Um país cheio de belezas naturais e culturalmente rico. Vizinho do Brasil, barato para viajar e  que não exige visto para os países do Mercosul. Assim é a Bolívia. No entanto, o país ainda está fora da lista dos destinos mais visitados pelos turistas brasileiros, que na América do Sul, inclui Chile e Argentina. Talvez porque a Bolívia tenha  fama de “durona”. Você sempre irá ouvir alguém dizer que é um país difícil de viajar. Para os mochileiros, no entanto, esse pode ser um atrativo a mais. Um desafio. Mas não é para tanto. Você só precisa saber de algumas coisas antes de ir e poderá tirar a viagem pelo país “de letra” e, certamente, irá se surpreender. Neste post, listei as 10 principais coisas que você precisa saber para planejar o seu mochilão pela Bolívia.

Laguna e vulcão da região de Lipez
Laguna e vulcão da região de Lipez

1- Viaje com milhas

É possível viajar para Bolívia com a mesma quantidade de milhas necessárias para viajar pelo Brasil. Com 10 mil milhas por trecho é possível emitir uma passagem para o país. Em geral, os trechos com milhas são oferecidos para Santa Cruz de la Sierra. Para quem é da região sul e sudeste também há muitas promoções de passagens que podem compensar mais do que usar as milhas.

2- É muito barato

Em tempos de alta de dólar, todo mundo está buscando por destinos mais baratos e a Bolívia é um deles. Apesar de o real também ter se desvalorizado com relação ao Boliviano (veja aqui a cotação atual), o custo de viajar pelo país é ainda muito baixo. É possível ficar em um quarto compartilhado, pagando R$ 15, na capital La Paz; pagar em torno de R$ 5 por uma refeição com entrada, prato principal e suco; e menos de R$ 0,50 em uma passagem de transporte público.

3- É um país cheio de belezas

Alguns dos lugares mais bonitos que já vimos no Mundo (Salar de Uyuni, Lipez e Isla del Sol) ficam na Bolívia. O país tem muitas belezas e o melhor é que algumas delas ainda não são tão exploradas. Mas da mesma forma também não estão preparadas para receber os turistas mais exigentes, porém satisfazem bem as necessidades de um mochileiro.

Isla del Sol
Isla del Sol

4- A Bolívia não é para quem tem frescuras

Eu acho que fazer mochilão não é exatamente uma coisa para quem tem frescuras. Mas, para que fique bem claro, fazer um mochilão pela Bolívia é muito diferente de fazer um mochilão pela Europa e até mesmo por outros países da América do Sul, como Argentina, Chile e Peru, por exemplo. A Bolívia é ainda um país muito pouco desenvolvido, com 60% da população vivendo na pobreza, e sem muita infra estruturas. O turismo ainda não é uma das prioridades do governo do país. Então, viajar pela Bolívia pode ser um pouco complicado, se você não estiver preparado para isto. Os ônibus e estradas são precários; a comida de rua e de restaurantes mais baratos podem ser de higiene duvidosa; o transporte público são  veículos muito muito velhos; e a internet, em geral, é muito lenta ou nem sequer existe em alguns dos principais pontos turísticos do país. Preparar-se psicologicamente para isto pode tornar a viagem mais fácil. 🙂

Transporte público de La Paz
Transporte público de La Paz

5- É preciso ter cuidado, mas nada de pânico

Uma das coisas que ouvi muito antes de viajar para Bolívia foi que era preciso ter cuidado com a segurança. Em mais de 15 dias no país não vivemos nem presenciamos nenhuma situação de violência. Em geral, no país assalto a mão armada não é uma prática comum e furtos podem acontecer em áreas muito movimentadas, como em quase todo lugar do Mundo, se você não tiver atenção. A recomendação comum é para mulheres que viajam sozinha terem cuidado redobrado para não sofrerem assédio ou crimes sexuais (infelizmente essa é uma recomendação em muitos países também). Mas a minha recomendação pessoal é para tomar cuidado com a polícia. Essa sim representa risco, pois é extremamente corrupta. Presenciamos uma extorsão de policiais no trânsito e, quando saímos da Bolívia para o Peru, os policiais cobravam a todos uma taxa de saída de 15 bolivianos por pessoa, completamente indevida, que acabamos pagando por não saber disso. Então, na Bolívia é bom não precisar da polícia em nenhuma situação, andar sempre com documentos e com a “tarjeta andina”, documento recebido na entrada do país e que pode ser “pedido” por policiais em uma eventual abordagem.

Imigração da Bolívia na fronteira com o Chile: onde os guardas criam suas próprias "taxas"
Imigração da Bolívia na fronteira com o Chile: onde os guardas criam suas próprias “taxas”

6- Tome vacina de febre amarela  

A Bolívia está entre os países que exigem dos brasileiros vacina de febre amarela (Saiba como conseguir seu certificado internacional de vacinação). Não nos pediram em nenhum momento, mas isso é totalmente aleatório, então pode ser pedido ou não. Mas não ter o certificado pode ser a deixa que a polícia precisa para conseguir um suborno. Além disso, ao contrário da maioria dos países que exigem a vacina aos brasileiros, a Bolívia está entre as áreas endêmicas de febre amarela no mundo, especialmente na região Amazônica. A vacina tem validade de 10 anos e o certificado é exigido em vários países.

