“O sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão”. A profecia é atribuída a Antônio Conselheiro. E se ela irá se repetir, não sei. Mas o que se sabe é que parte do sertão brasileiro já foi mar. Um desses lugares que já esteve no fundo do oceano são, hoje, os Cânions do Rio São Francisco, que teriam se formado há mais de 65 milhões de anos. Os Cânions do Velho Chico estavam na minha lista dos dez lugares do Brasil que mais sonho em conhecer e, em janeiro deste ano, fizemos o passeio com o Menestrel das Alagoas, a convite da Castanho. O lugar é de uma beleza impressionante e foi até difícil escrever como foi nossa experiência neste post porque nada chega perto da sensação de estar ali. Mas já adianto: se você ainda não conhece, precisa acrescentar na sua listinha de destinos dos sonhos também.

Os Cânions do São Francisco ficam em Alagoas, quase divisa com Sergipe
Os Cânions do São Francisco ficam em Alagoas, quase divisa com Sergipe

Como chegar

Uma coisa que só descobri fazendo o passeio é que, apesar de ser quase na divisa entre Sergipe e Alagoas, os cânions ficam dentro do estado de Alagoas (sempre lia que pertenciam a SE). Quem vai fazer o passeio, normalmente, se hospeda em Canindé do São Francisco (199 km de Aracaju), do lado sergipano, ou em Piranhas (267 km de Maceió), do lado alagoano. Talvez por isso, que muita gente tenha Aracaju como ponto de partida. Nós optamos por ficar em Piranhas, que me pareceu uma cidade mais charmosa, interessante e também ficava mais próximo do ponto de partida do nosso passeio. Na verdade, a nossa pousada Lampião Rio ficava logo que passava a divisa, às margens do rio. Na ida, a gente fez o trajeto Aracaju – Piranhas e na volta Piranhas – Maceió.

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Os passeios oferecidos pela Castanho partem de dois pontos. O catamarã Menestrel das Alagoas sai uma vez por dia, às 9h, no Restaurante Ecológico Castanho, em Delmiro Gouveia (AL) e às 10h30, da Praia da Dulce, no município de Olho D´Água (AL). Na Praia da Dulce fica mais próximo para quem está hospedado em Piranhas, menos de 30 minutos. O mapa abaixo ajuda a entender melhor como chegar, já que no Google Maps não aparece a praia da Dulce. Mas é muito fácil de encontrar, pois o caminho até lá está cheio de plaquinhas indicando a direção.

Para quem deseja fazer o passeio de lancha a saída é feita diretamente do restaurante.

O Passeio

Partimos para o passeio da Praia da Dulce. Como lá é só o ponto de partida, a estrutura é bem simples, só com banheiros e uma pequena cantina. Como recomendado, chegamos com um tempo de antecedência. Logo chegou o Menestrel das Alagoas, o nosso catamarã, que tem capacidade para 80 passageiros, distribuídos em dois andares, o de baixo tem a maior parte das cadeiras protegidas do sol e o de cima para quem quer ter uma visão melhor do passeio e aproveitar o sol. Fomos em cima. O Menestrel também tem serviço de bar e banheiros.

Não demorou e o Menestrel partiu navegando pelo rio São Francisco. Fiquei impressionada com o tom verde oliva das águas do Velho Chico. Logo no começo, a guia chama a nossa atenção para avisar que estamos em um ponto estratégico, conhecido como a “tríplice fronteira” que, na verdade, é o local de onde podemos ver os estados de Alagoas, Sergipe e Bahia.

O ritmo do catamarã é tranquilo, como pede o passeio. Mas em uns 30 minutos começamos a navegar em meio aos cânions. Uma das coisas mais legais do passeio com o Menestrel é que eles organizam a trilha sonora para tocar uma música para cada momento do passeio. É muito interessante! Eu sempre falo sobre a música tocada nos passeios de barco, mas acho que uma trilha sonora de qualidade torna o passeio muito melhor! E a do Menestrel vai de Beatles a Fagner, passando por Cássia Eller.

A guia vai nos dando todas as explicações sobre a formação dos cânions que remontam a milhões de anos e o bioma da região, que é a caatinga, o único exclusivamente brasileiro. Em algumas partes há ainda resquícios de Mata Atlântica, que um dia, tomou conta daquela região.

