Em nossa Volta ao Mundo tão importante quanto os lugares que conheceremos são as pessoas com que cruzaremos no caminho. São as pessoas que dão alma aos lugares e tornam as experiências ainda mais inesquecíveis. Das paisagens, terei fotos para mostrar. Das pessoas, terei muita história para contar. E é disso que gosto e de que vivo.

Por isso, resolvi criar em nossa série Dois no Mundo uma seção que chamarei de Companheiros de Viagem. E em Londres, a nossa grande companheira de viagens foi a fluminense de Niterói, Luciana de Freitas, de 23 anos.

Com a Lu no pub do nosso hostel, onde também tomávamos café da manhã
Com a Lu no pub do nosso hostel, onde também tomávamos café da manhã

Conheci a Lu escovando os dentes (sim, é possível fazer amizade sem estar tomando uma!hehe) no banheiro do hostel onde nos hospedamos em Londres, o The White Ferry

Ela estava passando apenas um dia no nosso hostel, pois a diária do hostel onde ela se hospedaria estava mais cara na noite anterior.

De cara, ela percebeu que eu era brasileira e emendamos uma conversa. Apresentei ela a Fred, contamos o motivo de nossa viagem e logo parecia que já éramos conhecidos de longa data.

Estudante de Design, Luciana deixou a mãe, as irmãs e o namorado em fevereiro deste ano no Rio de Janeiro para uma temporada de um ano de estudos na Falmouth College of Arts, uma bolsa do programa Ciência sem Fronteiras do governo federal.

A faculdade fica na cidade litorânea de Falmouth, no condado de Corwall, mais conhecido como Cornualha, em português. Mas a praia lá só para olhar porque, segundo a Lu contou, a água é geladíssima, como tudo na Inglaterra.

Para alguém do Rio de Janeiro morar em um lugar frio parece ser realmente bem difícil e a Lu parecia morrer de saudades de sua terra.

Passamos três dias batendo pernas pelas ruas de Londres sempre sem roteiro definido e visitamos lugares muito bacanas, como o templo hindu, Notting Hill e Camden Town, bairro que mais curti na cidade e que me foi apresentado pela Lu.

Tomando uma pint com Luciana em um pub em Camden Town. O painel ao fundo é de um artista brasileiro
Tomando uma pint com Luciana em um pub em Camden Town. O painel ao fundo é de um artista brasileiro

 

Também exploramos boa parte das linhas de metrô, que são muitas, mas não exagero, andamos muito.  E, claro, tomamos muitas pints (caneca de cerveja) juntos, inclusive, algumas escondidos no quarto do hostel dela. E já combinamos um provável encontro para nossa volta a Londres em setembro.

Assim como a Luciana, outro companheiro de viagem marcante em Londres foi o Jesus, e se eu disser que o sobrenome dele é Pica, vocês não vão acreditar, mas era sim.

O Jesus era a figura do hostel. Espanhol de Andaluzia, estava em Londres em busca de trabalho. Puxava conversa com todos no hostel e quase todos os dias nos acompanhava no café da manhã e à noite. Conversávamos em um inglês meio enrolado, misturado com um pouco de espanhol.

Jesus, o espanhol gente boa
Jesus, o espanhol gente boa

Com um jeitão mistico, Jesus estava sempre ouvindo mantras e em uma manhã praticou tai chi chuan no meio do pub, que ficava no andar de baixo do hostel, onde tomávamos café da manhã. Além de engraçado, e mesmo meio esquisito, Jesus nos pareceu uma pessoa de bom coração. E desejamos muita sorte a ele na procura pelo emprego.

Ainda em Londres conhecemos outro espanhol, no hostel em que a Luciana se hospedou, muito bacana. Com 22 anos e duas faculdades, Alberto estava em Londres também em busca de emprego. Tentava vaga de garçom.

A busca de vagas de empregos em Londres por europeus de várias nacionalidades foi uma realidade difícil com que nos deparamos em nossa visita a cidade. Ler manchetes nos jornais sobre a crise e o crescimento do desemprego é uma coisa. Conhecer pessoas que deixaram para trás sua cidade, família, tentando recomeçar de algum jeito é bem mais impactante.

E assim como o Jesus e o Alberto, a ucraniana Natália, com seu jeito tímido, procurava um trabalho em Londres. Segundo ela, que teve que deixar duas filhas em sua cidade, o emprego poderia ser de qualquer coisa, inclusive, serviços gerais. No dia anterior a nossa saída da cidade, Natália mudou-se para casa de uma das ‘irmãs’ de sua igreja, que não conhecia, mas a ajudou pela irmandade na religião. Natália, inclusive, me contou uma coisa interessante sobre meu segundo nome. Disse que Larissa é um nome muito comum na Ucrânia e na República Checa. Por essa, eu não esperava.

Ainda conhecemos em nosso hostel uma francesa da Normandia muito gentil que estava a passeio em Londres, mas procurava emprego em Cardiff, outra cidade da Inglaterra.

No voo de Londres para Cingapura conversamos por longas horas, com meu inglês precário, com uma australiana, moradora da Inglaterra. Senhora muito simpática e adorável que estava indo até Brisbane, Austrália, visitar os pais. Ela,inclusive, nos deu muitas dicas sobre lugares para visitar no país dos cangurus e na Inglaterra. E contou sobre as viagens que fazia com o marido. Fiquei só pensando como estaremos eu e Fred velhinhos viajando com muitas histórias para contar  e ainda viajando por esse mundão.

Com um jeito maternal, ela nos recomendou cuidado e muita sorte!

Que venham agora os companheiros da Ásia!

 

 

 


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