Olá viajantes!
Hoje o Compartilhe Viagens recebe a visita do casal blogueiro Jackeline Mota e Rômulo Elizardo do Viaje Sim. Jackie é mineira, jornalista e mestranda em Estudos Estratégicos; Rômulo, médico e pós-graduando em neurociências. Juntos, eles dividem relatos e dicas sobre suas viagens no blog que tem uma história da escolha do nome muito interessante: o SIM faz uma referência ao casamento (os dois começaram escrevendo sobre destinos de lua de mel). Mas também faz uma referência a um episódio da vida de John Lennon e Yoko Ono. Pois Jackie é Beatlemaníaca.
Bolívia por Jackeline Mota e Rômulo Elizardo
Um país com paisagens incríveis, um povo amável, muita história e cultura e um câmbio hiper favorável aos brasileiros. Essa é a Bolívia, que fica aqui do nosso ladinho e que visitamos durante um mochilão em janeiro deste ano. Nosso roteiro no país incluiu La Paz, o Salar de Uyuni e, Copacabana e a Isla del Sol, o lugar mais lindo onde já dormimos.
Chegamos à Bolívia por La Paz e nossa primeira visão foi impactante. Vimos a cidade pelo alto, onde fica o aeroporto, na parte justamente chamada de El Alto e que hoje já é um município independente. Nessa região mora a população mais pobre e à medida em que se vai descendo pelo vale a cena vai mudando até chegar aos bairros mais ricos. A La Paz multicolorida, com ônibus antigos e indígenas vendendo de tudo pelas calçadas fica no meio.
Foi ali que nos hospedamos e levamos dois dias tentando nos aclimatar com a altitude que nos faz cansar com apenas poucos passos. Mesmo assim conseguimos visitar o Mercado das Brujas, bem tradicional, e o excelente Museo de la Coca, que conta a história da folha desde tempos pré-hispânicos até os dias da War on Drugs americana.
Também conhecemos outra La Paz, Laja, quando fizemos um passeio às ruínas do povo Tiwanaku. Laja é na verdade a primeira localização de La Paz, que foi transferida para o local atual posteriormente devido ao melhor posicionamento estratégico para a colonização espanhola. Já Tiwanaku é uma jóia da história do nosso continente. As ruínas contam a história da civilização que se desenvolveu noa ltiplano boliviano antes da chegada dos incas por ali e bem antes dos espanhóis chegarem nas Américas. O povo era bastante desenvolvido, fazia grandes construções e conhecia o metal. É um passeio fascinante e fácil de ser feito, a apenas 1h de La Paz.
Nossa segunda parada na Bolívia foi a famosa travessia do Salar de Uyuni, ao sul de La Paz, o maior deserto de sal do mundo. O passeio é feito em um veículo 4×4, com outras pessoas (no nosso carro éramos 6 e o motorista/guia) e dura 3 dias inteiros e duas noites. É incrível a variedade de paisagens que se vê nesse tempo. Começa-se com o deserto de sal em si, que encontramos alagado por ser época de chuvas e, assim, ainda mais bonito com um espelho d’água a refletir o céu. Depois passamos por desfiladeiros, um cemitério de trens, diversas lagunas – com destaque para a colorada, que adquire esta cor no fim do dia – e gêiseres. É um passeio pesado, já que se acorda cedo, fica-se muito tempo sentado no carro e os abrigos são coletivos e com acomodações e comida muito simples. Mas vale a pena pelas paisagens únicas.
Depois de Uyuni chegou a hora de realizar um sonho: conhecer o Lago Titicaca. Como somos apaixonados por história desde adolescentes queríamos conhecer o lago navegável mais alto do mundo e que teve tanta importância para os incas: a lenda diz que ali no lago nasceram os fundadores do povo inca, Manco Cápac e Mama Occlo, além do sol. Uma curiosidade é que como a Bolívia não possui saída para o mar a Marinha nacional permanece no Lago. Fomos para a Cidade de Copacabana, que fica às margens do Lago e que é muito bonita. Apesar de sempre ouvirmos reatos de chuva dos nossos amigos que visitavam Copa nós pegamos lindos dias de sol.
De Copa embarcamos para a Isla del Sol, também um destino muito desejado. A Isla é a mais importante das 41 ilhas do Lago e além de ter uma paisagem incrível, com morros com vários tons de verde e o lago hiper azul, possui diversas ruínas incas. Escolhemos nos hospedar no topo da ilha, em um hotel simples e aconchegante, o Palla Khasa, e elegemos esse o lugar mais bonito onde já passamos a noite. Para chegar lá, no entanto, levamos horas, pois a altitude ali é de 4,8 mil metros e a subida é puxada. Mas sem dúvidas valeu a pena. Ver o pôr-do-sol lá do topo e acordar ali no dia seguinte foi mágico. Se muita gente diz sentir algo em Machu Picchu foi na Isla del Sol que sentimos uma energia especial. Saímos de lá encantados com a beleza do lugar e recarregados para seguir viagem e a vida.
Em todas as nossas paradas fomos sempre muito bem tratados pelos bolivianos e em momento algum sentimos insegurança. Nem chegamos a usar nossas doleiras, mesmo pegando ônibus locais às 3h em cidades desconhecidas. Os bolivianos que encontramos eram sempre extremanente solícitos e muito esperançosos. Apesar de terem sido muito explorados ao longo de sua história eles ainda acreditam em um futuro melhor. E depois de conhecer a Bolívia, nós somos grandes torcedores para um futuro mais feliz para nosso vizinho.