Valle Calchaquies – De Salta a Cafayate
O Valle Calchaquies se estende pelas províncias de Catamarca, Tucumán, Jujuy e Salta. Além das paisagens únicas, formada por desertos, montanhas, florestas, o Valle é de grande importância histórica e cultural para a região, tendo sido cenário para a expansão da cultura de Tiahuanaco (650 a 850 dC) e do estado lnca, em meados do século 15. No século 16, veio a colonização espanhola.
Dentro do Calchaquies, há vários vales e “quebradas”. No caminho entre Salta e Cafayate, seguindo pela Ruta 68, fica a “Quebrada de las Conchas” ou “Quebrada de Cafayate”, que tem início na cidade de Alemania, a 107 km da cidade de Salta.
A Quebrada de Las Conchas é um profundo vale de 75 km de extensão, que foi formado a mais de 90 milhões de anos, a partir de erosões causadas pelo rompimento de grandes lagos que ficavam entre as montanhas da região.
Las Conchas recebe esse nome porque na região foram descobertas conchas e fósseis de conchas. A paisagem em tons de rosa e ocre se deve ao óxido de ferro presente no solo.
Entre Salta e Cafayate são 197 km e, sem paradas, levaria cerca de 3h de carro. Porém, como as paisagens da Quebrada de las Conchas merecem várias paradas, o ideal é sair cedo de Salta e reservar o dia inteiro para o passeio. Lembre-se da dica que dei acima de levar comida e água.
Entre os pontos de visitação da “Quebrada de las Conchas” estão:
La Garganta del Diablo (141 km de Salta)
Essa formação rochosa é Patrimônio Cultural da Comunidade indígena Suri Diaguita Kalchachi e considerada por eles, a Porta para o “Inframundo”.
El Anfiteatro (142 km)
Ao lado de La Garganta del Diablo, El Anfiteatro também é considerado Patrimônio Cultural da Comunidade indígena Suri Diaguita Kalchachi, sendo a porta para o “Supramundo”.
Mirador Tres Cruces (153 km)
Este mirante tem uma das vistas mais bonitas para a Quebrada e para o rio de las Conchas. Recebe esse nome porque tem 3 cruzes de madeira no alto do monte.
El Sapo (153 km) e El Fraile (155 km)
Bem próximo ao mirante das Tres Cruces, quase na estrada, fica a formação do “El Sapo” e do outro lado do rio, lá do alto do mirante, pode-se ver outra figura natural esculpida na rocha, chamada “El Fraile” por se assemelhar a um frade franciscano com os braços cruzados e túnica.
El Obelisco (165 km) e Los Castillos (168 km)
Outras esculturas naturais famosas em Las Conchas são El Obelisco e Los Castillos, este último, a formação mais bonita, na minha opinião. Portanto, parada imperdível.
Todas essas paradas estão sinalizadas por placas na estrada. A maioria delas fica bem próximo a pista ou é necessário andar apenas um pouco.
Cafayate
A cidade de Cafayate foi a nossa escolha para passar a primeira noite. Mas como disse antes, gostaria de ter passado pelo menos mais um dia para conhecer algumas das vinícolas da região.
Cafayate tem menos de 12 mil habitantes. É uma cidade bem charmosa, com construções coloniais no estilo espanhol. Nos arredores da cidade que faz parte da Ruta del Vino estão dezenas de vinícolas.
O cultivo de vinho na região foi introduzido pelos jesuítas no século 18. A altura dos vales (Cafayate fica a 1,683 metros de altitude) e o clima contribuem para a boa qualidade dos vinhos. Entre as uvas tintas produzidas na região estão Cabernet Sauvignon, Malbec, Tannat, Bonarda, Syrah, Barbera e Tempranillo. E para o vinho branco produzido em Cafayate destaca-se a cepa Torrontés.
Como falei, ficamos apenas uma noite em Cafayate (Hostel Casa Arbol), pouco tempo, mas foi suficiente para conhecermos o centrinho da cidade. Na praça principal 20 de Febrero estão a Catedral Nuestra Señora del Rosario, o mercado de artesanatos, restaurantes e algumas bodegas, onde são vendidos os vinhos da região.
Na manhã seguinte também acompanhamos um desfile de 9 de Julio, dia da Independência da Argentina.
Outro passeio que fizemos em Cafayate foi visitar a finca San Isidro, onde é possível ver algumas pinturas rupestres em uma pequena caverna. A entrada é gratuita. Lá do alto é possível ter uma bonita vista para as montanhas do entorno de Cafayate.