Preparando uma palestra que irei fazer neste sábado (28), em um evento para estudantes de ensino médio e universitários sobre Nômades Digitais, comecei a pesquisar e a refletir mais sobre o assunto. Para começar, fiz uma busca rápida no Google pelo termo “Nômade Digital” e todas as imagens que apareceram são de pessoas trabalhando ao ar livre em lugares paradisíacos. Tudo muito lindo e de fazer qualquer pessoa sentir vontade de pedir demissão e se tornar um nômade moderno também. Foi aí que comecei a pensar naqueles memes de “Expectativa X Realidade”, comparando as minhas próprias expectativas quando decidi me tornar uma nômade digital e a realidade que encarei nestes últimos 3 anos.
Claro que a minha experiência não é a mesma de outros nômades, inclusive, da de Fred (ele é um nômade digital, porém contratado por uma empresa estrangeiro, enquanto eu sou autônoma). Mas achei que valia a pena compartilhar, especialmente para quem está pensando em encarar este estilo de vida. Saiba que nem todo dia de trabalho será de frente para o mar, tomando uma caipirinha. =)
Vida Nômade
Ser “nômade digital” significa, basicamente, que você só depende de internet e dispositivos eletrônicos para trabalhar e não que você tem que estar mudando a cada dia de cidade, país. Essa é uma possibilidade, e não uma obrigação.
Expectativa: Quando nos tornamos nômades digital, escolhi o termo “Vida Nômade” para a série de posts e sonhava, de verdade, em viver pelo mundo, sem ter endereço fixo.
Realidade: A nossa primeira experiência como nômades foi um período de 3 meses em Pipa-RN, que foi maravilhoso, mas depois tivemos que voltar para o nosso apartamento. Alguns meses depois, fizemos uma viagem de 5 meses pelo continente americano e depois voltamos novamente para o nosso apê. E desde então, temos feito viagens de uma semana, um mês, alguns dias. Essa foi a nossa escolha: ser nômades, porém com teto próprio. Assim, viajamos quando queremos e podemos, mas sempre temos para onde voltar. E tem funcionado bem para a gente.
Ah! Também a nossa forma de viajar mudou depois que nos tornamos nômades digitais, como escrevi neste post: https://compartilheviagens.com.br/o-que-mudou-em-nossa-forma-de-viajar-depois-que-nos-tornamos-nomades-digitais/
Trabalhar menos e só quando estiver afim
Expectativa: Quando as pessoas pensam em “nômades digitais” pensam que são pessoas que trabalham quando bem entendem ou quando estão inspiradas. No começo, eu também pensava que seria assim, que poderia todos os dias pegar uma praia, fazer outras coisas que eu gosto e trabalhar só quando me sentisse bem.
Realidade: Isso tudo que falei pode até ser feito, no meu caso, por exemplo, que sou autônoma. Mas é aquela máxima “no pain, no gain”, se você não trabalhar, você não vai ganhar dinheiro. E o mesmo funciona para Fred, pois, apesar de ser funcionário de uma empresa, ele recebe por hora de trabalho. Então, a realidade é que, como qualquer outro trabalhado, você terá que ter uma “rotina” de trabalho e ter bastante disciplina para não se deixar levar pela procrastinação. A verdade é que, hoje, a gente acorda mais cedo e trabalha mais tempo do que quando íamos para o escritório. Masss, temos a liberdade de adaptar os horários em dias que precisamos fazer alguma outra atividade, como ir a uma consulta com um médico, aulas do mestrado, no caso de Fred, atividades físicas e, sim, algumas vezes, ir à praia numa tarde no meio da semana.
Trabalhar contemplando paisagens
Expectativa: Como falei no início de post, todas as fotos de nômades digitais são de pessoas trabalhando em cenários paradisíacos, como praias, vista para montanhas etc.
Realidade: O simples fato de abrir um notebook numa praia e correr o risco de enchê-lo de areia já não é uma boa ideia. E, na prática, quando estamos viajando, os horários de trabalho são quando estamos em trens, ônibus, aeroportos, hostels, e as paisagens de tirar o fôlego, guardamos para os momentos de lazer. E quando estamos em casa, até que às vezes, Fred trabalha na varanda, se balançando em uma rede, mas eu prefiro a minha mesa no home office.
Que trabalho legal!
Expectativa: O termo “nômade digital” desperta o interesse das pessoas e, a princípio, vem acompanhado de um “uau! que legal”.
Realidade: No cotiano, no entanto, é um pouco difícil fazer as pessoas entenderem que você trabalha. Vai ter ligação de familiares e amigos, pedindo aquele favorzinho no meio da tarde de segunda-feira porque, afinal, “você trabalha quando quer” e vai ter quem pergunte “sim, você tem um blog, mas você vive de que?”. Prepare-se para explicar várias vezes o que você faz e como você ganha dinheiro.
O pessoal do 360meridianos até escreveu sobre isso: http://www.360meridianos.com/2014/05/por-que-ninguem-respeita-o-home-office.html
Ganhar muito dinheiro!
Expectativa: Quando você pensa que terá todo o seu tempo dedicado para trabalhar com o que você gosta e, sem perder horas com trânsito, escolhendo roupa para ir para o trabalho, intervalo de almoço e aquelas reuniões enfadonhas, você pensa que poderá reverter todo esse tempo em dinheiro.
Realidade: Mas existem várias modalidades de nômades digitais (freelancers, empreendedores, contratados por empresas) e de várias profissões (jornalistas, desenvolvedores de softwares, consultores, designers, fotógrafos…), e os ganhos irão depender do seu esforço, mas também da sua profissão, forma de trabalho, etc. Mas nas contas que faço, considero não só o que ganho hoje, mas o que deixo de gastar sem ter que sair para trabalhar, como gasolina, almoçar fora, roupa de escritório, fazer as unhas, escova…
Apesar dessas diferenças entre a teoria e prática em ser um “nômade digital”, hoje não consigo me imaginar com outro modo de trabalhar e viver a vida. Fiz a comparação desses pontos principais porque acho importante para quem pretende mudar o estilo de vida não tomar essa decisão baseado em ilusões de uma vida perfeita e uma forma de trabalhar que só tem prós sem contras.
Quem também é um nômade digital e que está lendo este post, peço que deixe aqui nos comentários quais eram suas expectativas e qual é a sua realidade para que a gente possa ajudar outras pessoas. =)
Está procurando mais histórias de nômades digitais? Leia:
https://compartilheviagens.com.br/vida-nomade/