Lembro como se fosse ontem, quando estava prestes de completar 20 anos, quase pirei. Pensei: “Tenho 10 anos para resolver minha vida”. E, por resolver minha vida, entendia que era atender a tudo aquilo que a sociedade sempre nos cobra: concluir a universidade, fazer uma pós-graduação, casar, comprar uma casa, comprar um carro ou trocar o velho por um novo, viajar para algum lugar que todo mundo tem vontade de ir (tipo Paris) e, quem sabe, ter um filho.

Estava seguindo por esse caminho até que, na metade da década, me senti como se tivesse o triplo da idade. Para alcançar esses objetivos tinha sempre dois trabalhos fixos e alguns freelas, apresentava vários problemas de saúde causados por estresse e ansiedade, mal tinha tempo para lazer e família e estava sempre a ponto de explodir.

E de repente, trintei!
E de repente, trintei!

Aos 26 anos percebi que se seguisse nesse ritmo sabe-se lá como eu chegaria aos 30. Finalmente concluí que a vida não é nenhum problema de matemática para ser resolvido, mas a vida está aí para ser vivida. E que não devemos deixar para realizar nossos sonhos de verdade, e não aqueles que os outros esperam de nós, só depois de nos aposentar, depois de ajudar a criar os netos ou de quitar a casa própria.

Foi, então, que decidi desconstruir tudo que eu havia construído. Partimos para a Volta ao Mundo aos 27, e, a partir daí, minha vida tomou outro rumo. Não pela viagem, propriamente, mas pelas conclusões que cheguei durante os meses em que viajava. Simplifiquei minha vida e tenho valorizado as coisas que realmente importam para mim.

Há 1 ano e meio comecei a pensar sobre fazer 30 anos. Fiz uma lista de metas que queria alcançar até me tornar balzaquiana. Tracei 13 objetivos e quase nenhum tinha a ver com o que pensava que seria resolver a vida aos 20. Desta vez minhas metas tinham a ver com meu bem estar físico, emocional e com antigos sonhos que eu sempre adiava. Com muita calma e também determinação, consegui realizar quase todas.

Mas não é porque consegui riscar essa listinha de objetivos que chego aos 30 sem crise.

Chego aos 30 sem crise porque hoje tenho mais saúde do que tinha aos 20.

Porque já conheci mais lugares do que poderia imaginar conhecer em toda minha vida.

Fiz amigos em várias partes do mundo.

Porque hoje posso me dedicar somente ao que realmente tem importância para mim.

Porque quando ajudei, recebi muito mais em troca.

Porque amo e sou amada. E, principalmente, aprendi a ter muito amor próprio.

Porque tenho amigos e familiares, que não são perfeitos, mas que estão ao meu lado, mesmo quando estou longe.

Porque hoje sou a pessoa que a criança que eu fui teria orgulho.

Vivendo uma vida que não é perfeita (ainda bem que não), mas é a que me faz feliz! Porque estou vivendo respeitando a minha essência, os meus princípios, buscando realizar os meus sonhos e não apenas para mostrar ou agradar os outros.

Um brinde à vida. E que venham os próximos 30 anos.

E um trecho da música de Nando Reis resume tudo, para mim: “É bom olhar para trás. E admirar a vida que soubemos fazer”.


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