Olá viajantes!
Depois de nos apresentar aos encantos de Manaus, hoje, a jornalista Patrícia Cordeiro nos escreve sobre um lugar tão lindo e encantador quanto a capital amazonense, o Morro de São Paulo, na Bahia. Ela compartilha com a gente os dias da Semana Santa, deliciosamente aproveitados na famosa ilha baiana.
Boa viagem!
Morro de São Paulo por Patrícia Cordeiro
Depois de muitos anos sem ir à Bahia para passear, apesar de ser metade soteropolitana, resolvi passar o feriado de Semana Santa com amigos e primas por lá. O destino escolhido foi a famosa ilha de Morro de São Paulo, que fica a cerca de 280 km da capital baiana. A viagem de Salvador até onde pegamos a lancha para atravessar para a ilha durou em média 3 horas. Apesar do feriado, tivemos sorte de não pegar trânsito, a não ser nos pedágios. São 2 na ida.
De carro você tem que ir até a cidade de Valença. Lá, existem vários pontos onde você estaciona (cada um cobra uma diária diferente. Ficamos em um em que pagamos R$ 5 por dia, no sol, chamado Ponta do Curral. Mas todos têm opção de cobertura) e compra os bilhetes para a embarcação. Pode ser um barquinho menor, uma lancha rápida, barcos maiores. Cada um com seu preço. Optamos pela lancha rápida e chegamos ao outro lado em 20 minutos.
A entrada da ilha é por um portal do antigo forte. Aliás, tudo lá cheira a história. Apesar da revitalização da vila principal com praça, restaurantes e lojinhas, a arquitetura das casas antigas, a igreja e especialmente a muralha do forte na “esquina” da ilha fazem lembrar o pedaço de história que lhe cabe na colonização do Brasil.
Um pouco de história – Morro de São Paulo foi encontrada por Martim Afonso de Souza em 1531, e por causa da localização geográfica foi cenário de lutas em ataques das esquadras francesas e holandesas, e funcionou como zona de comércio de corsários e piratas durante o Brasil colonial. A vila Morro de São Paulo não demorou a nascer, sendo criada em 1535 ao norte da ilha. Diz a Wikipédia que Morro protegia o que era chamado de “barra falsa da Baía de Todos os Santos”. O local era uma entrada estratégica para o Canal de Itaparica (outra ilha famosa da Bahia) até o que hoje é o Farol da Barra, antes conhecido como Forte de Santo Antônio. Esses pontos funcionavam de maneira fundamental para o escoamento de produtos e abastecimento de Salvador. Hoje, todos os monumentos da ilha são tombados pelo Patrimônio Histórico Nacional. Morro de São Paulo faz parte atualmente do município de Cairu, na região batizada de Costa do Dendê. Em 2007, foram contabilizados pelo IBGE 3.863 moradores.
A ilha tem várias praias. A mais frequentada é a chamada 2ª praia. Todas elas são grandes enseadas de águas claras e paradas, por causa do formato. Demos a sorte de encontrar uma pousada bem barata (mesmo!) e pagamos R$ 80 por pessoa por 3 dias de feriado. Claro que isso foi um achado em meio a um local estritamente turístico e careiro. Não, não é barato passear por lá. Mas se você topar o esquema “hippie moderno”, nada que um cooler, algumas cangas e R$ 15 pro aluguel do sombreiro não resolvam. Se quiser luxar mesmo de turista, prepare-se para desembolsar em média R$ 40 pelo conjunto de sombreiro com cadeiras.
Na ilha não entra carro, a não ser os oficiais – ambulância, polícia, bombeiros. Tudo se faz a pé. Então, quanto mais distante a pousada escolhida da praia, maior a caminhada, logicamente. Mas a cidade é tão bonitinha e cheia de atrativos que no caminho você já esquece o tanto que caminhou. Confesso que me perdi nas observações e não marquei quanto caminhávamos todos os dias, mas não era mais que 10 minutos de ida e outros 10 (bem mais cansados) na volta.
Ficamos no Camping América. Muito simples, quarto com banheiro e ventilador. Mas um pessoal bacana e educado. A pousada fica perto da Praça da Fonte. Como lá não tem café da manhã, comíamos na padaria do Seu Bonzinho, um argentino ranzinza com os funcionários, mas com um cardápio delicioso. Experimente o misto completo no pão sírio ou de cenoura com um copo de suco de laranja ou de café com leite. E peça para ser atendido por Ivan. A figura fez a felicidade das nossas manhãs.
Uma coisa que me chamou atenção positivamente é a divisão em áreas da faixa de areia. A orla é toda arrumadinha, tem uma passarela de madeira lá em cima, longe do mar, onde ficam os restaurantes e barracas. Logo em seguida vem uma faixa de mesas mais caras, com sofás de madeira e sombreiros maiores. A terceira faixa é dos sombreiros comuns, e a da frente tem as cadeiras tipo espreguiçadeiras, essas de R$ 40.
Depois vem um trecho bem razoável de areia livre para quem quiser esticar a canga e tomar um banho de sol ou fazer esportes. É comum ver equipes de frescobol, futebol, futevôlei e até peteca perto do mar. Para quem gosta de atividade física sob a maresia, o local é perfeito.
Do meio da segunda praia você tem uma vista privilegiada para os bancos de pedras e corais, em frente. À esquerda dá para ver o farol da ilha, e a tirolesa (uma das maiores da América Latina) que desce lá de cima até a 2ª praia. Esse passeio estava nos meus planos mas, por causa da gravidez, ninguém me deixou fazê-lo. Ficou para uma próxima.
A água também é propícia para mergulho, mas quem gosta de apneia tem que procurar lugares mais afastados. Quando a maré está baixa, por causa do pouco movimento de correntes, a água fica um pouco turva – acho que com cosméticos e protetores solares. Existe também a opção de alugar um barco e ir para cantos mais afastados, atrás de piscinas naturais e bancos de pedras e corais. O conjunto do snorkel, respirador e nadadeira você aluga na vila, mas confesso que de tão frustrada por não ter conseguido mergulhar, esqueci de perguntar o preço.
Aliás, 3 dias não são suficientes para conhecer tudo o que Morro tem a oferecer. Apesar de não ter conseguido fazer os passeios que queria, com certeza deve valer a pena ir de barco até as ilhas vizinhas, descer a tirolesa, caminhar pelas outras praias e, se der tempo, ir até a praia vizinha, Gamboa.
E a noite da ilha também é muito movimentada! Nos dias que passamos lá teve show de reggae, uma mini rave e boates para todos os gostos. Tudo isso na beira da praia. Antes de descer, vale parar na rua principal e jantar. Aliás, foi a única coisa que não gostei: senti falta de bons restaurantes por lá. Você come bem, mas falta variedade gastronômica e o atendimento em quase todos que fui deixou bastante a desejar.
E, claro, passeio imperdível é ver o pôr do sol lá de cima, do farol. A subida é ingrata, com vários degraus e ladeiras, mas a recompensa vale a pena. Uma vista maravilhosa do gigante vermelho se banhando no mar. Junte a turma, leve o amor, os filhotes, quem puder. E vá embora com gostinho de quero mais.