Myanmar foi para mim um dos países mais especiais entre os 20 da Volta ao Mundo. O país não estava em nossos planos iniciais. Tínhamos notícias de que viajar pelo país era difícil, inseguro, que não havia caixas eletrônicos para saque com cartões estrangeiros (ATMs) e que boa parte da internet era bloqueada. Mas depois de conversar com um amigo que havia visitado o país alguns meses antes, decidimos arriscar.
Demos entrada no visto em Bangkok, capital da Tailândia, e para consegui-lo tive que omitir minha condição de jornalista. A antiga Birmânia vive há mais de 50 anos sob comando do regime militar. E jornalistas definitivamente não são bem vindos em ditaduras, assim como advogados e ativistas sociais.
Informei que era estudante de língua portuguesa e no dia seguinte recebemos o visto. Dois dias depois, pegamos o voo para Yangon, a antiga capital do país. E até receber o carimbo da imigração estava com o coração apertado, pois mesmo com o visto em mãos, poderia ter sido barrada. Mas ainda bem que não fui e pudemos viver os oito dias mais intensos de nossa Volta ao Mundo até agora.
Mas o que me fez amar tanto o país?
Em Myanmar encontramos uma Ásia mais genuína com menos influências ocidentais. Homens e mulheres usam longyi, roupa tradicional, que explicando bem rudemente, seria um tipo de canga. Calça jeans é coisa rara de se ver. Mulheres e crianças também andam nas ruas com o rosto pintado de tanaka, uma pasta branca a base de sândalo, usada para proteger do sol.
Os birmaneses são profundamente religiosos e têm sua cultura baseada no budismo. Em todo o país, há muitos, muitos monges, que são extremamente respeitados.
Aliás, com o povo de Myanmar aprendemos muito. Gente muito simples que nos mostrou que pobreza não é sinônimo de violência. Lá nos sentimos seguros e em paz. Os birmaneses são o povo mais gentil e hospitaleiro que já conhecemos. E são sem dúvida o que há de melhor no país.
Me emociono a cada vez que lembro do país e recomendo muitíssimo a todos os viajantes. Quem viaja por Myanmar, não volta o mesmo.
Agora, compartilho algumas dicas para quem vai a Myanmar pela primeira vez:
Capital: Naypyidaw
Fuso horário: UTC +6:30, 9h30 a mais que o Brasil.
Moeda: a moeda oficial é o Kyat, mas não é vendida em nenhum país. O recomendado é levar notas novíssimas de dólar e trocar no país. Quando fui já havia caixas eletrônicos, mas não eram confiáveis, pois muitas vezes não funcionavam. Trocávamos dinheiro diretamente no hotel.
Código de discagem: + 95
Idioma: Língua birmaneses. Algumas pessoas falam inglês, principalmente, as que atuam no turismo.
Nosso roteiro: Yangon – Bagan – Inle Lake
Nosso tempo de viagem: 8 dias
Nossa média de gastos: O que encarece a viagem em Myanmar é a hospedagem, por ter poucas opções, é muito mais cara do que os outros países do Sudeste Asiático. Mesmo assim, conseguimos quarto para dois por 25 dólares. Os outros gastos, alimentação, transporte e atrações são muito baratos. Gastamos em média 30 dólares por dia para cada. Um detalhe, importante, em Myanmar a jóias e artesanatos com preços muito mais baixos do que nos outros países, quem tiver interesse em comprar, bom levar dinheiro extra.
Alta temporada: O país está há muito pouco tempo aberto ao turismo, então, é provável que ainda não haja períodos de superlotação. Mas é bom estar atento às monções, que vai de maio a outubro. Chegamos em junho debaixo de muita chuva em Yangon. Mas em Bagan e Inle Lake não choveu.
Exigências para visitar o país: Para brasileiros é necessário tirar visto, que pode ser feito em outros países do Sudeste Asiático ou no próprio aeroporto. Tiramos o nosso em Bangkok, onde há uma embaixada. Como tínhamos pressa, fizemos por agência. Mas não recomento por sai infinitamente mais caro. Na embaixada, o visto custa 30 dólares e é necessário ter 2 fotos 3X4 e passaporte com no mínimo 6 meses antes do vencimento.
Tempo máximo de permanência: 28 dias.
Segurança: viajar pelo país é bastante seguro. O governo e os moradores tem muito cuidado com os turistas. Os golpes também são raros, diferente de outros países do Sudeste Asiático. Mas é sempre bom ficar atento.
Religião: Maioria budista.
Política: Regime militar.
Gastronomia: Muito semelhante com a dos outros países do Sudeste Asiático, não chama atenção como a da Tailândia, mas é boa.
Como viajar: Fizemos todo nosso roteiro de ônibus, mas também há linhas de trens, que dizem atrasar mais, e companhias aéreas nacionais. Os ônibus, apesar de não serem luxuosos, eram confortáveis e nunca atrasaram. Na cidade, os tuk tuks são puxados por bicicletas e não motos, como nos outros países.
Nos próximos dias, irei escrever sobre as cidades que visitamos e as impressões sobre o país. 🙂