Mosteiro de São Bento, um tesouro no centro do Rio de Janeiro

Esta nossa última viagem ao Rio de Janeiro foi mesmo cheia de boas surpresas. Como falei, deixamos um pouco de lado as praias cariocas (também porque fomos à Búzios) e visitamos alguns lugares bem interessantes na cidade, como o Real Gabinete Português de Leitura, o Parque das Ruínas e o Mosteiro e igreja de São Bento. Este último é um complexo da Congregação Beneditina considerado Monumento Mundial pela Unesco e tombado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Um verdadeiro tesouro no centro do Rio, com  missa com canto gregoriano aos domingos. E assim como os demais lugares que citei, tem entrada gratuita.

Fachada da igreja do Mosteiro de São Bento, no Rio de Janeiro
Fachada da igreja do Mosteiro de São Bento, no Rio de Janeiro

A entrada para o complexo do Mosteiro de São Bento pode passar completamente despercebida por qualquer pessoa que caminhe pela rua Dom Gerardo. É que o melhor acesso é feito pelo número 40 (no Google Maps aparece número 68, que é na verdade o estacionamento, que também é possível ter acesso, mas é preciso subir caminhando), que aparentemente é a entrada de um centro comercial, mas tem escrito na porta bem discreto “Mosteiro São Bento”. Lá você pode pegar o elevador para chegar até a igreja.

Interior da igreja do Mosteiro de São Bento
Interior da igreja do Mosteiro de São Bento

O Mosteiro de São Bento foi fundado em 1590, apenas 24 anos após a fundação do Rio de Janeiro. A construção do prédio do mosteiro teve início em 1617 e 1633 foi dado início à obra da igreja, que levou mais de 100 anos para ser concluída. A visita aberta ao público é apenas para a igreja.

Do lado de fora, a igreja, que é dedicada à Nossa Senhora de Monserrate e é a terceira mais antiga abadia das Américas, parece muito simples, com um exterior de arquitetura sóbria, marcada pela simetria. Mas basta chegar na porta para se impressionar (impossível não soltar um UAU!) com o seu interior e ter certeza de que está diante de uma das igrejas mais bonitas do Brasil (olha que já estive nas cidades históricas mineiras, em Salvador e em Olinda).

O interior da igreja é coberto por talha de madeira dourada barroca, um trabalho realizado entre 1694 e 1734. A abadia é compreendida por uma nave central, a capela-mor, onde estão o altar-mor, o coro e o trono, onde está a imagem de Nossa Senhora de Monserrate.

Além da imagem de N Sra de Monsserrate, estão entre os tesouros da igreja a imagem de São Bento do final do século 17, os três portões de ferro fundido, vindos da Inglaterra em 1880;os dois grandes lampadários de prata, que ficam o lado do altar central e pesam  227 kg cada; o órgão da coroa de 1773, as doze imagens da nave central, que representam 4 papas, 4 bispos e 4 reis, santos da Ordem Beneditina. A pia batismal é de pedra sabão do século 18, vinda de Minas Gerais. As torres possuem 12 sinos, sendo que seis deles vieram da Alemanha em 1953. O maior deles, chamado de “Cristo Rei” pesa 5.750 kg!

Altar de Nossa Senhora da Conceição na igreja do Mosteiro de São Bento
Altar de Nossa Senhora da Conceição na igreja do Mosteiro de São Bento

A Capela do Santíssimo, que fica à esquerda no altar-mor, me chamou muito atenção. Os altares dedicados aos santos São Mauro, Nossa Senhora do Pilar e São Caetano (à esquerda) e a Nossa Senhora da Conceição, São Lourenço, Santa Gertrudes e São Brás (à direita) também são belíssimos.

A igreja está aberta para visita gratuita de segunda à sexta, das 6h30 às 18h30 (aos sábados até às 17h30). Às missas acontecem de segunda à sexta, às 7h30, aos sábados, às 8h, e aos domingos, às 10h (com canto gregoriano).

Além do mosteiro, que hospedou o papa Bento XVI durante sua visita ao Brasil, e da igreja, o Colégio de São Bento também faz parte do complexo. O colégio é um dos mais tradicionais da cidade, tendo sido fundado em 1858, e é exclusivamente para meninos.

Além da visita a igreja, recomendo circular um pouco pela área externa e apreciar a vista para o Museu do Amanhã, o Boulevard Olímpico e toda essa região portuária.

Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro

Rua Dom Gerardo, 40 – Centro

https://www.mosteirodesaobentorio.org.br/


Real Gabinete Português de Leitura: a impressionante biblioteca pública no centro do Rio de Janeiro

O Real Gabinete Português fica na rua Luís de Camões, no centro do Rio
O Real Gabinete Português fica na rua Luís de Camões, no centro do Rio

Na Rua Luís de Camões (poeta português autor de “Os Lusíadas”), número 30, em frente ao Largo Alexandre Herculano, no Centro do Rio de Janeiro, fica um dos lugares mais impressionantes da cidade: O Real Gabinete Português de Leitura. Uma biblioteca pública, quase bicentenária, que mais parece cenário de filmes como Harry Potter ou A Bela e a Fera e já foi eleita pela revista Time (2014), a quarta biblioteca mais bonita do mundo.

A entrada é gratuita. Vale a pena dar um tempo nas praias cariocas e incluir o Real Gabinete, durante uma visita ao Centro.

Em maio de 2019, o Real Gabinete Português de Leitura completa 182 anos. Trata-se da associação mais antiga criada pelos portugueses no país após a independência do Brasil.

Elis, aos 9 meses, deslumbrada com o Real Gabinete
Elis, aos 9 meses, deslumbrada com o Real Gabinete

A sede foi inaugurada pela Princesa Isabel, no ano 1887. Antes, o Gabinete funcionou em outras 3 endereços. A sede própria foi construída em estilo neomanuelino (referência a D. Manuel I), e sua fachada foi inspirada no Mosteiro dos Jerônimos, em Lisboa. A fachada traz quatro estátuas, que representam Pedro Álvares Cabral, Luís de Camões, Infante D. Henrique e Vasco da Gama. O prédio é tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural.

O Real Gabinete dispões de cerca de 350 mil volumes, incluindo milhares de obras raras, tais como a edição “prínceps” de ” Os Lusíadas”, de 1572, que pertenceu à Companhia de Jesus; as “Ordenações de Dom Manuel” por Jacob

Detalhes do Real Gabinete Português de Leitura
Detalhes do Real Gabinete Português de Leitura

Cromberger, editadas em 1521; os “Capitolos de Cortes e Leys que sobre alguns delles fizeram”, editados em 1539; além de manuscritos do “Amor de Perdição”, de Camilo Castelo Branco e o “Dicionário da Língua Tupy, de Gonçalves Dias. E ainda mais centenas de cartas de escritores.

O acervo está à disposição para leitura e pesquisa e quem quiser ter acesso pode se associar na sede da própria instituição ou ter acesso ao acervo digitalizado através do site da instituição, neste link.

O Real Gabinete também recebe curiosos e turistas que visitam o lugar apenas para admirar a beleza do lugar, que encanta apaixonados por livros e arquitetura e surpreendeu até mesmo nossa filhinha Elis, na época com 9 meses.

O horário de funcionamento é de segunda à sexta, das 9h às 18h.

*Com informações do site do Real Gabinete Português de Leitura.