Passageiros do Menestrel das Alagoas admirando os cânions
Passageiros do Menestrel das Alagoas admirando os cânions

Os paredões dos Cânions do Talhado têm, em média, 30 metros de altura e se já são imponentes hoje, imaginem com os mais de 100 metros que tinham antes da construção da barragem da Usina Hidroelétrica do Xingó, inaugurada em 1994, e que elevou o nível do rio, nesta área, em quase 100 metros, tornando o agora conhecido como Cânions do Xingó, um dos maiores cânions navegáveis do mundo.

O verde das águas do Velho Chico contrasta com o tom alaranjado, quase vermelho dos paredões e o cinza da vegetação que, em janeiro, estava muito seca, mesmo cercada por tanta água.

Ao longo do rio, há pequenas imagens de São Francisco, o santo que dá  nome ao rio, colocadas em fendas nos paredões de rocha.

Chegamos ao ponto onde iremos tomar banho, cada empresa que faz o passeio tem um lugar reservado. Algumas fazem um cercado e fica todo mundo meio amontoado. Gostei da nossa não ter isso e a gente poder ficar mais livre para nadar, claro, respeitando as orientações da guia. A parada é de 1h.

Antes do banho, fomos informados sobre o passeio de canoa até a Gruta do Talhado, que decidimos fazer. Este passeio é cobrado a parte e custa R$ 10 por pessoa. Na canoa, temos que usar colete salva-vidas e, em cada, banquinho sentam duas pessoas.

O barqueiro nos explica que a Gruta tem esse nome porque parece ter sido talhada à mão. De canoa, entramos por uma passagem que é tão estreitinha que temos que tomar cuidado com a cabeça. A água ali parece ainda mais verde e, ao mesmo tempo, cristalina. O reflexo do sol na água faz desenhos nas paredes da gruta que parecem dançar.

O passeio é rapidinho, mas vale a pena. Logo estávamos de volta para o nosso merecido banho no rio São Francisco. E, para minha surpresa, a água não era gelada. Mas, sim, uma delícia! E a equipe do catamarã ainda nos disponibilizam macarrões para podermos flutuar tranquilamente nas águas do rio.

Para quem não sabe nadar é recomendável usar colete, pois a profundidade no local do banho chega a 25 metros. Para quem curte um friozinho na barriga, vale pular do trampolim, que a princípio me pareceu baixo, mas era até bem alto.

Relaxados, voltamos para o catamarã para seguirmos para o Restaurante Castanho, onde fizemos a parada para o almoço. O restaurante fica na margem do rio, no município de Delmiro Gouveia e tem acesso de carro. O lugar é lindo! Tem gramado, com espreguiçadeiras, redes armadas nas árvores na beira do rio, trampolim e mesas protegidas do sol. Você pode incluir o buffet livre no seu pacote ou pedir à la carte. O buffet é de comida regional, com bastante opção. A gente fez uma parada de umas 2h por lá. Depois do almoço, muita gente aproveitou para nadar mais um pouco e nós para relaxarmos, aproveitando aquela linda paisagem.

O passeio com o Menestrel das Alagoas custa por pessoa R$ 80 (referência de janeiro de 2017) e R$ 120 (passeio + buffet livre). A duração do passeio é de mais de 4 horas. Se você preferir, pode fazer o mesmo passeio de lancha, saindo do Castanho. A lancha sai por R$ 320 para até 4 pessoas e, devido a velocidade da embarcação, o passeio é mais curto, com 1h40 de duração. Nos dois casos, é recomendável agendar o passeio com pelo menos um dia de antecedência.

Relaxando na rede no Restaurante Castanho
Relaxando na rede no Restaurante Castanho

Nós retornamos à Praia da Dulce, por volta das 16h30. Por isso, recomendo dormir, pelo menos, uma noite em Piranhas. No dia seguinte, também aproveitamos para fazer o passeio da Rota do Cangaço, que contarei em outro post.

Contato: (82) 98855-1290

http://www.canionsdosaofrancisco.com.br/

 Restaurante Castanho

Aberto todos dias, das 10h às 17h.

* Fizemos o passeio a convite da Castanho. Mas, como em qualquer outro texto meu, este post expressa minha verdadeira opinião. 

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