A trilha sonora deste post é Encontros e Despedidas, de Milton Nascimento. Ouça e assista:
Toda jornada é um movimento em direção ao outro: o encontro é conatural ao viajar. O encontro com outras pessoas, com outras culturas, com outros ambientes, com outras paisagens: enfim, o encontro com a alteridade. Uma alteridade que pode apenas nos confirmar, fortalecendo por meio da afirmação de nossa (aparente) diferença nossas certezas, hábitos, conceitos e comportamentos, mas que pode também pôr-nos em jogo, provocar-nos, instigar-nos a sair (pelo menos em parte) de nossos reflexos, nossas maneiras usuais de ser, de pensar e de agir, enriquecendo nossa humanidade.
Esse abalo criativo só acontece, porém, quando ao deslocar-nos para outros lugares adotamos um espírito viajante, uma atitude de abertura receptiva para o mundo à nossa volta; quando suspendemos temporariamente (ou ao menos tentamos suspender) nossos julgamentos, nossos pressupostos (os dos quais temos consciência), nossas tendências – aparentemente espontâneas, mas que na verdade são um produto em constante (re)construção de nossa biografia e nossa interações – sensoriais, perceptivas, cognitivas e comportamentais.