Acordamos hoje às 4h50 da manhã colocamos as mochilas nas costas e seguimos para o aeroporto de Berlim. A nossa amiga alemã que nos recebeu por 3 dias em sua casa, Juli Boll, nos acompanhou até a estação. No caminho de trem veio aquele aperto no coração. Na verdade eu estava assim já há uns dois dias e ontem ao fazer as malas não pude evitar o choro. Perdi as contas de quantas as vezes fizemos as mochilas durante nossa Volta ao Mundo, cada uma dessas vezes marcou uma despedida, mas nenhuma foi tão dolorosa porque em todas elas sabia que depois viriam novos lugares, novos encontros, novas pessoas.
Mas, agora, estou aqui com uma missão ainda mais difícil de fazer as malas pela última vez nesta viagem. E a tarefa que aprendi a fazer em 15 minutos, agora, é para mim muito difícil. Esta não será uma despedida como as outras.
O que sinto hoje é um misto de tristeza, alegria e ansiedade. Não tenho filhos, mas imagino que seja algo parecido como um pai que ver um filho sair de casa depois de se tornar adulto. Por meses, eu gerei esse sonho e, por meses, eu o criei. Mas como para qualquer mãe ou pai que ver o filho crescer, para mim, tudo passou muito rápido.
Por outro lado também estou alegre, pois amanhã vou rever pessoas amadas, minha família e meus amigos. Tenho que voltar ao que chamam de mundo real, apesar de que, para mim, o Mundo nunca foi tão real quanto nos últimos 7 meses. Nunca me senti tão viva.
Não sei o que virá pela frente. Mas tenho certeza que não estou voltando do ponto que parei antes de partir, mas seguindo adiante.
Um pensamento tem me confortado, mesmo tendo lágrimas nos olhos enquanto escrevo, quem teme a saudade não vive a felicidade. Se eu tivesse temido a saudade, não teria partido para o Mundo. E não teria vivido as coisas lindas que vivi. Agora não posso ter medo de sentir saudade do que vivi.
Tenho que pensar que este não é um fim. Mas um novo começo.
E como diz a música do Jason Mraz o melhor é que não importa para onde vamos, mas sempre podemos voltar para casa.