Uma viagem bem planejada pode evitar muita dor de cabeça. Mas tenho que admitir, as melhores surpresas de uma viagem acontecem quando estamos livres para o acaso. Foi assim, que fomos parar em Port Barton, nas Filipinas. O nosso lugar no Mundo.

Na nossa viagem de Volta ao Mundo, planejamos os países que queríamos conhecer e algumas cidades, mas era impossível definir o roteiro de 219 dias. E essa era a melhor parte da viagem, não saber o que aconteceria no dia seguinte, na verdade, nem mesmo o que aconteceria naquele dia.

Quando estávamos em Puerto Princesa, na ilha de Palawan, conhecemos Blair, canadense que morava em Gangnam (aquele lugar da música do Psy), Coréia do Sul. Ele parecia bem estranho, vestia bermuda, meia no meio da canela, camiseta e boina. O gringo clássico. Mas não demorou e já tínhamos feito amizade com ele e com o Luís, o espanhol que reencontramos em Bali.

Blair nos perguntou para onde iríamos no dia seguinte e dissemos que não sabíamos. “Vocês são os piores viajantes do Mundo”, dizia ele que conhece mais de 120 países. Foi aí, que ele nos falou de Port Barton. Combinamos de ir para a “rodoviária” juntos, no dia seguinte, e de pegar o primeiro ônibus ou jeepney que saísse, não importasse qual o destino.

Foi justo o jeepney para Port Barton. Eu e Fred pegamos os melhores lugares, na frente ao lado do motorista. Blair foi atrás e conheceu Jérémie, também canadense, e Jin, coreana.

No jeepney para Port Barton
No jeepney para Port Barton

Chegamos em Port Barton e já éramos um grupo. Logo na chegada, conhecemos o Gaga (sim, como a Lady). Ele nos ofereceu o passeio de barco pelas ilhas vizinhas e deixamos tudo acertado para o dia seguinte.

Port Barton fica entre Puerto Princesa e El Nido, que é a grande atração da ilha. Poucas pessoas conhecem. Por isso, é mais tranquilo e barato. Ficamos em uma pousada à beira mar. Pagamos 750 pesos filipinos em um bangalô para casal com banheiro privativo. Algo como R$ 40. Mas há opções a partir de 250 PHP.

O Lonely Planet desencoraja ir a Port Barton, pois o lugar é pouco desenvolvido e e há apenas poucas horas de oferta de energia elétrica por dia. Detalhes que não fizeram falta para quem estava no paraíso.

O mar de Port Barton parece uma piscina de bordas infinitas, de tão calmo, forma um grande espelho. O pôr do sol no mar de tão surreal parecia efeito visual do filme de Ang Lee, “As aventuras de Pi”.

Entardecer em Port Barton
Entardecer em Port Barton

Aproveitamos o entardecer no Jambalaya, um dos poucos barzinhos da praia e que se tornou o nosso preferido.

Da esquerda para direita: Jin, Jérémie, Blair, Fred e eu no Jambalaya
Da esquerda para direita: Jin, Jérémie, Blair, Fred e eu no Jambalaya

À noite, teve luar, carteado e descanso na rede de frente ao mar.

No dia seguinte, fizemos o “island hopping” com Gaga. Passeamos por várias pequenas ilhas, mergulhamos com snorkel (que nem é necessário de tão cristalina que a água é), vimos vários peixes coloridos, corais e tartarugas. Paramos na ilha onde vive Gaga para pegar o peixe fresquinho que seria nosso almoço. Blair e Jérémie aproveitaram para jogar uma partida de basquete com as crianças da ilha. Pois, onde houver um Filipino haverá uma cesta de basquete.

Reflexo do barco no mar de Port Barton
Reflexo do barco no mar de Port Barton

Gaga fez um almoço delicioso: peixe frito na brasa, arroz, vinagrete e frutas. Comemos em um gazebo de uma ilha particular. Parecia que estávamos estrelando algum comercial diante da paisagem tão incrível.

Em Germany Island
Em Germany Island

Fizemos uma parada na ilha de frente, Germany Island, um pequeno pedaço de terra particular. E lá, Gaga nos fez uma proposta irrecusável. Já que no dia seguinte, viajaríamos de barco para El Nido, o que levaria umas 6h, por que não sair no final da tarde, acampar em Germany Island, e seguir para El Nido ao amanhecer?

Ele era amigo do segurança da ilha, que estava com alguns quartos sendo construídos. Aceitamos a proposta sem pestanejar. Voltamos para a pousada e, no dia seguinte, saímos para a noite em Germany Island.

Os meninos fizeram as compras para aquela tarde e noite: 3 garrafas de rum filipino, água e alguma coisa para lanchar.

Eu não tomei banho de mar, pois não queria dormir com o corpo salgado. Aproveitei para meditar. Os três tomaram banho até o anoitecer.

Impossível não sentir paz num lugar como este
Impossível não sentir paz num lugar como este

Tivemos pôr do sol, lua cheia, fogueira, churrasco de peixe feito por Gaga, música e muitas piadas internas (imaginem, cada um deles, tomou 1 garrafa de rum). E para à noite ficar mais especial, vimos plânctons luminosos no mar. Os meninos não paravam de pular e quanto mais se moviam, mais os plânctons brilhavam.

Pôr do sol em Germany Island
Pôr do sol em Germany Island

Sorte minha que fiquei sóbria e posso lembrar de cada detalhe daquele dia, que foi um dos mais inesquecíveis da viagem. No dia seguinte, partimos para El Nido, que é um dos lugares mais bonitos do Mundo, mas o que tínhamos vivido em Port Barton, era difícil de superar.

Por isso, elegemos Port Barton o nosso lugar no Mundo.

Se forem, lá, algum dia, por favor, digam a Gaga que mandamos lembranças.


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