7- Faça seguro viagem

O seguro viagem é uma recomendação que damos para todas as viagens. Mas em uma mochilão pela Bolívia é essencial pelos riscos corridos. As principais atrações envolvem atividades arriscadas, como fazer trilhas, escalar, andar bicicleta, visitar uma mina de prata ou viajar muitas horas de carro, ônibus ou barco, que podem eventualmente resultar em acidentes. Mas um risco muito comum, em todo mochilão, inclusive, é de ter uma infecção intestinal. Não tivemos na Bolívia, mas tivemos no Peru e fomos muito bem atendidos pelo seguro viagem. Nós usamos e recomendamos o Mondial Assistance, que oferece 15% de desconto aos leitores do blog.

Visita a mina de prata em Potosí. As principais atrações da Bolívia envolvem um certo risco.
Visita a mina de prata em Potosí. As principais atrações da Bolívia envolvem um certo risco.

Leia também: Seguro viagem: é preciso contratar?

8- Reserve tempo para o país

Eu sei, a vontade de conhecer toda a América do Sul em 30 dias é enorme. Mas este não é um plano nada viável. A Bolívia, por exemplo, é um país grande, cheio de destinos turísticos importantes. Então, reserve tempo suficiente para conhecer os principais deles. Só o tour para o Salar de Uyuni, a atração mais famosa do país são 3 dias, com mais 1 para chegar em Uyuni. Se você puder ficar 30 dias na Bolívia, terá muito o que ver e fazer nesse período. Mas se não, reserve pelo menos 15 a 20 dias para ter uma viagem satisfatória pelo país.

Nós ficamos 16 dias, divididos em Santa Cruz de la Sierra (3 dias), Sucre (2 dias), Potosí (2 dias), Salar de Uyuni (3 dias), La Paz (4 dias), Copacabana e Isla del Sol (2 dias). Desse roteiro só ficamos dias a mais do que o necessário em Santa Cruz, pois tínhamos família na cidade, mas para as demais cidades foi o tempo mínimo necessário.

9- Sempre que possível, viaje de avião

Ao lado do Brasil, a Bolívia pode até parecer um país pequeno. Mas não é. As distâncias entre as principais cidades do país são grandes e com estradas precárias e em regiões montanhosas algumas viagens podem ser muito longas. Por isso, sempre que possível viaje de avião pelo país. Algumas companhias oferecem preços muito bons. O trecho entre Santa Cruz de la Sierra e Sucre, que de ônibus levaríamos mais de 16 horas em uma estrada perigosa, fizemos em 30 minutos de avião, pagando cerca de R$ 100 por pessoa. Algumas companhias aéreas que operam no país são: Boliviana de Aviación (Boa); Aerocon e  Amaszonas Línea Aérea.

Aqui no blog, você pode pesquisar os melhores preços de passagens aéreas utilizando a caixa de busca do Voopter, na barra direita da página principal.

10- Prepare-se para a altitude e o soroche 

Os principais destinos turísticos da Bolívia ficam em regiões muito altas, ultrapassando até os 4 mil metros de altitude. Potosí, por exemplo, é uma das cidades mais altas do mundo. Para a maioria dos brasileiros, que vive no nível do mar (para se ter uma ideia o Pico da Neblina, o mais alto do Brasil, tem 2.993 metros de altitude), a altitude pode resultar no soroche (mal de altitude). Algumas pessoas sentem tonturas, dor de cabeça, enjoo, dificuldade para respirar e muito cansaço. Além do cansaço em cada passo e um pouco de dor de cabeça que Fred teve,  nós não sentimos nada e chegamos até 4.900 metros de altitude. Mas tomamos alguns cuidados.

Os andinos brincam que na altitude é recomendável beber (álcool) e comer pouco, andar devagar e dormir sozinho! hehe De fato, as primeiras horas na altitude são para aclimatação e não é recomendável beber e nem comer. Se possível faça o roteiro de forma que a altitude entre as cidades seja progressiva. Ir direto para La Paz, por exemplo, pode ser uma mudança muito brusca para o corpo. O chá de coca é muito usado para evitar soroche, mas para mascar a coca é preciso saber a técnica para não ter dor de barriga. Nas farmácias da Bolívia é vendida uma pílula chamada Sorojchi Pill, que tomei no início da viagem e comigo funcionou. Mas há quem diga que é apenas um placebo.

Mas a minha dica principal é prepare-se fisicamente para altitude. Se você for uma pessoa sedentária, pode se sentir muito mal. Antes de viajar, caminhe, corra, faça academia, que estando melhor fisicamente, certamente seu corpo irá reagir melhor também à altitude, e caminhar a 4 mil metros não será algo tão cansativo.


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