sintomas da doença e informa sobre medidas para evitar a sua transmissão.
Para ler o informativo completo da Sociedade Brasileira de Infectologia, clique aqui.
Foto em detaque: Tyrone Siu, publicada na Agência Brasil.